Cruzeiro x Palmeiras será com portões fechados: entenda o motivo

Decisão de realizar a partida com portões fechados foi tomada após impasse entre CBF, Polícia Militar e Ministério Público de Minas Gerais

, em Uberlândia

A partida entre Cruzeiro e Palmeiras, marcada para esta quarta-feira (4), às 21h30, no Mineirão, válida pela 37ª rodada do Campeonato Brasileiro, será realizada sem a presença de torcedores. A decisão ocorre após um impasse envolvendo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a Polícia Militar de Minas Gerais e o Ministério Público.

Time do Cruzeiro
Cruzeiro x Palmeiras será com portões fechados – Crédito: Cruzeiro/Redes Sociais

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Por que Cruzeiro x Palmeiras será com portões fechados?

O conflito teve início quando o Ministério Público de Minas Gerais, com base em parecer da Polícia Militar, recomendou que a partida fosse disputada apenas com a torcida do Cruzeiro, devido à dificuldade de garantir a segurança para os torcedores de Cruzeiro e Palmeiras.

A CBF, por sua vez, discordou dessa decisão e solicitou que a partida fosse realizada com público misto, em respeito aos princípios desportivos de equilíbrio técnico e reciprocidade. Contudo, a recomendação do Ministério Público foi mantida.

Após diversas tentativas de negociação, a Polícia Militar se posicionou contra a presença de torcidas de ambos os times no estádio, alegando a impossibilidade de garantir a segurança necessária. Somente nas primeiras horas do dia 4, com a mudança de posição da Polícia Militar, ficou claro que não seria possível realizar o jogo com a presença das duas torcidas, levando à decisão final da CBF.

Cruzeiro enfrenta o Racing dia 23 de Novembro pela Copa Sul-Americana - Crédito: Gustavo Aleixo/Cruzeiro
A CBF emitiu um comunicado informando que Cruzeiro x Palmeiras será sem torcida – Crédito: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Confira a íntegra do ofício da CBF à Polícia Militar:

“Referência: Ofício no 150.Sect/2024

Ao sr. Comandante Geral da Polícia Militar de Minas Gerais,

A Confederação Brasileira de Futebol (“CBF”) vem, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir delineados, manifestar-se sobre o Ofício no 150.Sect/2024 remetido pela Polícia Militar de Minas Gerais, na madrugada de hoje, às 00:20h do dia 04/12/2024, em resposta ao Ofício no 3635 / 2024 que lhe fora enviado por esta Confederação.

Inicialmente, como se sabe, o Ministério Público de Minas Gerais, com base em parecer da Polícia Militar de Minas Gerais, recomendou que a partida entre Cruzeiro e Palmeiras, válida pela 37° rodada do Brasileirão Série A, fosse disputada somente com a torcida do Cruzeiro mandante, ao argumento de que não teria como garantir a segurança dos torcedores dos dois clubes, o que foi rechaçado pela CBF.

A entidade, na ocasião, por meio de ofício enviado no sábado passado, solicitou a revisão da posição firmada pelo órgão de segurança pública, pugnando, assim, pela realização da partida com torcida mista, em respeito aos princípios desportivos da reciprocidade, equilíbrio técnico e isonomia e, também, por não se ter identificado nenhum risco potencial e concreto à paz social – a manifestação do Poder Público se baseou única e exclusivamente num pedido deduzido pelo Clube mineiro, diretamente interessado e envolvido no tema.

O Ministério Público de Minas Gerais, porém, ainda no sábado, negou o pedido e manteve a sua posição.

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Na tarde de ontem, às 17h, a CBF, certa de que o melhor para o espetáculo esportivo e para os torcedores era que o jogo fosse disputado com torcida mista, reuniu-se com o Comandante da Polícia Militar e, após ponderar os argumentos incorporados no ofício anterior, uma vez mais, cogitou a possibilidade de reavaliar a sua decisão no sentido de que o jogo fosse realizado com portões fechados.

A Polícia Militar, porém, durante as tratativas, posicionou-se contrariamente à possibilidade levantada pela CBF, defendendo, pois, a impossibilidade de que o jogo fosse disputado com torcida mista.

Tais fatos, aliás, foram consolidados no ofício no 3635/2024, por meio do qual, aliás, a CBF, pela terceira vez, requereu fosse alterado o entendimento da Polícia Militar.

Somente na madrugada de hoje, em ofício enviado à CBF às 00:20h, é que a Polícia Militar, concordando com as razões inelutáveis articuladas pela entidade que organiza e dirige o futebol no território nacional, retrocedeu e se manifestou pela possibilidade do jogo ser disputado com torcida mista ou com portões fechados.

Acontece, porém, que, em função da Polícia Militar de Minas Gerais ter encampado essa nova posição, com o máximo respeito, tardiamente, com menos de 24 horas do horário programado para a partida, não há mais tempo hábil para que a partida seja disputada com torcida mista, visto que a operação necessária à organização de uma partida de futebol, ainda mais de uma Competição como a Série A do Brasileirão, reclama o envolvimento e mobilização de inúmeros prestadores de serviços inúmeras atividades e serviços indispensáveis.

Justamente por isso, a CBF, na noite de ontem, considerando todos esses fatos e diante da ausência de manifestação formal da Polícia Militar, que até então não havia se manifestado, decidiu, no exercício da sua autonomia constitucional, pela manutenção da partida com portões fechados, o que foi publicado em seu sítio eletrônico em nota oficial divulgada às 23:51hs.

Sendo o que cabia para o momento, aproveita-se a oportunidade para renovar os protestos de estima e consideração.

Atenciosamente, Julio Avellar Diretor de Competições”