A reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas ouviu o presidente do Clube Atlético Patrocinense, Roberto Avattar, na tarde desta quarta-feira (10), em Brasília. A sessão foi conduzida pelo presidente e o relator da Comissão, os senadores Jorge Kajuru e Romário, respectivamente.
A CPI apura denúncias e suspeitas de manipulação de resultados no futebol brasileiro, envolvendo jogadores, dirigentes de clubes e empresas de apostas online. O Patrocinense, clube de Patrocínio, cidade do Alto Paranaíba, passou a ser investigado pela Polícia Federal (PF) na Operação Jogo Limpo, após a partida com a equipe Inter de Limeira. O jogo aconteceu no dia 1º de junho, na cidade de Limeira, e terminou em 3×0 para a equipe paulista.
Ao ser questionado sobre a partida, o presidente informou que estava no estádio e reconheceu que “estranhou” dois gols sofridos pelo clube de Patrocínio. “Eu estava em uma cabine lá em cima no estádio. Quando sofreu o segundo gol eu desci para ir para a arquibancada. O terceiro gol, que eu entendo que foi o mais feio do jogo, que foi o contra, não vi pessoalmente, vi depois através de imagens”, declarou.
Movimentações após o jogo
Roberto Avattar declarou que logo após a partida em Limeira tomou a decisão, juntamente com a diretoria do clube, de romper o contrato com a empresa responsável pelo agenciamento e gerenciamento dos atletas. A rescisão do contrato foi postada nas redes sociais do clube no dia 2 de junho.
Anderson Ibrahim, representante da empresa de gestão de futebol profissional, também foi convocado para prestar depoimento como testemunha na reunião da CPI desta quarta-feira, mas não compareceu. Ele justificou a ausência devido à gravidez da esposa, mas se dispôs a comparecer em outra data oportuna.
Sobre a relação com a antiga empresa gestora, Roberto disse ter tido poucas oportunidades de conversar com Anderson, mas justificou que a suspensão do contrato se deu, principalmente, pelo péssimo desempenho do CAP nas últimas partidas. A Air Golden, ainda segundo o presidente do clube, era responsável por contratar ou demitir atletas e pelo pagamento dos jogadores.
Patrocinense na mira da PF
A operação Jogo Limpo mira integrantes e ex-integrantes do clube mineiro. Pelo menos quatro atletas estão sendo investigados. A PF também investiga a possível influência da empresa que teria firmado parceria com o Patrocinense e contratado diversos jogadores.
A suspeita de manipulação começou após um relatório da SportRadar, empresa especializada em monitoramento de apostas, apontar que houve uma movimentação atípica nas apostas para o primeiro tempo da partida, com 99% das apostas em “total de gols” indicando que o Patrocinense perderia a rodada por pelo menos dois gols. O relatório foi enviado à PF pela Confederação Brasileira de Futebol.
Na partida, o Patrocinense sofreu três gols no primeiro tempo, um deles contra. No lance do primeiro gol, o zagueiro do Patrocinense tinha, aparentemente, condição de tirar a bola da área, mas preferiu deixar o goleiro tentar a defesa. Foi aí que o jogador adversário se antecipou e abriu o placar.
No depoimento, Roberto Avattar afirmou que está disposto a colaborar para a investigação da Polícia Federal e da CPI de Manipulação de Jogos. “A gente tá aqui para deixar bem claro que o Clube Atlético Patrocinense, um clube de 70 anos, não tem nada a ver com essa investigação. E o que for preciso ele fazer para que seja inocentado o seu nome, ele fará. Quantas vezes você me convidar, eu estarei aqui”.