Império de fachada: como o narcotraficante Ronald Roland, que ostentava luxo em Uberlândia, foi pego pela PF

Segundo investigação federal, a organização criminosa em que Ronald supostamente fazia parte movimentou mais de R$ 5 bilhões e abastecia cartéis mexicanos

09/07/2024 ÀS 14H00
- Atualizado Há 2 meses atrás

Ronald Roland é um dos principais alvos da Operação “Terra Fértil”, da Polícia Federal (PF), que investiga uma organização criminosa que praticava crimes como lavagem de dinheiro, falsidade material e ideológica, e tráfico internacional de drogas. O nome dele ganhou destaque nas páginas policiais e na imprensa nacional devido à vida de luxo que ele ostentava em Uberlândia, além de ser suspeito de abastecer o tráfico de cartéis mexicanos.

Mansão investigada em Uberlândia
A mansão onde Roland vivia em Minas Gerais é avaliada em R$ 2,5 milhões – Foto: Polícia Federal

A investigação federal teve início em 2021, quando um proprietário adquiriu um imóvel em Uberlândia por aproximadamente R$ 2,5 milhões. Segundo o delegado da PF, Felipe Garcia, a investigação revelou que o imóvel estava registrado em nome de uma empresa de fachada, sem funcionários e com endereço fictício.

“Começamos a apurar as movimentações das empresas e dos sócios e vimos que eram na casa de centenas de milhões de reais”, explicou.

A operação, que visa combater lavagem de dinheiro e organizações criminosas, identificou que o grupo atuava em sete estados brasileiros.

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Ronald Roland e a vida luxuosa

O investigado Ronald Roland é suspeito de comandar um megaesquema de lavagem de dinheiro com empresas de fachada. Ainda de acordo com a PF, ele também é suspeito de abastecer cartéis de drogas no México.

Ronald começou a chamar atenção da Polícia Federal ao se mudar para uma mansão em um condomínio de alto padrão de Uberlândia, lugar onde ele realizava diversas festas e eventos com carros de luxo, o que levantou suspeitas entre os moradores locais.

Ronald Roland
Ronald começou sua vida no crime há mais de duas décadas – Crédito: Reprodução/Polícia Federal

A ostentação do morador foi um dos sinais que levaram as autoridades a aprofundar as investigações sobre as atividades e a origem dos recursos financeiros.

Porém, a vida no crime de Ronald Roland não é recente. Com uma longa ficha criminal nas costas, o brasileiro teve seus primeiros registros policiais nos anos 2000. Na época, o homem era investigado por diversos crimes contra a ordem econômica, que incluíam associação criminosa, falsidade ideológica, sonegação de impostos e corrupção ativa.

Em 2011, Ronald Roland entrou na mira da Polícia Federal. Em 2014, a Operação Veraneio desmantelou uma quadrilha que modificava aviões para o tráfico de drogas. Nessa operação, foi a primeira vez que o nome Ronald Roland foi mencionado em uma operação da PF. Após isso, ele esteve envolvido em outras três investigações federais.

Uma delas no ano seguinte, em 2015, na Operação Dona Bárbara, que mirava atividades de narcotraficantes brasileiros ligados às Forças Armadas Revolucionárias da Colômica (Farc).

Ronald Roland era foragido da Operação Flak, realizada em 2019 pela PF em Tocantins, que investigava uma quadrilha especializada em transportar drogas da Colômbia e da Venezuela, para Brasil, EUA e Europa.

avião jato em garagem
Um dos jatos que foram apreendidos pela PF – Crédito: Divulgação/Polícia Federal

Em março de 2019, a Justiça Federal do Tocantins ordenou que os nomes de 11 foragidos da Operação Flak fossem incluídos na lista da Interpol. Entre eles, o de Roland.

Ainda naquele ano, Roland foi preso após um “deslize” da sua mulher. Ele foi encontrado graças à localização postada por ela no Instagram, entregando o paradeiro do homem. Na imagem constava o nome do restaurante, localizado na zona leste de São Paulo, onde o casal almoçava.

Frase "Uru Mar U Parrilla", um restaurante de SP
Mulher de Ronald Roland entregou o paradeiro do homem ao postar localização – Crédito: Reprodução/Redes Sociais

Em 2020 ele foi liberado pela Justiça.

A penúltima, em 2021, foi a Operação Fluxo Capital, que, semelhante à Terra Fértil, investigou no Paraná uma organização criminosa suspeita de lavar dinheiro e movimentar milhões de reais por meio de laranjas, empresas de fachada e contadores.

Apesar de ser um homem considerado “cauteloso” pelas autoridades, Ronald Roland não passou do cerco policial e foi preso pela PF na última terça-feira (2) durante a operação “Terra Fértil” com mandados cumpridos em Uberlândia.

Segundo a PF, Ronald utilizava diversas empresas de fachada, como importadoras e exportadoras, para lavar dinheiro, na maior parte, proveniente do tráfico de drogas. “Muitas empresas tinham sede em Foz do Iguaçu, por causa da proximidade com o Paraguai, facilitando o contrabando de eletrônicos e outros produtos”, finalizou o delegado Felipe Garcia.

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