Comércio supera nível pré-pandemia em 2022, impulsionado pelo varejo, diz IBGE

Pesquisa do IBGE revela crescimento significativo no comércio, com destaque para o aumento da ocupação e da receita bruta

25/07/2024 ÀS 14H44
- Atualizado Há 2 meses atrás

O comércio brasileiro apresentou sinais de recuperação em 2022 e o número de pessoas ocupadas no setor superou, pela primeira vez, os níveis pré-pandemia, atingindo 10,3 milhões. É o que revela a Pesquisa Anual de Comércio (PAC) 2022, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quinta-feira (25).

Embora tenha havido uma leve queda de 0,7% em relação a uma década atrás, o ano de 2022 registrou um aumento de 2,6% em comparação com 2021.

O varejo concentrou a maior parte dos empregos, seguido pelo atacado e pelo segmento de veículos. 

É importante destacar que a participação do atacado no total de empregos atingiu o maior patamar desde o início da série histórica da pesquisa.

O setor de hiper e supermercados emprega o maior número de pessoas no comércio
O setor de hiper e supermercados emprega o maior número de pessoas no comércio – Crédito: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias

Crescimento no comércio

Nos últimos dez anos, o setor comercial brasileiro experimentou um crescimento significativo em algumas de suas atividades. 

As três atividades comerciais com maior aumento na ocupação em dez anos, em números absolutos, foram:

  • Hipermercados e supermercados com o crescimento de 392,1 mil pessoas;
  • Comércio varejista de produtos farmacêuticos, perfumaria, cosméticos e artigos médicos, ópticos e ortopédicos com o adicional de 149,0 mil novos empregos;
  • Comércio por atacado de matérias-primas agrícolas e animais vivos com 34,6 mil.

O setor de hiper e supermercados empregava 1,5 milhão de pessoas em 2022 e respondia por 14,8% dos ocupados do setor comercial do país, a maior proporção entre as atividades pesquisadas.

Declínio em setores tradicionais

Em contrapartida, setores mais tradicionais, como o de vestuário e o de material de construção, enfrentaram uma redução significativa no número de empregados. 

  • Comércio varejista de tecidos, vestuário, calçados e armarinho registraram menos 289,9 mil pessoas;
  • Comércio varejista de material de construção com menos 110,4 mil pessoas;
  • Comércio varejista de produtos novos e usados sem especificação 77,4 mil pessoas a menos.

Essa queda pode ser atribuída a diversos fatores, como a concorrência do comércio eletrônico e as mudanças nos hábitos de consumo.

Porte das empresas

O porte médio das empresas comerciais brasileiras em 2022 era de sete funcionários, indicando a predominância de estabelecimentos de pequeno porte.

Porte das empresas comerciais 

A Pesquisa Anual de Comércio (PAC) 2022 revela que o porte médio das empresas comerciais brasileiras é de sete funcionários. Esse dado indica a predominância de estabelecimentos de pequeno porte no setor. 

No entanto, é importante ressaltar que existe uma grande variação no tamanho das empresas entre os diferentes segmentos do comércio.

Setores com maior porte

Os hipermercados e supermercados se destacam como os maiores empregadores por estabelecimento, com uma média de 119 funcionários. 

O atacado de mercadorias em geral e o atacado de combustíveis e lubrificantes também apresentam portes consideráveis.

Setores com menor porte

Por outro lado, os representantes comerciais e o comércio de produtos novos e usados sem especificação são caracterizados por empresas de menor porte, com uma média de um e quatro funcionários, respectivamente.

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Remuneração média

Comparadas a 2013, as médias salariais também aumentaram nos três segmentos comerciais. Nas atividades de veículos, peças e motocicletas e de atacado, o aumento foi de 0,1 s.m., enquanto no varejo, foi de 0,2 s.m.

As atividades atacadistas pagavam as maiores médias:

  • Comércio por atacado de máquinas, aparelhos e equipamentos, inclusive TI e comunicação (4,4 s.m.);
  • Comércio por atacado de combustíveis e lubrificantes (4,4 s.m.);
  • Comércio por atacado de produtos farmacêuticos, perfumaria, cosméticos e artigos médicos, ópticos, ortopédicos, material de escritório, papelaria e artigos de uso doméstico (4,1 s.m.), cujo salário médio foi o que mais aumentou no período (0,5 s.m.).

“O comércio por atacado de combustíveis e lubrificantes, que pagava uma das maiores médias em 2013, perdeu 1,8 salário mínimo nesses dez anos. Apesar de continuar sendo um dos setores com média salarial mais alta, houve uma redução mais drástica nessa atividade”, diz o analista Marcelo Miranda.

Por outro lado, os menores salários estavam nas atividades de representantes e agentes do comércio (1,3 s.m.) e comércio varejista de produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,3 s.m.).

Atacado respondeu por 51% das vendas em 2022, maior taxa da série.

Notas de 100 e 500. Moeda de 1 real
Médias salariais também aumentaram nos três segmentos comerciais – Crédito: Freepik

Receita bruta e receita líquida

Em 2022, o setor comercial brasileiro apresentou um faturamento total de R$ 7,2 trilhões. O comércio por atacado consolidou sua posição como o segmento mais relevante, respondendo por 51% do faturamento total. 

Essa participação é a maior desde 2007, demonstrando um crescimento contínuo nos últimos anos.

O comércio varejista, embora tenha mantido a segunda posição, viu sua participação diminuir em relação aos anos anteriores. 

O comércio de veículos, peças e motocicletas também registrou uma perda de participação, indicando uma desaceleração nesse segmento.

Analisando a evolução dos últimos dez anos, observa-se que o comércio por atacado de combustíveis e lubrificantes e o de matérias-primas agrícolas foram os segmentos que mais ganharam relevância. 

Por outro lado, hipermercados e supermercados, que lideravam o ranking de participação até 2021, perderam 1,5 ponto percentual em 2022.

Margem de comercialização do comércio recua em dez anos

Em 2022, a margem de comercialização do comércio brasileiro atingiu R$ 1,4 trilhão. O comércio varejista concentrou a maior parte desse valor (50,3%), mas esse é o menor percentual registrado desde 2013. 

Já o comércio por atacado (41,8%) alcançou o maior valor da série histórica, seguido pelo comércio de veículos, peças e motocicletas (7,9%).

Apesar do aumento da receita, a taxa de margem de comercialização do comércio brasileiro vem recuando nos últimos dez anos. Em 2022, esse indicador foi de 27,9%, o que representa uma queda de 2,6 pontos percentuais em relação a 2013 (30,5%). 

Essa redução ocorreu principalmente no comércio varejista (de 39,9% para 36,5%) e no comércio por atacado (de 25,1% para 22,1%).

Por outro lado, o comércio de veículos, peças e motocicletas apresentou um aumento na taxa de margem de comercialização (de 20,3% para 24,7%) no mesmo período, tornando-se o segmento com a maior margem registrada em 2022.

Concentração de mercado se mantém estável

A participação percentual das oito maiores empresas do comércio brasileiro na receita líquida de revendas (R8) permaneceu praticamente estável nos últimos dez anos, passando de 10,0% em 2013 para 10,1% em 2022.

No comércio varejista, o R8 foi de 10,1% em 2022, registrando um aumento de 1,9 ponto percentual na década. 

Vale destacar que, embora o setor tenha baixa concentração de mercado no geral, o comércio varejista de informática, comunicação e artigos de uso doméstico se destaca como uma das três atividades com maior concentração, apresentando um R8 de 41,7%.

O comércio por atacado apresentou queda de 3,3 pontos percentuais no R8 desde 2013, atingindo 17,4% em 2022. Contudo, duas das três atividades com maior concentração nesse setor estão presentes no comércio atacadista: o comércio atacadista de combustíveis e lubrificantes (com o maior R8, de 61,0% em 2022) e o comércio por atacado de mercadorias em geral (com R8 de 32,9%). 

É importante ressaltar que o comércio atacadista de combustíveis e lubrificantes foi o que teve a maior queda no indicador nos últimos dez anos, com uma redução de 13,8 pontos percentuais.

Sobre a pesquisa

A Pesquisa Anual de Comércio (PAC) 2022 busca identificar as características estruturais básicas do segmento empresarial da atividade comercial no país e suas transformações no tempo, contemplando, entre outros aspectos, dados sobre pessoal ocupado, salários, receitas, custos e despesas, margem de comercialização e valor adicionado. A pesquisa traz dados para Brasil, grandes regiões e unidades da federação.

Com informações da Agência de Notícias do IBGE.

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