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Cerrado sofre pior seca dos últimos 700 anos, conforme estudo da USP

Pesquisa realizou análises químicas de formações rochosas na Caverna da Onça e levantamentos meteorológicos da Estação Meteorológica de Januária, em Minas Gerais

02/07/2024 ÀS 12H48

- Atualizado Há 2 dias atrás

Um estudo publicado na revista Nature Communications, realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), observou que parte do centro-oeste brasileiro e norte de Minas Gerais, terreno em que grande parte do Cerrado se distribui, vem enfrentando uma das suas piores secas nos últimos 700 anos.

A pesquisa, feita por pesquisadores nacionais e internacionais, levantou e revisou dados de temperatura, vazão, precipitação regional e balanço hidrológico da Estação Meteorológica de Januária, uma das mais antigas de Minas Gerais, que possui registros científicos datados desde 1915.

Também foram realizadas análises químicas de formações rochosas da Caverna da Onça, localizada no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, em Minas Gerais. Devido à sua formação, a caverna sofre grandes influências do ambiente externo, contribuindo para a observação de dados do passado.

As análises ajudaram a compreender como era o clima e sua variação ao longo dos últimos 700 anos.

Cerrado sofre seca mais intensa de todos os tempos
Cerrado sofre seca mais intensa de todos os tempos – Foto: Carol Aleixo/ Paranaíba Mais

Segundo as conclusões, foi observado que a região central do Brasil, onde o bioma prevalece, está 1 °C mais quente que a média global. Esse aquecimento acima da média faz com que a água das chuvas evapore mais rapidamente, antes mesmo de se infiltrar nas camadas da terra.

Isso reduz a quantidade de água disponível no solo e nos rios, causando um distúrbio hídrico.

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Intensificação da seca

Conforme a pesquisa, o aquecimento e a tendência de evaporação começam a se intensificar a partir da década de 1970.

Os impactos dessa vaporização precoce, além de causar a diminuição da água no solo, também provocam alterações nos padrões de chuva, que se tornam menos frequentes e intensas, e a queda no volume dos aquíferos e dos rios, que alimentam importantes bacias hidrográficas, como a do Rio São Francisco.

Os dados da Estação de Januária ainda identificaram uma diminuição de cerca de 20% nos fluxos dos rios locais a cada década — apresentando uma crescente aridez. As chuvas também diminuíram em cerca de 7% de sua ocorrência.

O aumento das temperaturas, que implica nessa seca sem precedentes, é causado principalmente pelas consequências da emissão de gases do efeito estufa. Nos últimos 250 anos, a temperatura da região chegou a se elevar em 2 gaus Celsius (ºC).

Ela pode levar à morte de plantas e animais, à redução da biodiversidade e à desertificação. O estudo é um alerta para a necessidade de medidas urgentes para combater as mudanças climáticas e mitigar os impactos da seca na região central do Brasil.

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