O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) já registrou, até o início de agosto, 12 incidentes com voos em Uberlândia. Em Minas Gerais, são 102 ocorrências, sendo quatro graves.
O órgão federal ligado à Força Aérea Brasileira (FAB) é responsável pela apuração e registro de ocorrências envolvendo acidentes ou incidentes aeronáuticos.
Conforme os registros, houve um incidente classificado como grave registrado em janeiro em razão da perda de controle em voo.
A aeronave privada havia saído do Aeródromo de Frutal com destino a Uberlândia na manhã de 25 de janeiro. Durante o voo, o avião apresentou perda do comando do profundor, mas conseguiu pousar sem intercorrências. Havia apenas o piloto no veículo.
O profundor de um avião é o dispositivo que ajuda a controlar o movimento que eleva ou abaixa o “nariz da aeronave”.
Incidentes com voos em Uberlândia
A maioria dos incidentes com voos em Uberlândia neste ano foi envolvendo colisão com animais.
Dos 11 incidentes leves registrados até o último dia 2 de agosto, seis foram nessas circunstâncias, cinco deles com colisão em aves no momento do pouso ou da decolagem no aeroporto da cidade. Houve apenas danos leves às aeronaves.
Três incidentes com voos em Uberlândia ocorreram por falha ou mau funcionamento de sistema.
Em um deles, a aeronave decolou do Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, com destino a Uberaba para transporte aéreo público. Segundo o Cenipa, durante a fase de rota, a aeronave apresentou mensagem de falha no sistema hidráulico e alternou o destino para o aeroporto de Uberlândia.
Roda do trem de pouso cedeu
Em março, um incidente envolvendo uma aeronave de táxi aéreo fez com que o piloto retornasse ao aeroporto.
O avião decolou de Uberlândia com destino ao Aeroporto da Pampulha, na capital mineira, com um tripulante a bordo.
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Na preparação da decolagem, a roda do trem de pouso direito caiu em uma vala de drenagem. Posteriormente, a fiscalização verificou indícios de toque da hélice no solo.
Após ser informado pela Torre de Controle do aeroporto local, o piloto decidiu retornar e conseguiu pousar sem intercorrências.
Os incidentes registrados nesta semana – voo da Latam e o da Voepass que fez um pouso de emergência na cidade – ainda não foram contabilizados pelo órgão.
Pouso de emergência da Voepass
Um voo que seguia de Rio Verde (GO) para Guarulhos foi finalizado em Uberlândia após pouso não programado na noite desta quinta-feira (15).
O avião teria apresentado problemas técnicos aproximadamente meia hora após a decolagem, gerando pânico e insegurança entre os passageiros.
A médica Daniela Elias de Assis estava a bordo e contou que as comissárias iniciaram o serviço de bordo, quando as luzes se apagaram de repente.
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As comissárias de bordo então se dirigiram ao fundo da aeronave e como a passageira estava perto, disse ter ouvido a conversa sobre um problema técnico.
Daniela expressou sua frustração e preocupação, especialmente após a recente tragédia envolvendo a mesma companhia.
“É muito recente, muitas vidas foram perdidas. Se a empresa não tem condições de operar com segurança, não deveria colocar mais vidas em risco”, desabafou.
O incidente nesta noite envolveu também um modelo ATR-72. No painel de monitoramento do Cenipa, o modelo lidera o número de incidentes e acidentes aeronáuticos. Só em Minas Gerais, foram relatadas 15 ocorrências envolvendo o modelo, todas incidentes leves.
Situação considerada comum na aviação
Apesar do susto e preocupação dos passageiros, o incidente ocorrido em Uberlândia é considerado simples pela aviação.
Em entrevista à TV Paranaíba, o gerente de Segurança Operacional do Aeródromo de Uberlândia, João Lucas Lisboa, disse que o incidente não se tratou de uma emergência, mas de um pouso técnico.
“Na aviação a gente não trabalha com achismo, a gente precisa parar o voo. E foi feito tudo dentro dos trâmites. Não vou dizer que é normal, mas é corriqueiro. O avião pousa por algum procedimento técnico, não foi declarada emergência”, explicou.
João Lucas ainda explicou que aviões comerciais têm duas baterias e dois motores, para que um dos sistemas siga funcionando quando o outro parar. Ou seja, ainda que algum problema elétrico fosse apresentado à tripulação antes de pousar, a aeronave não pararia de funcionar totalmente.
O gerente de Segurança ainda comentou sobre o medo que muitos passageiros estão enfrentando pela tragédia da Voepass na última semana, mas tranquilizou que a sensação de insegurança não reflete a realidade dos acidentes aeronáuticos no Brasil.
“Se pegar a quantidade de casos envolvendo voos comerciais, são mais de 17 anos sem acidentes dessa proporção. Com certeza, o Cenipa vai apresentar tudo que aconteceu e a população pode ficar tranquila. Pode voar tranquilamente”, finalizou.