Casos de insuficiência renal têm aumento de 30% em Uberlândia, segundo a SES
Os dados são de 2024 e mostram um aumento em relação ao ano passado. Doenças crônicas, o envelhecimento e nossos hábitos de vida são os principais motivos para esse crescimento
A insuficiência renal tem se tornado um problema de saúde pública em Uberlândia. De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde, os casos da doença aumentaram quase 30% em 2024, um cenário alarmante que exige atenção.
Até agosto de 2024, foram registrados 194 casos na cidade, enquanto em 2023 haviam menos de 160 registros.

Principais causas para insuficiência renal
A médica nefrologista Bruna Monalisie explica que esse crescimento está ligado a diversos fatores. Entre eles, a hipertensão arterial e o diabetes mellitus se destacam como as principais causas, especialmente quando não controladas. O envelhecimento da população também contribui para o aumento dos casos, uma vez que essas doenças crônicas são mais comuns em idosos.
Além disso, hábitos de vida pouco saudáveis, como o sedentarismo, a obesidade, o tabagismo e o consumo excessivo de alimentos ricos em gordura e sódio, agravam o quadro renal. É importante ressaltar que a melhoria nos diagnósticos e o acesso aos tratamentos também contribuem para a identificação de mais casos.
“É importante que saibamos que os principais fatores de risco para o desenvolvimento de Doença Renal Crônica são a hipertensão arterial, o diabetes e doenças familiares e genéticas. Além disso, obesidade, tabagismo, colesterol alto e uso de medicações tóxicas para os rins também podem comprometer a saúde renal.”, explica.
Bruna ainda explica que a insuficiência renal pode se manifestar de duas formas distintas: a Insuficiência Renal Aguda, caracterizada pela rápida redução da função renal, e a Doença Renal Crônica, que leva à perda gradual das funções renais, com o surgimento de sintomas progressivos.
A Doença Renal Crônica costuma apresentar sinais mais evidentes em seus estágios finais, quando a capacidade de filtração dos rins já está severamente comprometida. Alguns dos sintomas mais comuns incluem redução na quantidade de urina, inchaço nas pernas, pés e rosto, sensação de falta de ar, enjoo, vômitos, perda de apetite, perda de peso não intencional, coceira e elevações na pressão arterial.
Diante da identificação desses sintomas, é crucial buscar atendimento médico para uma avaliação clínica completa e a realização de exames específicos, a fim de avaliar o funcionamento dos rins e iniciar, se necessário, o tratamento adequado.
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Prevenção para insuficiência renal
Henrique Pereira Muzzi, profissional de Educação Física e técnico de voleibol, foi diagnosticado com cálculo renal em 1987. Ele contou que a situação foi tão grave que precisou realizar uma cirurgia aberta, pois o cálculo era muito grande e, na época, não havia os tratamentos disponíveis hoje em dia.
Durante esse período, Henrique adotou um tratamento rigoroso com dieta restritiva e medicamentos para controlar o ácido úrico. A dieta envolvia restrição proteica, com a exclusão de carnes vermelhas, condimentos, alimentos industrializados e alimentos ricos em ácido úrico.
Bruna explica que a adoção de um estilo de vida saudável desempenha um papel crucial na prevenção de doenças renais. A prática regular de atividades físicas, uma alimentação equilibrada e a cessação do tabagismo têm um impacto significativo na prevenção.
Outras práticas recomendadas incluem a redução do peso corporal, a diminuição da ingestão de sal, a redução do consumo de bebidas alcoólicas e o cuidado com o uso indiscriminado de medicações, especialmente anti-inflamatórios.
Além disso, o controle adequado da pressão arterial e da glicemia em pacientes hipertensos e diabéticos é essencial para a preservação da função renal, sendo medidas fundamentais para evitar o agravamento da condição renal ao longo do tempo.
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Tratamentos atuais para insuficiência renal
A nefrologista conta que, nos últimos anos, diversos estudos têm sido desenvolvidos para encontrar novos tratamentos para prevenir e reduzir a evolução da Doença Renal Crônica, permitindo um curso mais prolongado da doença e garantindo uma melhor qualidade de vida para os pacientes.
O objetivo inicial desses tratamentos é aumentar o tempo de evolução da doença e evitar ou postergar a necessidade de Terapia Dialítica. Algumas medicações, como os conhecidos IECA ou BRA, como Losartana e Enalapril, são usadas com esse propósito, mas suas indicações devem ser avaliadas cuidadosamente pelo médico.
Além do tratamento conservador, Bruna diz que, em alguns casos, é necessário instituir a Terapia Renal Substitutiva, que substitui as funções dos rins quando não podem ser corrigidas apenas com medicações.
As opções de tratamento incluem Hemodiálise, Diálise Peritoneal e Transplante Renal, sendo que essas modalidades também evoluíram ao longo dos anos, tornando-se mais seguras e efetivas atualmente.
Além disso, a Sociedade Brasileira de Nefrologia instituiu o Dia Mundial do Rim, celebrado na segunda quinta-feira de março, com o objetivo de disseminar informações sobre doenças renais, com foco na prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado.
Os serviços de Hemodiálise de Uberlândia participam ativamente dessa campanha, realizando atividades de conscientização, como caminhadas e distribuição de informativos. Esses serviços também promovem eventos periódicos e apoiam causas como o Setembro Verde, que visa conscientizar sobre a doação de órgãos e o Transplante Renal, além de divulgar informações essenciais à população por meio de suas páginas e sites.
Insuficiência renal em Uberlândia
A nefrologista explica que o diagnóstico precoce de Doença Renal impacta diretamente no tratamento e na evolução da doença, sendo fundamental para garantir melhores resultados. Recomenda-se que seja feita anualmente uma avaliação da função renal, por meio da dosagem da creatinina no sangue e análise de urina. Pacientes com maior risco, como diabéticos e hipertensos, devem ter um acompanhamento mais rigoroso.
Em Uberlândia, é possível realizar as avaliações de rotina nas Unidades de Saúde e durante as campanhas de conscientização, como no Dia Mundial do Rim. Pacientes com fatores de risco devem ser monitorados de perto por um especialista.
Além disso, existem clínicas conveniadas ao SUS que prestam atendimento à população, especialmente àqueles com doença renal avançada, e são fornecidas vagas de Hemodiálise para pacientes que necessitam da terapia continuamente.
Henrique Pereira diz que não pode reclamar dos tratamentos em Uberlândia. Ele faz controle pela UFU e conta que a maior dificuldade é a demora na liberação de exames mais complexos, como ressonâncias, RX e tomografias. No entanto, a assistência médica e laboratorial na UFU é satisfatória para ele.