Câncer de pênis: a cada ano, cerca de 486 homens têm o órgão genital amputado pelo SUS  

Especialistas afirmam que água e sabão são os maiores aliados dos homens na prevenção contra o câncer de pênis 

, em Uberlândia

De acordo com o Ministério da Saúde, 7.790 brasileiros tiveram o pênis amputado devido ao câncer de pênis, entre os anos de 2007 e 2022. A média é de 486 amputações por ano, e considera apenas as cirurgias realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).  

Câncer de pênis pode ser fatal em fases mais avançadas
Câncer de pênis pode ser fatal em fases mais avançadas – Crédito: Freepik

A Nota Técnica Nº5 emitida neste ano pelo Ministério da Saúde, orienta profissionais da saúde e define o câncer de próstata como “uma doença agressiva e mutiladora que, além de ocasionar grande sofrimento físico pode ser fatal em suas fases mais avançadas”.  

Segundo a pasta, o tratamento da doença impacta na qualidade de vida de várias maneiras. Afetando a autoestima com repercussões psicológicas e funcionais, tornando difícil a reabilitação e a reinserção social das pessoas afetadas, mesmo quando estão curadas.  

📲 Siga o canal de notícias do Paranaíba Mais no WhatsApp

Como surge o câncer de pênis? 

O médico urologista, Caio Flávio Castro e Macedo, explica que o câncer de pênis começa com uma “feridinha” muitas vezes imperceptível. E que a fimose está entre os principais fatores de risco.  

“Toda criança com fimose verdadeira, que é a não exposição da glande, tem que ser operada assim que tirar as fraldas. A não exposição do pênis favorece irritação e infecção sexualmente transmissível lá na frente. Feridas que não são vistas”, disse o médico.  

Além disso, a infecção sexualmente transmissível do papiloma vírus humano (HPV), também é responsável por alguns tipos de câncer. Entre eles está o câncer de útero, o câncer de pênis, o câncer de anus, e o câncer de orofaringe.   

Segundo Caio, outros fatores como tabagismo, alcoolismo, baixas condições socioeconômicas, educacionais e culturais, também aumentam o risco para a doença. O médico explica que homens de meia idade a mais velhos tem um fator de risco superior, devido ao tempo de latência.  

“Ele teve infecção sexualmente transmissível, HPV, que é um vírus é carcinogênico. A não realização da postectomia – que é a cirurgia de fimose – não permite a higiene. Então as células descamam naturalmente, não tem como higienizar e essa não higienização favorece uma irritação crônica. Isso pode demorar anos. Esse indivíduo não vai perceber por conta de não expor a glande e ele vai apresentar lá na frente, após os 45, 50 anos, o câncer de pênis”.

A água e o sabão são os maiores aliados dos homens na prevenção contra o câncer de pênis
A água e o sabão são os maiores aliados dos homens na prevenção contra o câncer de pênis – Crédito: Freepik

Caio alerta dizendo que qualquer ferida no pênis que não cicatriza pode ser suspeita para o câncer. E afirma que um dos principais fatores para prevenção é a higiene: “É água e sabão. Expor a glande totalmente, abrir o prepúcio, lavar e higienizar”. 

Como funciona o tratamento? 

O médico oncologista, Sérgio Padilha, diz que o tratamento do câncer de pênis depende muito do grau do tumor e a profundidade da invasão no local. Em casos de tumores iniciais é possível utilizar medicação tópica, laser e radioterapia.  

“Mas a grande maioria evolui para cirurgia mesmo. Amputação parcial ou total do pênis. Muitos pacientes demoram muito tempo para procurar o urologista” disse Padilha. 

"A grande maioria evolui para cirurgia", disse Sérgio Padilha sobre o câncer de pênis
“A grande maioria evolui para cirurgia”, disse Sérgio Padilha sobre o câncer de pênis – Crédito: Freepik

Para os casos mais agressivos ou com invasão mais profunda, é necessário a amputação parcial ou total do pênis, associada a linfadenectomia da região inguinal bilateral – pois o tumor costuma dar metástases nesta região. Nesses casos, além da cirurgia, é necessário quimioterapia quando o tumor já se espalhou para outros locais. 

Sérgio finaliza dizendo que os pacientes com diagnóstico de doença oncológica precisam ser acolhidos por vários profissionais. “A palavra câncer já traz muita carga emocional para o paciente. Por isso, além dos médicos, passam por psicólogos e nutricionistas, e assim conseguem uma avaliação mais abrangente e um tratamento mais efetivo”. 

 

Leia mais: