Black Pantera: o rock mineiro de atitude e representatividade que conquista o Brasil

No Dia Mundial do Rock nada melhor que celebrar o alcance do gênero musical; o Black Pantera ultrapassou as fronteiras de Uberaba e leva suas músicas autorais, autênticas e politizadas para os quatro cantos do Brasil.

, em Uberlândia
13/07/2024 ÀS 07H00
- Atualizado Há 2 meses atrás

Das terras férteis para o agro, onde o sertanejo predomina, nasceu Black Pantera, a banda de Rock de Uberaba que tem ganhado protagonismo no cenário nacional.

Já são dez anos de uma carreira de intensa adoração e evolução no Rock. O Black Pantera, com quatro álbuns, sendo ‘Perpétuo’ lançado recentemente, continua fiel ao ritmo acelerado, às letras politizadas e ao propósito que foi firmado em 2014, quando a banda foi criada.

Banda de Rock Black Pantera de Uberaba
De Uberaba para todo Brasil, o Black Pantera tem letras impactantes e sonhos grandes – Foto: divulgação

O mérito do reconhecimento que o Black Pantera carrega hoje é todo do esforço de Chaene da Gama (baixo e vocal), Charles Gama (voz e guitarra) e Rodrigo Pancho (bateria), que continuaram mesmo quando crescer no cenário do rock parecia tão improvável. “A gente mora em Uberaba até hoje e a gente sempre teve muita influência dos nossos pais, que ouviam de tudo, inclusive, sertanejo. Uberaba sempre teve uma cena de rock, pequena, mas sempre teve. E foi nessa fonte que a gente começou a beber. Mas como lá não tem muito espaço para crescer foi até bom, porque a gente não ficava num estado de conforto”, relembrou Pancho, em entrevista ao Portal Paranaíba Mais.

“O Black Pantera quer ser gigante”

E nessa inquietude para alcançar novos públicos, o Black Pantera já se apresentou em grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza, Afropunk e Knotfest, além de dividir palco com grandes nomes do rock.

Um caminho que claramente os levam onde querem chegar. “A nossa meta é o mainstream, o Black Pantera quer ser grande! Porque quanto maior a gente for, mais pessoas vão estar ouvindo o que a gente tem a dizer. A gente quer amplificar cada vez mais o nosso discurso, que é um discurso importantíssimo nos dias de hoje. É isso, o Black Pantera quer ser gigante”.

Banda de rock Black Pantera tocando no Rock in Rio
O trio fez história no Rock in Rio com discurso antirracista e mistura de ritmos – Foto: Diego Castanho

E, realmente, os uberabenses têm muito a dizer! O conceito de usar a música como um meio de expressar as dores e a raiva com as injustiças raciais e sociais começou já no nome da banda.

Black Pantera é uma homenagem aos Panteras Negras, grupo que lutou pelas pautas da comunidade afro-americana, principalmente no combate à violência policial na década de 60. “O discurso antirracista através das letras, a gente tomou isso como nossa meta de vida. Nos festivais você quase não vê representatividade negra. Em locais de trabalho, cargos grandes nas empresas, você só vê pessoas brancas ali. Eu acho que ainda está muito longe de ser o mundo ideal, então enquanto tiver assunto a banda sempre vai estar falando sobre isso”, reforçou o baterista.

Tem Rock no interior

Assim como o Black Pantera, que viu a carreira estourar nacionalmente a partir de 2023, o rock também vive um bom momento. Uma pesquisa feita pela Federação Internacional da Indústria Fonográfica mostrou que, em 2023, o gênero foi o segundo mais ouvido mundialmente, ficando atrás apenas do pop.

No Brasil, a pluralidade de estilos musicais, alguns mais ou menos fortes em regiões diferentes do país, divide a atenção e o gosto do público. Por aqui, o sertanejo é o preferido da maioria, mas não significa que não tem espaço para outros gêneros, como o Rock.

O Flávio Henrique Caixeta está do outro lado, é um amante do gênero desde o começo dos anos 2000. Black Sabbath, Angra, Crypta, Metálica, Blue Ester Cult, Sepultura e Raimundos são algumas das bandas preferidas do jovem. 

Flávio Henrique é amante do rock e gosta de ir a festivais do gênero
Mesmo morando no interior de Minas Gerais, Flávio garante que é possível curtir Rock na região – Foto: arquivo pessoal

Nascido em Patrocínio, cidade do Alto Paranaíba, ele garante que mesmo no interior de Minas tem sim espaço e lugares para curtir um bom rock. “Uberaba, Uberlândia, Araguari, Monte Carmelo. Tem bons lugares, sim, para ouvir um rock’n’roll, espaço para as bandas. E se encontra de tudo, som autoral, covers. Sempre que posso eu vou a esses eventos para encontrar os amigos e ouvir boa música ao vivo”, contou.

Dia Mundial do Rock

Um gênero musical que é a combinação de diversos tipos de música e se desdobra em vários subgêneros. O Rock transcende a música e é também um estilo de vida. O dia 13 de julho marca o Dia Mundial do Rock, mas, curiosamente, a data é comemorada apenas no Brasil.

Nesse mesmo dia, em 1985, o evento Live Aid reuniu grandes artistas renomados da época, como The Who, Rolling Stones, Queen, U2 e Black Sabbath. O show era transmitido para diversos países quando o cantor Phil Collins reconheceu que aquele festival era tão grandioso que a data deveria ser lembrada como o Dia Mundial do Rock.

Duas rádios brasileiras gostaram da sugestão e passaram a promover campanhas para consolidar o 13 de julho como a data de referência para a celebração do Rock no Brasil.

Desde a década de 90 o dia é marcado por festivais do gênero em todo país. E há alguns anos é uma semana bem movimentada para o Black Pantera, desde que se tornou destaque no cenário nacional. O fim de semana está cheio com shows em Araraquara e Santa Cruz do Rio Pardo, ambas cidades paulistas. Durante a semana, estarão em Belo Horizonte e com frequência tocam por aqui também, no interior, de onde saíram.

Para o futuro, o Black Pantera espera continuar sendo produtivo, mas acima de tudo, relevante no cenário do rock levando suas composições cheias de sentido e expressão. “É continuar mantendo o trabalho, continuar criando música, letras relevantes, é ser referência para a molecada que vem aí. Voltar para os grandes festivais que a gente já tocou e quem sabe tocar nesses festivais fora do país também. E fazer cada vez mais discos bons, sempre tentar se superar. A gente quer ser muito grande”, concluiu Rodrigo Pancho.

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