No coração do Cerrado Mineiro, uma pequena praga tem tirado o sono dos cafeicultores: o bicho mineiro. Com apenas 2 milímetros na fase adulta, essa mariposa, originária da África, ataca as folhas dos pés de café e pode reduzir a produção em até 30%, conforme o engenheiro agrônomo Eduardo Mosca. “O bicho mineiro é atualmente a praga mais importante da cafeicultura, principalmente aqui no Cerrado”, explica o profissional.
A cafeicultora Evanete Pérez, que cultiva café há 28 anos na Fazenda Paraíso, em Araguari, conhece bem o problema. “Eu acredito que nos 200 hectares que tenho, haja bicho mineiro em qualquer lugar. O problema é quando ele começa a desfolhar o café de forma efetiva”, comentou a produtora.
Bicho mineiro: um inimigo conhecido e difícil de controlar
Mosca detalha que “a mariposa deposita os ovos nas folhas, e as larvas, ao eclodirem, se alimentam, causando minas que prejudicam a capacidade da planta de realizar a fotossíntese”. O ciclo do inseto, do ovo até a fase adulta, leva cerca de 20 dias, e controlar essa praga é um desafio constante para os produtores.
Para Evanete, que também utiliza práticas de manejo sustentável na fazenda, o clima seco deste ano contribuiu para a proliferação da praga. “Estamos há 140, 150 dias sem chuva, o que fez o bicho mineiro se proliferar absurdamente. É muito difícil controlar”, lamenta.
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Métodos de controle e desafios do manejo
O controle da praga exige uma abordagem integrada, mesclando técnicas biológicas, químicas e culturais. Segundo Mosca, “o controle biológico é feito com predadores naturais, enquanto o controle químico é aplicado conforme a fase de desenvolvimento do inseto. Já o controle cultural envolve a remoção das folhas infectadas para evitar a propagação”.
Ainda assim, a praga é uma presença constante nas lavouras de café. Na Fazenda Paraíso, os inspetores de pragas monitoram de perto a infestação para aplicar o controle mais adequado. “Se a fase mais abundante é de ovos, aplicamos um produto específico para essa fase; se são as minas, usamos outro”, explica o agrônomo.
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O impacto na principal região produtora de café do Brasil
Minas Gerais é o maior produtor de café do Brasil, responsável por 52,7% da produção nacional. Somente o Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Noroeste do Estado produzem 7,6 milhões de sacas.
Com o avanço do bicho mineiro, o prejuízo pode ser devastador. “Essa área foi extremamente atacada porque não podíamos fazer o controle durante a colheita”, relata Evanete, destacando as dificuldades que enfrenta em sua lavoura.
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Apesar dos desafios, a luta contra o bicho mineiro continua, com a esperança de minimizar os impactos dessa praga e garantir uma produção sustentável e lucrativa para os cafeicultores da região.