Bicho mineiro ameaça cafezais e pode causar prejuízos de até 30% na produção

Invasão silenciosa do bicho mineiro afeta a produtividade de cafezais no Cerrado, causando preocupação entre produtores

15/09/2024 ÀS 10H02
- Atualizado Há 1 mês atrás

No coração do Cerrado Mineiro, uma pequena praga tem tirado o sono dos cafeicultores: o bicho mineiro. Com apenas 2 milímetros na fase adulta, essa mariposa, originária da África, ataca as folhas dos pés de café e pode reduzir a produção em até 30%, conforme o engenheiro agrônomo Eduardo Mosca. “O bicho mineiro é atualmente a praga mais importante da cafeicultura, principalmente aqui no Cerrado”, explica o profissional.

A cafeicultora Evanete Pérez, que cultiva café há 28 anos na Fazenda Paraíso, em Araguari, conhece bem o problema. “Eu acredito que nos 200 hectares que tenho, haja bicho mineiro em qualquer lugar. O problema é quando ele começa a desfolhar o café de forma efetiva”, comentou a produtora.

BICHO MINEIRO
O bicho mineiro ataca as folhas mais antigas dos pés de café, avançando para as mais novas, onde ocorre a fotossíntese, essencial para o desenvolvimento da planta. – Crédito: Reprodução TV Paranaíba

Bicho mineiro: um inimigo conhecido e difícil de controlar

Mosca detalha que “a mariposa deposita os ovos nas folhas, e as larvas, ao eclodirem, se alimentam, causando minas que prejudicam a capacidade da planta de realizar a fotossíntese”. O ciclo do inseto, do ovo até a fase adulta, leva cerca de 20 dias, e controlar essa praga é um desafio constante para os produtores.

bicho mineiro (2)
Confira o ciclo de vida dessa praga que afeta os cafezais. – Crédito: Reprodução TV Paranaíba

Para Evanete, que também utiliza práticas de manejo sustentável na fazenda, o clima seco deste ano contribuiu para a proliferação da praga. “Estamos há 140, 150 dias sem chuva, o que fez o bicho mineiro se proliferar absurdamente. É muito difícil controlar”, lamenta.

MAIS! uma revisão sobre o inseto e perspectivas para o manejo da praga

Métodos de controle e desafios do manejo

O controle da praga exige uma abordagem integrada, mesclando técnicas biológicas, químicas e culturais. Segundo Mosca, “o controle biológico é feito com predadores naturais, enquanto o controle químico é aplicado conforme a fase de desenvolvimento do inseto. Já o controle cultural envolve a remoção das folhas infectadas para evitar a propagação”.

Ainda assim, a praga é uma presença constante nas lavouras de café. Na Fazenda Paraíso, os inspetores de pragas monitoram de perto a infestação para aplicar o controle mais adequado. “Se a fase mais abundante é de ovos, aplicamos um produto específico para essa fase; se são as minas, usamos outro”, explica o agrônomo.

×

Leia Mais

MAIS! BDMG abre inscrições para capacitação gratuita em agricultura regenerativa para cafeicultura

O impacto na principal região produtora de café do Brasil

Minas Gerais é o maior produtor de café do Brasil, responsável por 52,7% da produção nacional. Somente o Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Noroeste do Estado produzem 7,6 milhões de sacas. 

Ranking de produção de café em Minas Gerais. - Crédito: Reprodução TV Paranaíba
Ranking de produção de café em Minas Gerais. – Crédito: Reprodução TV Paranaíba

Com o avanço do bicho mineiro, o prejuízo pode ser devastador. “Essa área foi extremamente atacada porque não podíamos fazer o controle durante a colheita”, relata Evanete, destacando as dificuldades que enfrenta em sua lavoura.

📲 Clique aqui e siga o canal de notícias do Paranaíba Mais no WhatsApp

Apesar dos desafios, a luta contra o bicho mineiro continua, com a esperança de minimizar os impactos dessa praga e garantir uma produção sustentável e lucrativa para os cafeicultores da região.

Veja também

Acompanhe nossa programação ao vivo!