Ronan, o bebê de 800g, iniciou uma luta pela vida no momento em que nasceu e, após oito meses internado, recebeu alta da Maternidade Odete Valadares (MOV) com seis quilos.
Nos primeiros minutos após o nascimento, o estado de saúde clínico dos recém-nascidos é avaliado na sala de parto em uma escala chamada Apgar.
De zero a dez, a pontuação leva em conta aspectos como a cor da pele, a frequência cardíaca, a respiração, o reflexo e a força muscular.
Na avaliação de Ronan, os sinais indicavam um, ou seja, que o bebê necessitava de cuidados extras para se adaptar fora do útero.
A mãe do bebê de 800g, Gleiziane Messias da Silva, sonhava com a gravidez desde o casamento, mas uma obstrução das tubas uterinas impossibilitava a realização do sonho.
“Fiquei muito deprimida. Comecei a trabalhar para esquecer, mas nunca deixei de ter fé de que um dia teria um filho”, conta. A mulher esperava por uma inseminação artificial.
Ela vive e trabalha há seis anos em Santa Bárbara, em Minas Gerais, e começou a sentir algumas dores na coluna, mas não acreditou que estava grávida.
Quando percebeu os primeiros chutes na barriga, foi aconselhada por uma colega de trabalho a ir ao médico, que confirmou a gravidez.
A notícia e a surpresa, já que Gleiziane dificilmente poderia engravidar naturalmente, foram recebidas com enorme alegria por ela e pelo pai de Ronan, Cláudio Messias.
Bebê de 800g lutou por 251 dias
A bolsa rompeu na 26ª semana de gestação e, quando chegou ao hospital, Gleiziane já estava em trabalho de parto.
Ronan, o bebê de 800g, nasceu de parto normal, que durou cerca de oito minutos, sem nenhuma complicação.
Desde o começo, os médicos alertaram a família sobre as poucas chances de um nascido prematuro extremo sobreviver.
O bebê de 800g passou por muitas complicações nesse período, características de casos como o dele, como síndrome do desconforto respiratório, displasia broncopulmonar, apneia da prematuridade, hemorragia intraventricular, pneumonia, anemia e broncoespasmo.
A coordenadora da Neonatologia e responsável técnica da UTI Neonatal da MOV, Ana Carolina Neves Rodrigues, acompanhou Ronan.
“Foi um processo longo, cheio de incertezas. Ele ficou muito grave várias vezes. A mãe ficou conosco na Casa da Gestante e esteve diariamente na unidade. Sempre que possível, o pai também estava presente. Mesmo nos momentos de angústia, eles estavam resilientes e a mãe sempre manteve o sorriso no rosto”, conta Ana Carolina.
A mãe conta que “toda semana era uma notícia diferente. Passamos por muita coisa, mas nunca me desesperei. Fiquei esse tempo todo sem ‘arredar’ do hospital e sempre tive fé que daria certo”.
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O momento esperado
Depois de 251 dias de luta pela vida, no final de junho, veio a tão esperada alta e Ronan deixou a Maternidade Odete Valadares (MOV) com mais de seis quilos.
O momento foi comemorado tanto pela equipe que o acompanhou quanto pelos pais, que puderam, enfim, levar o filho para casa.
Com seu pequeno milagre nos braços, assim chamado por ela, Gleiziane agradece pelo cuidado que tiveram com seu filho.
“A equipe de todo o hospital foi excelente e a considero como uma grande família na minha vida. Só tenho a agradecer. Agora o meu filho está aqui comigo, um bebê grande e muito esperto”, celebra.
