“Agosto, mês do desgosto”: conheça a crença que torna o 8º mês o vilão do ano

Com a chegada de agosto, muitas pessoas esperam anúncios de infortúnios ou um mês arrastado; entenda como esse “ranço” com o 8º mês do ano começou

, em Uberlândia
01/08/2024 ÀS 06H00
- Atualizado Há 2 meses atrás

Quando o 31 de julho anuncia a chegada iminente de agosto, muitos respiram fundo e torcem o nariz. É um mês como qualquer outro, ou pelo menos deveria ser, não fosse crenças e superstições que se arrastam há tantos anos que tornaram a rima “agosto, mês do desgosto” quase um acontecimento oficial anual.

Não existe uma explicação científica, todos os rumores são baseados em histórias populares ou tradições culturais. E, assim como a descoberta do Brasil, tudo indica que o motivo principal do “ranço” com agosto também é de responsabilidade dos portugueses. Mas, com o passar do tempo, outros acontecimentos fatídicos reforçaram os péssimos rumores do mês.

“Agosto, mês do desgosto”

Em XVI, na época das grandes navegações, as caravelas portuguesas saiam para as aventuras mundo afora justamente no mês de agosto.

Quem ficava em terra firme eram as namoradas dos navegadores, que sofriam com a partida do amado e, mais ainda, por não saber se o veria novamente.

Agosto se tornou, portanto, um mês que nunca era escolhido pelas apaixonadas como data para casamento.

Navegadores portugueses sempre viajavam em agosto
Em agosto, os navegadores portugueses deixavam suas namoradas e partiam para viagens ao redor do mundo – Foto: NCultura/ilustração

Ao longo do tempo, a crença popular piorou a fama do mês e reforçou que casar em agosto traria desgosto.

A rima pegou, ultrapassou as fronteiras do continente europeu e se arrasta por gerações!

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Mês de dramas e tragédias

Ainda que muitos não tivessem ideia da possível origem da péssima fama de agosto, outros acontecimentos nacionais e mundiais deram força aos rumores.

Alguns dos fatos que marcaram a história da humanidade ou a morte de ícones aconteceram neste mês. Conheça alguns deles:

  • As cidades Hiroshima e Nagasaki foram destruídas por uma bomba atômica, nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, vitimando mais de um milhão de pessoas e deixando milhares de outras com graves deformações. O conflito entre o Japão e os Estados Unidos ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial.
  • No dia 24 de agosto de 1954, o então presidente da República, Getúlio Vargas, cometeu suicídio no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, capital federal na época.
  • Em 1961, no dia 13 de agosto, começou a ser construído o Muro de Berlim na Berlim Ocidental. A construção isolou a cidade, por anos, da Alemanha Oriental, se tornando o maior símbolo de polarização do mundo durante a Guerra Fria.
Muro de Berlim sendo construído
O muro de Berlim se tornou o maior símbolo de polarização durante a Guerra Fria – Foto: domínio público
  • No dia 5 de agosto de 1962, Marilyn Monroe foi encontrada morta por seu psiquiatra em um dos quartos da mansão de uma das maiores estrelas mundiais. A morte solitária na madrugada ainda é cercada por dúvidas e foi classificada como “provável suicídio”.
  • Já em 1976, no dia 22 de agosto, Juscelino Kubitschek, 21º presidente da República, morreu aos 73 anos em um trágico acidente na via Dutra, no Rio de Janeiro. O fato é rondado por especulações de teorias da conspiração.
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Mês do “Cachorro Louco”

Essa é uma teoria tipicamente brasileira que dá um tom negativo, mais uma vez, a agosto.

Uma das explicações a essa expressão estaria ligado ao mês reprodutivo dos cachorros no Brasil. Esse é o período que as cadelas mais entram no período reprodutivo, também chamado de cio, ao mesmo tempo, provocando nos machos uma reação de euforia, os deixando mais agressivos. Essa atitude dos cães machos foi batizada de “cachorro louco” e o termo se vinculou ao mês de agosto.

Há outros especialistas de Medicina Veterinária que acreditam que o termo se popularizou devido aos casos de raiva animal no oitavo mês do ano. Mas isso é considerado um mito, já que não há evidências de que há aumentos de casos nesse período do ano.

Mulher com dedos cruzados
Não há motivos para não acreditar que este será um ótimo mês – Foto: Andrea Piacquadio/pexels

É hora de passar por cima das crenças

As crenças e teorias são muitas e foram fortes o suficiente para perdurar por anos. Elas, porém, não precisam ser passadas adiante.

Talvez a saída seja aceitar o óbvio: agosto é um mês comum, como qualquer outro. Mudar a narrativa e desmistificar o vilão dessa história.

Ou, melhor ainda, encontrar motivos pessoais para acreditar que os trinta dias desse mês serão bons, cheios de sorte e ótimas notícias.

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