Agosto Dourado: “o peito vai servir de aconchego”, diz mãe

Criada pela OMS em parceria com o Unicef, a campanha do Agosto Dourado simboliza a luta pelo incentivo à prática da amamentação

01/08/2024 ÀS 06H09
- Atualizado Há 2 meses atrás

O Agosto Dourado é a campanha de conscientização sobre a importância da amamentação para o pleno desenvolvimento das crianças.

Bruna Santana é bióloga, doula e mãe do João Gabriel, de 5 anos, e da Luana, de 1 ano e meio. Ela viveu duas experiências de amamentação.

O primeiro filho de Bruna nasceu com freio lingual alterado e precisou passar por uma cirurgia com dois dias de vida. Ela conta que, depois disso, João começou a se alimentar melhor, mas que os desafios da amamentação eram muitos.

Bruna viveu duas experiências de amamentação – Foto: Arquivo pessoal/reprodução

“Meu leite desceu no quarto dia, mas eu ainda estava aprendendo a lidar com o peito muito cheio, com a ordenha, então foi uma loucura no começo”, conta.

Bruna ressalta que procurar ajuda foi fundamental para ajudá-la neste momento. “O que me ajudou realmente foi ir até o banco de leite da UFU. Elas me ensinaram a fazer ordenha, a técnica de massagear o peito para aliviar e a pega.”

Ela conta que o filho mais velho teve amamentação exclusiva até os 6 meses e continuou mamando em livre demanda até 3 anos 5 meses e 17 dias. O desmame partiu do menino, que sentiu vontade de parar.

Bruna conta que estava grávida de 8 meses da Luana quando parou de amamentar João Gabriel e que sua segunda experiência de amamentação foi mais tranquila. “Eu já conhecia um pouco das técnicas de ordenha, de alívio, então essa parte já foi mais tranquila.”

Agsoto dourado mês de incentivo à amamentação
A esquerda o início da amamentação e a direta o último dia em que João mamou – Foto: Arquivo pessoa/reprodução

A segunda filha também teve amamentação exclusiva até os 6 meses e continua mamando em livre demanda. Bruna explica que, assim como o primeiro filho, a caçula também vai mamar até quando ela quiser.

A doula conta que, apesar das dificuldades e desafios, não estipulou uma meta de desmame. “Me permiti alimentá-los e o peito vai servir de aconchego e de consolo enquanto eu tiver disponibilidade.”

Luana mama desde o nascimento – Foto: Arquivo pessoal/reprodução

Bruna destaca que amamentar era a sua meta e por isso não desistiu, mas que essa realidade não cabe para todas as mulheres. “A amamentação, cada uma tem uma maneira de encarar, então não cabe julgamentos para uma mulher que preferiu ou não conseguiu amamentar, porque é realmente algo desafiador”, conclui.

“Amamentar é muito mais do que nutrir um bebê”, explica consultora de amamentação

Marilia Neves é nutricionista, consultora internacional em lactação IBCLC e responsável técnica pelo Banco de Leite Humano HC-UFU/EBSERH. Ela explica que os desafios mais comuns que as mães enfrentam durante este período envolvem dor para amamentar e a sensação de baixa produção de leite.

Além de uma investigação para entender as causas, Marilia fala sobre técnica. “Apesar de amamentar ser algo natural, em função da mulher que gestou produzir leite, colocar o bebê para mamar é algo que precisa ser aprendido e, se não tiver uma técnica correta de amamentação, pode causar muita dor”, explica.

A consultora conta que muitas mulheres acreditam que têm baixa produção de leite; no entanto, isso pode ser apenas uma sensação. A profissional auxilia na busca por essa resposta e afirma que o seio não é apenas leite.

“Amamentar é muito mais do que nutrir um bebê, é acolher, é maternar através da amamentação”, conclui.

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Campanha Agosto Dourado

A campanha Agosto Dourado foi criada em 1992 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

A cor dourada foi estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que considera o leite materno um “alimento de ouro”. No Brasil, a campanha de Agosto Dourado é instituída pela Lei Federal nº 13.345, de 12 de abril de 2017.

O leite materno é considerado o alimento mais completo para os bebês. Sacia a fome, contribui para a melhora nutricional, reduz a chance de obesidade, hipertensão e diabetes. Diminui os riscos de infecções e alergias, além de provocar um efeito positivo na inteligência e no vínculo entre mãe e bebê.

De acordo com a OMS, a recomendação é que os bebês sejam alimentados exclusivamente com leite materno até os 6 meses de idade. E que, mesmo após a introdução dos primeiros alimentos sólidos, sigam sendo amamentados até, pelo menos, os 2 anos de idade.

Agosto Dourado – Foto: Freepik

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) considera muito importante estimular a amamentação por suas vantagens nutricionais.

Segundo o Ministério da Saúde, o ato de amamentar é bom para a saúde do bebê e também para a saúde da mulher. Reduz as chances de sangramento pós-parto, de desenvolver anemia, câncer de mama e de ovário, diabetes e infarto do coração.

Além disso, a amamentação colabora para que a mulher perca mais rapidamente o peso que ganhou durante a gravidez.

Agosto Dourado: o que é a ‘Golden Hour’

A ‘Golden Hour’ ou ‘hora de ouro’ é a primeira hora da mãe com o recém-nascido. Com o intuito de possibilitar o contato da mãe com o bebê imediatamente após o parto, este momento foi idealizado para promover a continuação do vínculo que começou durante a gestação e ajudar o bebê na transição do útero para o ambiente externo.

Agosto Dourado: tipos de leite materno

O colostro é o primeiro leite. Rico em anticorpos e fundamental para o sistema imunológico do bebê. Ele é produzido em pequena quantidade, mas é altamente nutritivo.

O leite de transição ocorre durante a apojadura (descida do leite) e até 15 dias após o parto. Há um aumento da produção e maior teor de gordura.

O leite maduro apresenta diferentes características ao longo da mamada. Possui vitaminas, minerais e proteínas essenciais.

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