Cidades do Triângulo com risco climático e doenças ligadas ao clima terão prioridade em crédito de R$ 400 milhões

Uberlândia tem baixo risco para enchentes, mas alto para deslizamentos, segundo o AdaptaBrasil

, em Uberlândia

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Cidades do Triângulo Mineiro e do Alto Paranaíba enfrentam risco climático e problemas de saúde ligados ao clima, segundo o Sistema de Informações e Análises sobre Impactos das Mudanças Climáticas (AdaptaBrasil).

Uberaba, Ituiutaba e Frutal têm índices elevados para enchentes e alagamentos. Já Uberlândia e Uberaba aparecem com risco alto para deslizamentos de terra. Além disso, várias cidades da região também sofrem com risco de seca e apresentam índices preocupantes de doenças como malária e leishmaniose, que tendem a piorar com as mudanças climáticas.

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Uberlândia aparece com 0,65 no índice de deslizamentos, considerado alto pelo AdaptaBrasil – Crédito: Polícia Rodoviária Federal/Divulgação

Um programa de crédito, com orçamento de R$ 400 milhões, foi lançado para financiar obras e ações de adaptação em 414 municípios classificados como de alto risco climático pela plataforma AdaptaBrasil.

O investimento faz parte de uma linha de crédito criada pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) para ajudar cidades mais vulneráveis a se preparar contra desastres climáticos. O valor de R$ 400 milhões será destinado a obras e ações de prevenção, como construção de reservatórios de água, sistemas de drenagem urbana, contenção de encostas e recuperação de áreas verdes.

Os municípios com índices altos ou muito altos no AdaptaBrasil têm prioridade no acesso aos recursos, mas outras cidades também podem solicitar financiamento em linhas específicas do banco.

Dados na região

No índice de recursos hídricos, Uberlândia tem risco alto de seca (0,65), enquanto Uberaba (0,57), Ituiutaba (0,55) e Patrocínio (0,45) aparecem com risco médio. Já na saúde pública, os dados são mais preocupantes.

Frutal tem os índices mais altos da região, com Malária (0,83) e Leishmaniose Visceral (0,84) classificados como muito alto. Uberlândia registra risco muito alto para Leishmaniose Visceral (0,81) e alto para Malária (0,73). Ituiutaba também aparece com risco alto ou muito alto para as três doenças monitoradas.

Essa é a primeira vez que um banco de desenvolvimento brasileiro usa uma base pública nacional para selecionar municípios com maior vulnerabilidade climática.

“O AdaptaBrasil construiu pontes entre a ciência do mapeamento de risco e os entes públicos que utilizam essas informações para elaborar políticas”, explicou Jean Ometto, coordenador científico da plataforma.

Os recursos poderão ser usados em drenagem urbana, contenção de encostas, bacias de retenção, reservatórios, sistemas de irrigação e infraestrutura de conservação da água, além de apoiar projetos que podem indiretamente reduzir riscos à saúde associados a doenças tropicais.

Uberlândia tem risco baixo para enchentes, mas alto para deslizamentos

Uberlândia, que registrou apenas 0,39 no índice de inundações e alagamentos (baixo risco), não está entre as cidades prioritárias para esse tipo de evento. Porém, com o risco alto para deslizamentos (0,65), a cidade pode recorrer a outras linhas do BDMG para projetos de contenção de encostas e recuperação de áreas verdes.

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Leia Mais

Inundações, enxurradas e alagamentos

  • Uberlândia: 0,39 (baixo)
  • Uberaba: 0,66 (alto)
  • Araguari: 0,33 (baixo)
  • Ituiutaba: 0,61 (alto)
  • Frutal: 0,64 (alto)
  • Patrocínio: 0,54 (médio)

Deslizamento de terra

  • Uberlândia: 0,65 (alto)
  • Uberaba: 0,68 (alto)
  • Araguari: 0,57 (médio)
  • Ituiutaba: 0,59 (médio)
  • Frutal: 0,49 (médio)
  • Patrocínio: 0,35 (baixo)

Recursos Hídricos (seca)

  • Uberlândia: 0,65 (alto)
  • Uberaba: 0,57 (médio)
  • Araguari: 0,45 (médio)
  • Ituiutaba: 0,55 (médio)
  • Frutal: 0,38 (baixo)
  • Patrocínio: 0,45 (médio)

Saúde (doenças tropicais)

  • Uberlândia – Malária: 0,73 (Alto) | Leishmaniose Americana: 0,56 (Médio) | Leishmaniose Visceral: 0,81 (Muito Alto)
  • Uberaba – Malária: 0,74 (Alto) | Leishmaniose Americana: 0,57 (Médio) | Leishmaniose Visceral: 0,78 (Alto)
  • Araguari – Malária: 0,71 (Alto) | Leishmaniose Americana: 0,55 (Médio) | Leishmaniose Visceral: 0,68 (Alto)
  • Ituiutaba – Malária: 0,79 (Alto) | Leishmaniose Americana: 0,67 (Alto) | Leishmaniose Visceral: 0,77 (Alto)
  • Frutal – Malária: 0,83 (Muito Alto) | Leishmaniose Americana: 0,74 (Alto) | Leishmaniose Visceral: 0,84 (Muito Alto)
  • Patrocínio – Malária: 0,72 (Alto) | Leishmaniose Americana: 0,74 (Médio) | Leishmaniose Visceral: 0,65 (Alto)