Terra acelera nesta terça-feira e terá o dia mais curto do ano

Planeta vai girar mais rápido hoje (22) e encurtar o dia em 1,34 milissegundo; movimento semelhante já foi registrado no início de julho

, em Uberlândia

-

A Terra vai girar em uma velocidade um pouco acima do normal nesta terça-feira (22), fazendo com que vivamos o dia mais curto do ano até agora. O planeta levará 1,34 milissegundo a menos para completar uma volta em torno de seu próprio eixo, uma diferença imperceptível, mas suficiente para chamar a atenção da ciência. Um fenômeno parecido já havia ocorrido no início de julho, e outra “perda” de milissegundos está prevista para agosto.

📲 Siga o canal de notícias do Paranaíba Mais no WhatsApp

dia mais curto
Hoje (22) é a segunda vez no mês que 2025 registra o dia mais curto do ano – Crédito – Freepik/Divulgação

Embora o fenômeno não traga impacto direto para a vida cotidiana, ele chama a atenção da comunidade científica e reforça um comportamento que vem sendo registrado com mais frequência nos últimos anos.

A média de duração de um dia na Terra é de 86.400 segundos, o equivalente exato a 24 horas. Porém, nesta terça, a rotação será concluída alguns milissegundos antes. Para efeito de comparação, um piscar de olhos dura cerca de 300 milissegundos. Ou seja, o “tempo perdido” é muito mais rápido do que isso.

Essa aceleração não é um caso isolado. No último dia 9 de julho, o planeta também girou mais rapidamente, embora o encurtamento do dia tenha sido inferior ao registrado nesta terça. A próxima ocorrência semelhante já está prevista para o dia 5 de agosto.

A Terra está com pressa

Esse tipo de oscilação na rotação da Terra não é raro. Segundo os registros baseados em relógios atômicos, em uso desde a década de 1960, o dia mais curto até agora foi o de 29 de junho de 2022, quando a rotação terminou 1,59 milissegundos antes do habitual.

Até 2020, o recorde pertencia ao dia 5 de julho de 2005, com 1,0516 milissegundos a menos. Mas foi justamente em 2020 que o fenômeno se intensificou: a Terra registrou os 28 dias mais curtos já medidos, com destaque para 19 de julho daquele ano, quando a diferença chegou a 1,47 milissegundos.

Dia mais curto da história deve ocorrer nesta quarta-feira (9)
A Terra tem diminuído sua velocidade de rotação ao longo de bilhões de anos e acelerações momentâneas são possíveis – Crédito – Freepik/Divulgação

Apesar dos números precisos, cientistas ainda investigam as causas dessas acelerações. O que se sabe é que a rotação do planeta não é perfeitamente regular, e pode sofrer pequenas variações ao longo do tempo.

O que explica essa variação

De acordo com Fernando Roig, diretor do Observatório Nacional, a Terra, no geral, tem diminuído sua velocidade de rotação ao longo de bilhões de anos. Houve um tempo em que um dia durava cerca de cinco horas, de acordo com o pesquisador. No entanto, ele destaca que essa desaceleração não acontece de forma constante e que acelerações momentâneas, como a atual, são perfeitamente possíveis.

Entre os fatores que influenciam essa variação estão a atividade do núcleo fundido do planeta, o movimento dos oceanos e alterações na atmosfera. Mesmo com esse conhecimento, ainda não há consenso sobre o motivo exato dessas mudanças.

O que muda para a humanidade

Na prática, nada. Mas, em escalas de tempo maiores, essas variações podem somar alguns segundos ao longo dos anos, o que exige ajustes no tempo oficial. Desde 1973, o Serviço Internacional de Sistemas de Referência e Rotação da Terra (IERS) já adicionou 27 segundos bissextos aos relógios, com o objetivo de alinhar o tempo cronológico à rotação real do planeta.

Esses ajustes são feitos com base nos chamados “segundos bissextos”, que podem ser positivos ou negativos. Quando a Terra se atrasa, um segundo é acrescentado. Se o planeta girar mais rapidamente, como tem acontecido, esse segundo pode ser removido.

Se os dias mais curtos continuarem, em algum momento podemos precisar de um segundo bissexto negativo, explica o pesquisador Jones. “Mas não sabemos ainda se isso será necessário ou quanto tempo essa tendência vai durar.”