Dia Mundial dos Rios destaca a importância do rio Uberabinha para Uberlândia
Com 25 quilômetros percorridos no município de Uberlândia, a bacia conta com 49 afluentes, entre eles os ribeirões Beija-Flor, Bom Jardim e Rio das Pedras
O Dia Mundial dos Rios, celebrado anualmente no último domingo de setembro, reforça a importância de cursos d’água para a vida, a biodiversidade e o desenvolvimento sustentável. Criado em 2005 pela ONU o dia busca conscientizar a população sobre a necessidade de proteger os rios, promovendo ações contra a poluição e os impactos das mudanças climáticas.
O rio Uberabinha percorre 25 quilômetros do município e é o principal manancial para o abastecimento de água em Uberlândia. Decisivo para a formação histórica da cidade, no século XIX, a paisagem criada pelo rio possibilitou o desenvolvimento agrícola e urbano que sustentou as famílias pioneiras. Hoje, especialistas alertam para a preservação do curso d’água, ainda fundamental no fornecimento de água e energia.

A influência do rio Uberabinha na formação da cidade
Segundo Guilherme Corrêa, professor do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), a cidade cresceu a partir do vale escavado pelo rio. Os solos férteis derivados de basalto, encontrados em regiões como o Fundinho, garantiram a produção de alimentos em quintais, essenciais para a sobrevivência no século XIX.
“A região do Fundinho, e outras regiões antigas da cidade, são áreas que, por causa do trabalho de erosão natural do Uberabinha, foram formados de solos férteis, solos derivados de basalto. Então, antigamente, as casas tinham grandes quintais. As pessoas, para ter boa parte do que comiam eram através dos quintais, que é onde se plantava, plantava, criava animais”, explica Corrêa.
O rio, portanto, estruturava a base econômica e social dos primeiros moradores. Suas águas limpas eram usadas para lazer, como banhos e esportes. Um exemplo claro é

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A força na geração de energia
Com o crescimento da cidade, o rio Uberabinha passou a ter papel estratégico na geração de energia. Suas quedas d’água foram aproveitadas na construção de pequenas usinas hidrelétricas que abasteceram Uberlândia por décadas.
A Usina dos Martins é um dos exemplos mais marcantes e ainda hoje mantém relevância na matriz energética local. Essas iniciativas foram cruciais para a modernização da cidade, garantindo eletricidade em residências, comércios e indústrias. Atualmente, pequenas centrais hidrelétricas continuam a utilizar o potencial do rio.
Importância geográfica
A nascente do rio Uberabinha fica entre Uberaba e Uberlândia, a quase 900 metros de altitude. A geologia local, marcada por latossolos profundos do Planalto Central, funciona como reservatório natural e garante água mesmo na estação seca.
A bacia conta com 49 afluentes, entre eles os ribeirões Beija-Flor, Bom Jardim e Rio das Pedras. No médio curso, o rio forma planícies de inundação, capões de mata e lagoas temporárias. Também abriga quedas d´água como a de Sucupira, próximo ao captação de água do Dmae, além das Cachoeiras do Dias, dos Martins e de Malagone.
Desafios sobre o manancial
Apesar da importância, o rio enfrenta sérias ameaças, ligadas ao uso irresponsável de seus recursos. Corrêa afirma que “a vazão do rio Uberabinha vem diminuindo ao longo das décadas, seja pelo uso do solo e principalmente por um uso excessivo de irrigação”.
No espaço urbano, o lançamento de esgoto, a impermeabilização do solo e a falta de proteção da mata ciliar prejudicam a qualidade da água e aumentam a erosão. Em dias de chuva intensa, o rio recebe grande volume de água pluvial, sobrecarregando a calha e intensificando a degradação das margens.