Dia da Árvore destaca resistência das espécies do Cerrado ao fogo e à seca
Do ipê à lobeira, as espécies do Cerrado exibem adaptações que garantem resistência, biodiversidade e equilíbrio ecológico
No Dia da Árvore, celebrado neste domingo (21) o Paranaíba Mais destaca a força e a resiliência das espécies típicas do Cerrado, bioma que apesar de parecer frágil abriga uma vegetação altamente adaptada as condições extremas. A data, que antecede o início da primavera, busca conscientizar a população sobre a importância da preservação das florestas e do plantio de novas mudas.
Segundo a botânica e engenheira ambiental, Danúbia Soares, as árvores do Cerrado desenvolveram mecanismos únicos para sobreviver, as folhas duras ou ásperas ajudam a reter umidade, cascas espessas que protegem contra queimadas e, ainda a capacidade de rebrotar rapidamente após o fogo. Essas adaptações permitem que a vegetação suporte os distúrbios naturais do cerrado, especialmente o fogo. “Muitas árvores, embora pequenas acima do solo, abaixo dele são gigantescas”, explica. “Suas raízes podem alcançar dezenas de metros de profundidade, buscando água nos lençóis freáticos durante a estação seca.”
Essas estratégias de sobrevivência são cruciais para manter o equilíbrio ecológico e a biodiversidade do bioma, que sofre com períodos prolongados de estiagem e distúrbios frequentes, como queimadas naturais e provocadas. Para celebrar esta data, conheça sete espécies do Cerrado na região do Triângulo Mineiro:
Ipê
O ipê é uma das árvores mais admiradas no Brasil e pode alcançar de 20 a 30 metros de altura, com um tronco grosso e robusto. É conhecida pelas flores vibrantes de cores como amarelo, rosa, roxo e branco. Suas folhas, quando jovens, têm uma textura aveludada, mas depois ficam lisas e prateadas na parte de baixo, o que dá um charme especial mesmo fora da época da floração. As flores, que podem medir mais de 30 centímetros em conjunto, são de um amarelo intenso que transforma completamente a paisagem. Depois da floração, surgem frutos alongados e revestidos por uma fina camada aveludada, que carregam as sementes responsáveis por espalhar novas árvores.
Jacarandá
O jacarandá-do-cerrado é uma árvore típica do Cerrado, muito conhecida por sua madeira resistente e suas flores coloridas. Na natureza, pode chegar a 16 metros de altura, mas em áreas mais abertas ou em campos rupestres, às vezes não passa de 4 metros. Seu tronco é tortuoso e curto, e a copa costuma ser formada por ramos fortes e terminais de cor castanha, que se destacam na paisagem. Durante a floração, a árvore produz flores aromáticas, que variam do roxo-claro ao roxo-escuro, reunidas em cachos que chamam atenção e atraem diversos polinizadores.
Pequi
O pequi pode variar bastante de tamanho, em algumas regiões pode ultrapassar 10 metros de altura, já em outros locais não passam de um metro e meio. Essa diferença mostra como o ambiente influencia diretamente no desenvolvimento da planta. A copa é arredondada e espalhada, com galhos que, quando jovens, são cobertos por uma espécie de penugem. As folhas geralmente crescem em pares de três, sendo grandes e com aspecto aveludado. Esse conjunto de características faz do pequi uma árvore reconhecida no Cerrado, além de sua importância cultural e gastronômica.
Pau-terra
O pau terra é uma árvore que pode atingir até 30 metros de altura, embora em geral apresente tronco curto e retorcido, com cerca de cinco metros de comprimento. Sua copa é reduzida, mas formada por galhos grossos e fortes, que dão à árvore uma aparência marcante. A casca é grossa, as folhas são firmes, grandes e bem visíveis, principalmente pelo desenho de nervuras. Já as flores são grandes, de cor amarelo-ouro, destacando-se na paisagem. Os frutos, em forma de cápsulas lenhosas, contêm muitas sementes que se espalham pela natureza com a ajuda do vento.
Araticum

O araticum é uma espécie que pode variar bastante de tamanho, alcançando de 9 a 20 metros de altura, mas em alguns casos chega até 30 metros. Seu tronco pode ser reto e imponente quando está em meio à floresta, mas em áreas abertas tende a ser mais torto e curto. Os frutos do araticum são arredondados, de cor verde-amarelada quando maduros, e possuem uma polpa amarelada e muito perfumada. Apesar do sabor agradável, essa polpa tem efeito catártico, o que significa que pode causar desconforto intestinal, característica que deu origem ao apelido popular de “araticum-cagão”.
Barbatimão

O barbatimão ornamental, árvore de porte médio, pode atingir entre 8 e 10 metros de altura. A espécie ocorre principalmente em áreas de floresta de pinhais, desde o sul de São Paulo até Santa Catarina. É uma árvore resistente, de madeira dura e durável, bastante usada em projetos de reflorestamento e preservação ambiental. O barbatimão produz todos os anos uma grande quantidade de sementes, o que facilita sua propagação. Por ser uma espécie nativa e adaptada, é considerada ideal tanto para recuperação de áreas degradadas quanto para o paisagismo.
Lobeira

A lobeira, também conhecida como fruta do lobo, é bastante comum no cerrado brasileiro. Ela aparece em diferentes estados, como Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Bahia, São Paulo e Distrito Federal. Seu nome está diretamente ligado ao lobo-guará, já que parte da alimentação do animal é baseada no fruto. Para os seres humanos, a fruta não é agradável para o consumo direto, pois apresenta um sabor forte. No entanto, a lobeira tem grande valor culinário quando utilizada no preparo de doces e geleia.
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