Mortes por cólera aumentam 71% no mundo, alerta OMS

Mudanças climáticas e conflitos impulsionam a maior crise da doença; Brasil não registra surto de cólera desde 2005

, em Uberlândia
19/09/2024 ÀS 10H31
- Atualizado Há 3 horas atrás

A cólera, doença infecciosa grave transmitida por água e alimentos contaminados, apresentou um crescimento alarmante em 2023, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em um relatório recente, a organização destacou um aumento de 71% nas mortes e de 13% nos casos da doença em comparação ao ano anterior.

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Cólera no mundo aumenta
Número de mortes por cólera pode ultrapassar 100.000 em 2023 — Crédito: Freepik

O avanço da cólera está sendo impulsionado principalmente por conflitos armados e mudanças climáticas, que agravam as condições sanitárias em diversas regiões do mundo.

Philippe Barboza, chefe da equipe de cólera da OMS, afirmou em entrevista ao The New York Times que mais de 4.000 pessoas morreram em 2023 por conta da doença, mas o número real pode ser maior.

Países afetados por cólera sobem em 2023

A organização estima que os óbitos podem ter ultrapassado 100.000 ao longo do ano passado. A gravidade da situação é causada pelo aumento do número de países afetados: 45 nações enfrentaram surtos de cólera em 2023, em comparação com 35 em 2021.

O continente africano se destacou pelo aumento expressivo de casos da doença. Em 2023, a região registrou uma alta de 125% nos casos em relação ao ano anterior.

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Fatores como inundações e secas têm exacerbado a disseminação da cólera, especialmente no sul da África, onde a falta de acesso à água potável obriga as populações a utilizarem fontes contaminadas, propiciando a propagação da doença.

Além disso, nove países foram identificados como epicentros de grandes surtos, com mais de 10.000 casos confirmados ou suspeitos em cada um.

Afeganistão, Bangladesh, República Democrática do Congo, Etiópia, Haiti, Malawi, Moçambique, Somália e Zimbábue estão entre as nações mais afetadas.

Caso de cólera no Brasil

No Brasil, um caso autóctone de cólera foi confirmado em março de 2024, na cidade de Salvador. O Ministério da Saúde informou que o paciente, que apresentou sintomas como diarreia e desconforto abdominal, não representa mais risco de transmissão desde o dia 10 de abril, após ser tratado.

Mas, o diagnóstico desse caso trouxe preocupação entre os especialistas. Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, ressaltou que o caso é um alerta sério, principalmente em áreas onde o saneamento básico é precário.

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Chebabo reforçou a necessidade de vigilância reforçada em regiões vulneráveis, bem como nas cidades brasileiras com maior risco de disseminação da doença. A OMS já havia alertado para o avanço da cólera em nível global, e o Brasil, apesar de não registrar surtos expressivos desde 2005, deve redobrar as atenções devido ao risco de introdução da bactéria por viajantes ou migrantes.

O que é a cólera?

A cólera é uma infecção intestinal aguda causada pela bactéria Vibrio cholerae, transmitida pela ingestão de água ou alimentos contaminados com fezes. A doença geralmente provoca diarreia leve, mas pode se manifestar de forma grave, com desidratação severa e risco de morte se não tratada rapidamente.

Cólera no mundo
Doença é transmitida através de água contaminada — Crédito: Freepik

O período de incubação da cólera varia de algumas horas a até cinco dias após a exposição à bactéria de acordo com o Ministério da Saúde. O tratamento para a doença é focada na reidratação do paciente. A administração de líquidos e sais de reidratação oral (SRO) é eficaz na maioria dos casos.

Nos quadros mais graves, pode ser necessário o uso de fluidos intravenosos e, em alguns casos, antibióticos para acelerar a recuperação. A prevenção passa pelo acesso à água potável e saneamento básico, além de cuidados com a higiene.

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