As necessidades e os problemas que afligem a segunda maior cidade de Minas Gerais: Uberlândia
As necessidades e os problemas que afligem a segunda maior cidade de Minas Gerais: Uberlândia
Dois casos envolvendo a relação entre pais e filhos chocaram Uberlândia neste mês de julho. De um lado, um pai que mata o filho, do outro, um que tentou vender a própria filha em um bar da cidade.
Casos trágicos, crimes que revoltam e causam comoção. Impossível não se sensibilizar com essas vítimas tão inocentes e vulneráveis. Duas crianças, uma de 5 anos e outra de quase 3, que só dependiam de afeto, de acolhimento e da responsabilidade dos seus responsáveis legais.
Vamos aos fatos…
O primeiro caso foi noticiado em primeira mão pelo Paranaíba Mais no dia 4 de julho. A Polícia Militar prendeu o rapaz de 25 anos após denúncia de que ele estava maltratando a criança e chegou a oferecê-la por R$ 65 a um dos clientes do estabelecimento comercial. Ele continua preso e já foi indiciado pelos crimes, incluindo abandono de incapaz.
Os familiares relataram que ele sempre foi um bom pai e tratava a criança bem. Segundo a polícia, no dia do crime, ele apresentava sinais de embriaguez e possivelmente estava sob efeitos de drogas. Ele ainda tentou agredir os militares com uma faca, que foi apreendida.
A avó do homem falou com a TV Paranaíba e negou que o neto tenha oferecido a criança. Disse que, na verdade, ele usa medicamentos controlados e tentou vender o celular devido a bebidas. Mas que ele nunca foi assim.
A Polícia Civil não teve a mesma conclusão e o investigado foi indiciado por prometer a entrega da filha para um terceiro, mediante pagamento. Ele continua preso e a criança entregue à família materna.
Ainda que esse pai não tenha oferecido a menina, é inegável tamanha falta de zelo.
A segunda circunstância foi ainda mais cruel. O homem de 38 anos solicitou a visita do filho e o matou a sangue-frio, com cortes de faca na garganta. A vítima tinha sinais de asfixia e estava com uma fita adesiva na boca, que provavelmente foi usada para que o menino não gritasse.
Foi a mãe dessa criança a primeira pessoa a presenciar a tragédia e acolher o filhinho no colo, sem vida. O pai do menino usou uma corda para tirar a própria vida em seguida.
Dói muito. Dói demais só de pensar a mãe sendo forçada a encontrar o pequeno nessas condições. O luto materno é compartilhado e eu espero muito que ela possa encontrar forças de algum lugar para tentar superar tanta brutalidade, já que o vazio dificilmente será preenchido.
Além da covardia que une esses dois homens, há outra semelhança entre eles que eu ouso destacar.
Nos bastidores da cobertura jornalística, pessoas próximas aos pais relatam que eles sempre foram boas pessoas e de uma paternidade admirável. No entanto, o comportamento começou a mudar após terminarem o relacionamento com a mãe das crianças.
Começaram a ficar tristes, mais introspectivos e, por vezes, agressivos. Não vou justificar que a separação ou eventual depressão foram a causa para tudo. NADA é justificativa para maltratar ou assassinar um inocente, quiçá um filho.
Apenas convido todos a algumas reflexões:
Por que os homens se sentem tão inseguros e impotentes a ponto de não aceitar bem um término?
Por que a paternidade tóxica é tão negligenciada pela sociedade?
Onde nós [e falo da humanidade em geral] erramos ao educar homens tão emocionalmente irresponsáveis e criminosos?
Algo tem que mudar.
Esse é um apelo urgente de uma mulher, mãe e jornalista que não aguenta mais noticiar tanta barbaridade, como a de um pai que mata o filho ou do que tenta vender a própria filha para sustentar algum vício.