As necessidades e os problemas que afligem a segunda maior cidade de Minas Gerais: Uberlândia
As necessidades e os problemas que afligem a segunda maior cidade de Minas Gerais: Uberlândia
Uma moradora do bairro Canaã relatou a frustração com a rede pública de saúde de Uberlândia após enfrentar dificuldades no SUS com o tratamento do filho, de 11 anos, que sofre de epilepsia.
Após interromper o tratamento particular, por dificuldades financeiras, ela tentava há muito tempo uma consulta pelo SUS. O nome do paciente foi colocado na lista de espera entre 2020 e 2021, e a consulta, finalmente, foi marcada para este outubro de 2024 no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU).
Acontece que ao dar o nome do filho, foi informada de que o sistema estava fora do ar e a consulta teria que ser adiada.
Poderia ser um problema isolado ou uma má-sorte dessa família. Mas foi bem mais grave que isso, visto que o filho está sem medicação há quase três anos e precisa de laudos médicos para a escola – que pressiona a mãe – e para a inscrição no programa social Loas, que poderia ajudar financeiramente a família.
Para agravar a angústia dessa mãe, o filho passou a ter crises frequentes, especialmente no ambiente escolar. Para que a criança passe a ter acompanhamento especial, também precisa dos laudos médicos atualizados.
“É muito triste o que está acontecendo. O menino deu crise lá, ausência no cérebro, ele para, você conversa com ele e ele não vê nada. Eu estou com relatório aqui da escola que me entregaram esses tempos atrás, mas como é que eu vou fazer? Para quem eu vou entregar esse relatório? Sendo que ele nem passou pela consulta ainda”, relatou a mulher à coluna.
Os remédios que a criança deveria tomar custam em média R$ 800, motivo pelo qual a família também depende do tratamento na rede pública porque não consegue custeá-los mais.
O problema dessa mãe foi, parcialmente, solucionado. O HC-UFU confirmou que houve uma falha no servidor no dia 9 de outubro e assegurou que todos os pacientes que compareceram no horário agendado foram atendidos, com exceção do paciente que foi feito o reagendamento.
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A usuária do SUS alegou que realmente sofreu um imprevisto no dia e atrasou um pouco à consulta do filho. Ela precisava fazer um deslocamento de mais de uma hora de transporte público, da zona oeste à leste da cidade, com o filho que demanda cuidados especiais.
Disse ainda que chegou a ligar antes para ver se poderia ir mesmo com o atraso e não foi impedida, muito menos informada sobre erro no sistema. Chegou ao HC, deu com os burros n’água.
Todo mundo sabe que os atendimentos nas unidades públicas de saúde ocorrem raramente com pontualidade, devido à alta demanda e problemas corriqueiros como falta de médicos, insumos, defeito em equipamentos, falhas em sistemas, etc.
Além disso, não seria no mínimo razoável considerar tudo o que esse paciente esperou, as necessidades dele e o que a mãe passou para se deslocar à unidade? O sistema, de uma forma em geral, não se importa com nada disso.
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Felizmente, foi feito um encaixe com marcação em um pedaço de papel improvisado. A consulta enfim ocorreu na última semana. A criança conseguiu um retorno para janeiro, para que os exames sejam atualizados para os devidos laudos e o tratamento iniciado.
Pena que são mais três meses de espera somados aos três anos. Ainda que o reagendamento tenha sido feito, o caso dessa família ilustra como falhas estruturais podem tardar tratamentos e agravar condições de saúde já delicadas, gerando sofrimento, angústia e ainda mais vulnerabilidade para pacientes do SUS.
Preciso mencionar que acesso à saúde é um direito fundamental a qualquer pessoa e precisa ser tratado com total prioridade?