A luta de uma mãe contra o sistema 

Falha na rede do SUS atrasa laudos e tratamento de criança com epilepsia em Uberlândia

21/10/2024 ÀS 11H47

- Atualizado Há 8 horas atrás

Uma moradora do bairro Canaã relatou a frustração com a rede pública de saúde de Uberlândia após enfrentar dificuldades no SUS com o tratamento do filho, de 11 anos, que sofre de epilepsia.

Após interromper o tratamento particular, por dificuldades financeiras, ela tentava há muito tempo uma consulta pelo SUS. O nome do paciente foi colocado na lista de espera entre 2020 e 2021, e a consulta, finalmente, foi marcada para este outubro de 2024 no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU).

Acontece que ao dar o nome do filho, foi informada de que o sistema estava fora do ar e a consulta teria que ser adiada.

Poderia ser um problema isolado ou uma má-sorte dessa família. Mas foi bem mais grave que isso, visto que o filho está sem medicação há quase três anos e precisa de laudos médicos para a escola – que pressiona a mãe – e para a inscrição no programa social Loas, que poderia ajudar financeiramente a família.

Para agravar a angústia dessa mãe, o filho passou a ter crises frequentes, especialmente no ambiente escolar. Para que a criança passe a ter acompanhamento especial, também precisa dos laudos médicos atualizados.

“É muito triste o que está acontecendo. O menino deu crise lá, ausência no cérebro, ele para, você conversa com ele e ele não vê nada. Eu estou com relatório aqui da escola que me entregaram esses tempos atrás, mas como é que eu vou fazer? Para quem eu vou entregar esse relatório? Sendo que ele nem passou pela consulta ainda”, relatou a mulher à coluna.

Os remédios que a criança deveria tomar custam em média R$ 800, motivo pelo qual a família também depende do tratamento na rede pública porque não consegue custeá-los mais.

O problema dessa mãe foi, parcialmente, solucionado. O HC-UFU confirmou que houve uma falha no servidor no dia 9 de outubro e assegurou que todos os pacientes que compareceram no horário agendado foram atendidos, com exceção do paciente que foi feito o reagendamento.

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A usuária do SUS alegou que realmente sofreu um imprevisto no dia e atrasou um pouco à consulta do filho. Ela precisava fazer um deslocamento de mais de uma hora de transporte público, da zona oeste à leste da cidade, com o filho que demanda cuidados especiais.

Disse ainda que chegou a ligar antes para ver se poderia ir mesmo com o atraso e não foi impedida, muito menos informada sobre erro no sistema. Chegou ao HC, deu com os burros n’água.

Sistema SUS cai
Rede do SUS caiu e reagendamento foi improvisado por atendente do HC – Foto: Arquivo pessoal

Todo mundo sabe que os atendimentos nas unidades públicas de saúde ocorrem raramente com pontualidade, devido à alta demanda e problemas corriqueiros como falta de médicos, insumos, defeito em equipamentos, falhas em sistemas, etc.

Além disso, não seria no mínimo razoável considerar tudo o que esse paciente esperou, as necessidades dele e o que a mãe passou para se deslocar à unidade? O sistema, de uma forma em geral, não se importa com nada disso.

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Consulta reagendada pelo SUS

Felizmente, foi feito um encaixe com marcação em um pedaço de papel improvisado. A consulta enfim ocorreu na última semana. A criança conseguiu um retorno para janeiro, para que os exames sejam atualizados para os devidos laudos e o tratamento iniciado.

Pena que são mais três meses de espera somados aos três anos. Ainda que o reagendamento tenha sido feito, o caso dessa família ilustra como falhas estruturais podem tardar tratamentos e agravar condições de saúde já delicadas, gerando sofrimento, angústia e ainda mais vulnerabilidade para pacientes do SUS.

Preciso mencionar que acesso à saúde é um direito fundamental a qualquer pessoa e precisa ser tratado com total prioridade?

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