Reagir a assalto: ato de coragem ou sensação de insegurança em Uberlândia?

Três situações envolvendo vítimas de roubo que reagiram aos crimes ocorreram em Uberlândia no último mês

07/06/2024 ÀS 10H54

- Atualizado Há 4 semanas atrás

No mês passado tivemos aqui em Uberlândia três casos inusitados que repercutiram bastante nas redes sociais. As três situações têm algo em comum: o ato de reagir a assalto.

Dois deles podemos considerar que as vítimas tiveram sucesso na sua intenção e o crime acabou sendo interrompido. No terceiro, no entanto, o funcionário de um supermercado no bairro Segismundo Pereira acabou sendo baleado por um dos criminosos.

O primeiro caso foi o de um motorista que presenciou o assalto em andamento no bairro Umuarama, no dia 14 de maio. A testemunha engatou a marcha à ré e atingiu o assaltante que estava parado sobre a motocicleta.

No dia seguinte, um casal foi abordado por dois ladrões no bairro Jardim Brasília. As duas vítimas partiram para cima dos criminosos para impedir que o veículo conquistado com tanto suor fosse levado. As imagens do circuito de segurança gravaram tudo e viralizaram uma semana depois. O caso foi destaque em rede nacional.

Por fim, o funcionário de um estabelecimento da zona leste da cidade acabou sendo atingido por dois disparos de arma de fogo no dia 21 de maio.

A vítima precisou ser internada, mas felizmente sem gravidade. Um dos tiros pegou de raspão no pescoço e o outro atingiu o antebraço do trabalhador. Mas ele está bem, recuperando em casa.

Casos envolvendo reação a assalto em Uberlândia
Circuitos gravaram vítimas reagindo aos assaltos em três bairros da cidade no mês de maio – Foto: TV Paranaíba/Reprodução

Por que NÃO reagir a assalto?

A orientação das forças de segurança é nunca reagir a assalto, pois o risco à integridade física e à vida é claro. Mas meu intuito aqui não é fazer nenhum julgamento a essas vítimas, muito pelo contrário, é tentar levantar a reflexão de o porquê reagir a assalto mesmo sabendo dos riscos.

A conduta, com certeza, é instintiva. Isso é fato! O sentimento de perder algo em uma sociedade que perdemos tanto o tempo todo certamente leva muitas pessoas, naquela situação de vulnerabilidade de um crime, se sentirem na necessidade de reaver o que é seu por direito.

Dificilmente, naquele momento de tensão, a pessoa pensa “ainda que eu morra, prefiro tentar impedir que meu bem seja levado”. É preciso considerar que muitas vezes pode ser um simples ato de reflexo ou defesa durante uma situação de perigo.

Sensação de insegurança na cidade

Aí entra outro problema também. O casal, por exemplo, chegou a relatar que tentou fazer o boletim de ocorrência e sequer foi atendido. Muita gente quando aciona a imprensa relata que chamou a polícia para informar sobre um crime, mas não foi atendido ou a viatura demorou a chegar no local.

Que a estrutura das polícias está defasada e as corporações se encontram desgastadas, inclusive em uma suposta “greve velada”, não é segredo para ninguém.

Agora, é importante considerar que o direito à segurança é uma garantia fundamental a todo e qualquer cidadão brasileiro, resguardada pela Constituição Federal.

Percebo que há um sentimento de insegurança que permeia os moradores da cidade. O ímpeto de reagir a assalto também pode estar ligado a isso. Querer fazer por receio de não haver uma busca policial rápida ou investigação criminal posterior, por exemplo.

Na próxima semana, haverá troca de comando da 9ª Região da Polícia Militar (RPM). Os novos comandantes terão a missão de olhar para essas questões rotineiras, que, em muitas vezes, a atuação policial tem deixado a desejar.

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