Pesquisa Eleitoral: torture os números e eles dirão o que você quer ouvir

De uma pesquisa eleitoral há de se extrair riqueza volumosa de informações. A TV Paranaíba contribui para este processo há mais de 2 décadas. E desde 2012 dá a largada nas rodas de conversas de pleitos municipais, mesmo antes das convenções, amparada por institutos renomados de relevância nacional – antes o Ibope, agora o IPEC – com mesmo grupo de inteligência estatística do anterior.

Ainda não temos CANDIDATOS. Caporezzo, Dandara, Gilberto, Leonídio e Paulo Sérgio figuram na condição de pré-candidatos, posição conferida a partir de uma autodeclaração da intenção de sê-lo. E assim se apresentam à sociedade a fim de tornarem-se conhecidos e posteriormente credenciados a disputar a eleição.

Os resultados dessa primeira rodada são a fotografia do momento, junho de 2024.

Tem uma jornada longa até 6 de outubro, domingo de 1º turno da votação. Mas o que esses números nos dizem com a frieza de uma análise imparcial? Vamos lá:

• O triplo empate técnico – Dandara, Paulo e Leonídio – indica que Uberlândia terá segundo turno após 20 anos. A última vez que assistimos a esse fenômeno foi em 2004, quando da primeira eleição de Odelmo Leão. Em 2008, 2012, 2016 e 2020 a fatura foi liquidada de uma só vez, ou seja, os vencedores tiveram acima de 50% dos votos válidos já no primeiro turno;

• A eleição está aberta. A pesquisa TV Paranaíba/Ipec abre olhos e ouvidos dos núcleos de campanha para os deveres de casa que precisam ser feitos por todos os grupos políticos;

• Que dupla irá para o segundo turno em 2024? Seria leviano cravar qualquer palpite hoje. Mas há conjecturas. Temos 2 candidatos de centro, 1 candidata de esquerda e 1 candidato de direita em condições de avançar. Diante dessas possibilidades, é factível pensar em 2 candidatos de centro se enfrentando, 1 de centro contra 1 de direita, 1 de centro contra 1 de esquerda, 1 de esquerda contra 1 de direita – essa última hipótese repetindo um cenário nacional de ampla rivalidade, lulistas x bolsonaristas;

• Odelmo Leão é, provavelmente, o único líder político daqui desse canto de Minas Gerais com autoridade para influenciar o eleitor em sua decisão. Mantém-se no patamar de 90% de avaliação ótima/boa/regular, que se repete desde o fim da década de 2000. Seria reeleito facilmente se pudesse concorrer a novo mandato, o que a legislação eleitoral brasileira não permite;

• O candidato do prefeito, atualmente seu vice, tem rejeição baixa. A mais baixa de todas. Isso é bom, mas demonstra uma dependência grande de Paulo Sérgio do apoio do mandatário pra fazer seu nome se tornar mais conhecido, além dos seus feitos como parceiro de vários mandatos;

• Dandara tem rejeição elevada, comum para quem é a única candidata de esquerda com reais chances no páreo, já que Adenie, do radical PSTU, é figurinha carimbada de outras eleições e que, dada a fragilidade de sua sigla sem representação no Congresso, não decola. Dandara enfrentaria muitas dificuldades num segundo turno contra a centro-direita, que certamente se uniria contra o PT e seus aliados;

• Leonídio é segunda opção de uma fatia expressiva do eleitorado. Isso lhe dá o título de maior crescimento potencial. Se isso vai se converter em votos, é cedo pra afirmar;

• O apoio de Lula, neste momento, não agrega. Mas o fato de o partido do presidente da República ter uma candidatura própria em Uberlândia retém as atenções da militância petista, que é expressiva;

• Zema não tomou lado. Disse aos mais próximos que só deve prestar apoio em eventual segundo turno. Talvez por isso a pesquisa identifique, por ora, pouca influência dele na intenção de voto do eleitor uberlandense. Isso só deve se alterar mais pra frente;

• O ex-presidente Bolsonaro disse que o candidato dele é Caporezzo, do mesmo partido – o PL. Mas brincou, quando aqui esteve em março, que o candidato dele seria Odelmo – se pudesse se recandidatar – antigo companheiro de Congresso. Conviveram na Câmara dos Deputados por quase 30 anos. Por enquanto, o nome do ex-presidente com direitos políticos cassados, não empolga o eleitorado local para alavancar Caporezzo.

Faça com os números o que quiser. Cada candidato pode usufruir deles da maneira que mais lhe convier. Seja pra defender os apoios de que dispõem, potenciais de crescimento, baixas rejeições, desconhecimento do eleitor em relação ao seu nome, força das agremiações a que estão ligados. Torture os números. Eles confessarão o que você quiser que eles digam.