Piangers: o papai é pop

Marcos Piangers pisou em solo uberlandense semana passada e trouxe a reboque carisma e fofura que ele carrega num tom de voz, por vezes, derramado em açúcar ao falar das filhas.

Não foi a primeira vez em que ele esteve aqui. Aliás, isso é um momento à parte de sua apresentação, pois ele lembra da Denise, uma atendente do café da manhã do hotel onde esteve hospedado.

A moça que lhe abriu um largo sorriso e permitiu sua entrada mesmo após o encerramento do expediente. Denise é prova de que não somos robôs e que empatia e simpatia prevalecerão sempre ante a ameaçadora mão de obra disponibilizada pela Inteligência Artificial (IA).

Por falar em IA, assisti ao Piangers falar de IA pela terceira vez numa sequência de 2 semanas. Nas anteriores, nas vozes do publicitário Walter Longo, num painel no Rio de Janeiro, e do empreendedor Junior Borneli, da StartSe Corporate, a convite da ACIUB e Sebrae em Uberlândia.

Ouvindo todos eles, estou convencido de que IA não nos substituirá. Mas perderemos nossos postos de trabalho para pessoas que dominarem essa ferramenta.

Walter Longo pôs a IA debaixo do braço, investiu num software chamado Mixo e agora se gaba de dispor de qualquer imagem pensada numa fração de 8 segundos. E assim montou sua apresentação de 1 hora de duração e cento e poucos slides.

O Borneli é craque, visionário e aguerrido. Com sua escola de conhecimento faz questão de compartilhar o que aprendeu porque é de uma safra que não teme dividir o Saber. Quer mesmo é multiplicá-lo para ter, cada vez mais, pessoas sendo pessoas, não máquinas. Para as máquinas o trabalho de máquinas, que não somos.

E é neste cerne que volto ao papai pop. Autor do best seller que inspirou o filme, estrelado por Lázaro Ramos e Paolla Oliveira, Piangers priorizou família e defende que alimentar-se de amor em fartas doses diariamente é seu ganha-pão. Não acredita em dinheiro à frente de relações.

Vasculhe as redes sociais desse torcedor do Figueirense (@piangers). Barriga-verde que se orgulha das origens, migrou para o estado vizinho, o Paraná, e reside em Curitiba, depois de uma atitude corajosa ao deixar seu trabalho na Globo – no eixo SP/Rio – porque isso o mantinha distante do crescimento de Anita e Aurora, seus troféus.

A filosofia é simples:

• Família é muito mais do que pessoas que nascem num mesmo núcleo;
• Criamos paredes desnecessárias na educação de nossos filhos;
• Voltar pra casa é muito mais prazeroso que ganhar dinheiro;
• E a consagração de um pai é ser o herói de suas crias.

Mas que raios tudo isso tem a ver com IA?

Quando Piangers se referiu a “robôs” para identificar o que a atendente do hotel não é, ele nos fez enxergar que a inteligência artificial é um acumulado de informações que nós, seres humanos, fornecemos para a construção de um vasto banco de dados ao longo de décadas.

A Alexa na cabeceira da cama, a Siri do Mac ou o ChatGPT sem o qual não conseguimos mais viver, respondem a tudo com coisas que ensinamos. E com uma rapidez estupenda. Cruzam informações, correlacionam números para fornecer-nos estatísticas a fim de projetar tendências.

Então pra quê gastarmos tempo e massa encefálica com isso? Deixa o banco de dados trabalhar e fazer a atividade mecânica (no sentido metafórico da palavra, claro).

A nós caberão os sentimentos, a manifestação desses sentimentos, que por vezes não são previsíveis e jamais caberão numa pronta resposta alexiana ou chatgepetiana.

Pra nós fica a parte gostosa, de deixar pra depois o relatório na hora que a filha pede colo, de sorrir para quem te fez uma gentileza inesperada, de sentir o cheiro de pitanga amadurecida e vermelhinha na porta da casa do vizinho, tomando-a para si, escondido, sem ninguém ver.

IA não é para temer, é para dispor. Assim a gente tem tempo pra ser pop para os nossos filhos.