Não tem dinheiro? Faz um cheque!

Invencionices e promessas vazias sem fundos

06/09/2024 ÀS 09H51

- Atualizado Há 1 semana atrás

Meu pai era comerciante na minha cidade, lá no sul da Bahia, nas décadas de 1970 e 1980. Além de cuidar das lojinhas que consertavam aparelhos eletrônicos da época, era presidente do CDL, o Clube de Dirigentes Lojistas. Naquela época se chamava assim mesmo, Clube. Por causa das duas atividades, carregava talões de cheques sempre consigo. Almoçava no restaurante, passava um cheque. Pagava os funcionários com cheques. As compras no supermercado, as viagens, os lanchinhos. Cheque, cheque, cheque.

E quando eu e minha irmã pedíamos algo e ele dava a desculpa do tipo “Hoje eu tô sem dinheiro”, a gente dizia “Faz um cheque”. Esse imaginário infantil é passível de perdão porque realmente a gente acreditava que dinheiro nascia em árvore. Desculpas aceitas. O que não dá é escutar isso de gente que quer gerir nossas cidades.

Essa temporada louca de propaganda política Brasil afora é época de ouvir groselhas de todos os tipos e tamanhos. Candidatos que não sabem cuidar do próprio orçamento doméstico e fazem compromissos com coisas absurdas e completamente improváveis.

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Vou dar só alguns exemplos de promessas sem argumentos consistentes de caixa:

  • Tarifa zero para o transporte público, ou seja, ônibus de graça, pra todo mundo. Como é que paga isso? Não sei, depois a gente vê.
  • Aumentar a quantidade de médicos e enfermeiros nas UAIS pra ninguém mais esperar atendimento. Chegou, entrou no consultório, sai de lá rapidinho com receita na mão. Dinheiro pra contratar os novos profissionais? Ahhhh!!!! O município é rico.
  • Creche pra todas as crianças com carro na porta pra buscar e devolver e deixar as mães tranquilas pra trabalhar. Tem condição de fazer isso? Uai, por que não fizeram até hoje? Sei lá.
  • Não vi promessa ainda de trazer o mar pro Cerrado. Mas ainda tem 1 mês de campanha pela frente, né? Quem sabe?

O duro é ter certeza que 100 dias após a posse, depois que acaba a lua de mel dos eleitos com os eleitores, na primeira oportunidade, o danado do prefeito vai dizer que “na verdade, não é bem assim, o cobertor é curto, tem que ter responsabilidade com o dinheiro público, que o importante é manter a cidade limpa, os salários em dia, parará, pororó”.

Pai, faz um cheque. E tá tudo resolvido.

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