Justiça com as próprias mãos: uma solução ou parte do problema?

Quando a sensação de impunidade resulta no desespero de alguns e vira tragédia para outros

13/09/2024 ÀS 08H55

- Atualizado Há 5 dias atrás

Ontem fomos surpreendidos pela notícia, e imagens, de uma suposta vítima da criminalidade em Uberlândia tentando resolver as coisas a seu modo, o famoso fazer justiça com as próprias mãos.

O motorista que andava armado pelo bairro Lídice se deparou com o suspeito na via pública, sacou a arma e atirou para matar, embora o boletim policial fosse registrado como lesão corporal. As câmeras da rua Jammil Tannus mostraram tudo e mostraram também o atirador fugindo em seguida.

Nas redes sociais, o pseudo justiceiro vem sendo aclamado por muitos uberlandenses. Alguns até o incitam a voltar ao local e “terminar o serviço”.

A vítima, de 40 anos, é morador em situação de rua e ao que tudo indica estava apenas catando recicláveis na região. A principal suspeita, segundo a polícia, é de que o homem tenha sido confundido com um ladrão.

Nós sabemos que aquela região é uma das que mais sofrem com os constantes furtos à fiação. Sabemos também que o empresário da cidade não aguenta mais acumular prejuízos com tanto dano ao patrimônio. Como filha de comerciante e jornalista que acompanha e escreve sobre segurança pública, eu valido muito esses sentimentos de impunidade e insegurança, digo de antemão.

Mas também é de conhecimento geral que fazer justiça com as próprias mãos é crime e não faz do cidadão, perante a lei, menos criminoso que o próprio ladrão.

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Justiça com as próprias mãos: violência que gera violência

Além do enorme risco de vitimar um inocente – ou mesmo que o andarilho do bairro Lídice tivesse culpa no cartório – ninguém tem o direito de fazer julgamento paralelo para punir o outro, muito menos com a vida. Aqui eu faço um adendo sobre a violência gerar violência: estamos entrando na terceira semana seguida com registros de homicídios e tentativas de assassinatos na cidade.

Para julgar e punir existe o Poder Judiciário e o sistema penitenciário. Se eles não funcionam com a celeridade e o rigor que gostaríamos, temos meios legais e mais justos de cobrar do Estado. Agora, fazer justiça com as próprias mãos representa mais do que uma grande inversão de valores. Coloca em xeque a nossa própria noção de civilidade e justiça.

Nunca foi e nem será a solução.

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