Faltou transparência? Técnica de enfermagem passa em processo seletivo, mas é impedida de trabalhar

Profissional prestou processo seletivo em Uberlândia e chegou a abrir conta bancária como solicitado pela entidade

26/06/2024 ÀS 12H33

- Atualizado Há 1 semana atrás

Uma técnica de enfermagem da cidade de Tupaciguara passou em um processo seletivo aqui de Uberlândia para contratação imediata, o grande problema é que, mesmo apta ao cargo e selecionada em todas as fases do processo, ela não pôde trabalhar.

A profissional preferiu não se identificar, mas junto a uma fonte da área da saúde, relatou à coluna como toda a situação constrangedora aconteceu.

O processo de seleção foi realizado pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), organização que gerencia algumas unidades de saúde da rede municipal de Uberlândia.

Assim que soube da vaga, a técnica de enfermagem rapidamente se candidatou. Ela foi aprovada nas provas prática e teórica, recebeu diversas mensagens e e-mail atestando sua aprovação. A candidata chegou a fazer até exame admissional e abrir a conta bancária solicitada, sendo considerada apta ao cargo, mas foi barrada no dia da integração, na última semana.

Técnica de enfermagem foi informada da aprovação
Técnica de enfermagem foi informada da aprovação, passou no admissional e chegou a abrir conta bancária

A justificativa dada pela equipe recrutadora era que a aprovada já havia sido demitida em outra ocasião e que há uma política da empresa em não recontratar demitidos.

A demissão da funcionária aconteceu em 2022, coincidentemente, segundo ela, após ter questionado a sobrecarga das escalas na UAI em que ela trabalhava.

De toda forma, vida seguiu e ela não sabia que havia essa política de não contratar novamente. Na publicação sobre o processo seletivo, a informação realmente não consta.

Entre os técnicos de enfermagem da rede e entidades representativas, até então, essa regra também não era de conhecimento para esse tipo de contrato imediato, mas já chegou a constar nos editais dos processos públicos, com aplicação das provas a centenas de candidatos simultaneamente.

Isso também não é um grande problema assim. Pode ser que haja esse pré-requisito mesmo, mas os recrutadores teriam esquecido de informar na hora de divulgar as vagas e aprovar os candidatos.

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Outro problema é que a mulher trabalhava como cuidadora de idosas e abriu mão da atividade para poder assumir o novo cargo. Ela chegou a fazer vários deslocamentos de Tupaciguara até Uberlândia para fazer o processo.

“Eu passei em todas as etapas, coletei exame, passei no admissional, abri conta bancária que eles pediram, entreguei toda a documentação, parei de trabalhar aqui na minha cidade, já estava até olhando casa para mudar e, no dia de fazer a integração, eles me informam que eu não poderia mais assumir a vaga. Fizeram eu gastar tempo, dinheiro, fora o desgaste emocional”, desabafou.

No dia de levar a documentação, a técnica de enfermagem disse que a atendente viu que ela tinha duas matrículas, tendo sido questionada se haveria algum empecilho para a sua nova contratação. A trabalhadora, no entanto, teria garantido que isso não era problema e deu andamento no processo.

SPDM X técnica de enfermagem: contrapontos

A coluna procurou a SPDM e a assessoria de comunicação respondeu por email a seguinte nota:

A Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina – SPDM informa que, de acordo com a política institucional, não é permitido readmitir ex-funcionários que tenham sido desligados por iniciativa da instituição. Vale ressaltar que, no início da etapa presencial, a equipe de recursos humanos informa mais uma vez os candidatos sobre a regra da não contratação destes colaboradores.

No entanto, a candidata garante que no processo para a determinada vaga isso não foi informado. E, caso ela soubesse, jamais teria se desgastado até tal ponto correndo o risco de não ser chamada.

Ela avalia buscar os seus direitos na esfera judicial. Eu levei o caso a alguns advogados que alegaram ser passível de judicialização, à medida que for comprovado os danos sofridos pela profissional.

Esse é um impasse que me parece ter esbarrado na falta de transparência e poderia ter sido facilmente evitado se a política fosse mais clara aos candidatos. A associação garante que o impeditivo é comunicado sempre na etapa presencial. Mas foi mesmo?

E se tivesse sido, por que a candidata seguiu sendo aprovada em todas as etapas? Esse controle precisava ser feito internamente, não externamente.

O que a gente espera é que não aconteça nos próximos processos seletivos, porque a saúde de Uberlândia não pode esperar e todo reforço no quadro de funcionário é bem-vindo.

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