As necessidades e os problemas que afligem a segunda maior cidade de Minas Gerais: Uberlândia
As necessidades e os problemas que afligem a segunda maior cidade de Minas Gerais: Uberlândia
Uma técnica de enfermagem da cidade de Tupaciguara passou em um processo seletivo aqui de Uberlândia para contratação imediata, o grande problema é que, mesmo apta ao cargo e selecionada em todas as fases do processo, ela não pôde trabalhar.
A profissional preferiu não se identificar, mas junto a uma fonte da área da saúde, relatou à coluna como toda a situação constrangedora aconteceu.
O processo de seleção foi realizado pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), organização que gerencia algumas unidades de saúde da rede municipal de Uberlândia.
Assim que soube da vaga, a técnica de enfermagem rapidamente se candidatou. Ela foi aprovada nas provas prática e teórica, recebeu diversas mensagens e e-mail atestando sua aprovação. A candidata chegou a fazer até exame admissional e abrir a conta bancária solicitada, sendo considerada apta ao cargo, mas foi barrada no dia da integração, na última semana.
A justificativa dada pela equipe recrutadora era que a aprovada já havia sido demitida em outra ocasião e que há uma política da empresa em não recontratar demitidos.
A demissão da funcionária aconteceu em 2022, coincidentemente, segundo ela, após ter questionado a sobrecarga das escalas na UAI em que ela trabalhava.
De toda forma, vida seguiu e ela não sabia que havia essa política de não contratar novamente. Na publicação sobre o processo seletivo, a informação realmente não consta.
Entre os técnicos de enfermagem da rede e entidades representativas, até então, essa regra também não era de conhecimento para esse tipo de contrato imediato, mas já chegou a constar nos editais dos processos públicos, com aplicação das provas a centenas de candidatos simultaneamente.
Isso também não é um grande problema assim. Pode ser que haja esse pré-requisito mesmo, mas os recrutadores teriam esquecido de informar na hora de divulgar as vagas e aprovar os candidatos.
Outro problema é que a mulher trabalhava como cuidadora de idosas e abriu mão da atividade para poder assumir o novo cargo. Ela chegou a fazer vários deslocamentos de Tupaciguara até Uberlândia para fazer o processo.
“Eu passei em todas as etapas, coletei exame, passei no admissional, abri conta bancária que eles pediram, entreguei toda a documentação, parei de trabalhar aqui na minha cidade, já estava até olhando casa para mudar e, no dia de fazer a integração, eles me informam que eu não poderia mais assumir a vaga. Fizeram eu gastar tempo, dinheiro, fora o desgaste emocional”, desabafou.
No dia de levar a documentação, a técnica de enfermagem disse que a atendente viu que ela tinha duas matrículas, tendo sido questionada se haveria algum empecilho para a sua nova contratação. A trabalhadora, no entanto, teria garantido que isso não era problema e deu andamento no processo.
A coluna procurou a SPDM e a assessoria de comunicação respondeu por email a seguinte nota:
A Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina – SPDM informa que, de acordo com a política institucional, não é permitido readmitir ex-funcionários que tenham sido desligados por iniciativa da instituição. Vale ressaltar que, no início da etapa presencial, a equipe de recursos humanos informa mais uma vez os candidatos sobre a regra da não contratação destes colaboradores.
No entanto, a candidata garante que no processo para a determinada vaga isso não foi informado. E, caso ela soubesse, jamais teria se desgastado até tal ponto correndo o risco de não ser chamada.
Ela avalia buscar os seus direitos na esfera judicial. Eu levei o caso a alguns advogados que alegaram ser passível de judicialização, à medida que for comprovado os danos sofridos pela profissional.
Esse é um impasse que me parece ter esbarrado na falta de transparência e poderia ter sido facilmente evitado se a política fosse mais clara aos candidatos. A associação garante que o impeditivo é comunicado sempre na etapa presencial. Mas foi mesmo?
E se tivesse sido, por que a candidata seguiu sendo aprovada em todas as etapas? Esse controle precisava ser feito internamente, não externamente.
O que a gente espera é que não aconteça nos próximos processos seletivos, porque a saúde de Uberlândia não pode esperar e todo reforço no quadro de funcionário é bem-vindo.