Como ficarão os reajustes dos servidores no Regime de Recuperação Fiscal?

Projeto que autoriza o Estado a aderir ao Regime de Recuperação Fiscal da União foi aprovado em primeiro turno pela Assembleia Legislativa de Minas

16/07/2024 ÀS 19H50

- Atualizado Há 2 meses atrás

Um dos pontos de maior controvérsia com relação a proposta enviada pelo governador Romeu Zema a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) era entender como ficarão os possíveis e futuros reajustes salariais dos servidores públicos do estado durante a vigência do Regime de Recuperação Fiscal (RRF).

A proposta foi aprovada pela ALMG em primeiro turno nesta segunda-feira (15) após um grande esforço do governo e da mesa diretora da assembleia. Era necessária a maioria simples dos deputados, ou seja, mais de 50% dos parlamentares presentes, o projeto recebeu 33 votos favoráveis e 22 contrários.

A oposição não conseguiu emplacar nenhum das quase 70 emendas ao projeto que foram apresentadas mas conseguiu mobilizar os servidores que lotaram as galerias da assembleia. A principal preocupação deles é com relação aos reajustes salarias. O projeto enviado pelo governador terá validade por nove anos, então, serão nove anos de contas apertadas e arrocho financeiro. Isso inclui a possibilidade que o governo terá de conceder aumento nos salários dos servidores.

A lei federal que criou o RRF exige que os credores da união apresentem propostas de pagamento e deem demonstrações de que estão realmente dispostos a quitar a dívida. Isso inclui, por exemplo, a limitação de novos concursos públicos, aumentos salariais e venda de empresas públicas.

No caso dos salários, especificamente, a proposta estabelece que durante toda a vigência do plano (nove anos) só poderão haver dois reajustes salarias gerais para os servidores. A oposição alega que durante quase uma década os salários ficarão defasados, foi esse o motivo da maioria das emendas propostas: garantir o reajuste anual dos servidores.

O governo argumenta que essa regra não é tão cristalizada assim e pode ser alterada em determinadas situações. Segundo a base governista a depender dos acontecimentos no futuro, poderá haver a proposição de reajustes. Porém a certeza é apenas de dois aumentos e os servidores ficarão sem qualquer garantia.

Outro ponto no debate é que o governo terá uma certa tranquilidade nas negociações com o funcionalismo público. Isso porque ficará muito confortável negociar com os servidores quando a própria lei poderá ser usada como justificativa: existe um limite que o impede de, mesmo querendo, fazer uma proposta de reajuste.

servidores regime de recuperação fiscal
Servidores públicos lotaram galerias da ALMG durante votação do Projeto de Lei que autoriza adesão ao Regime de Recuperação Fiscal do Governo Federal Crédito: Daniel Protzner/ALMG

A pressa do governo em aprovar a medida é por causa do prazo dado pelo STF para voltar a pagar as parcelas da dívida. A suspensão dos pagamentos já foi prorrogada diversas vezes e, caso o RRF não fosse aprovado, o estado teria que retomar os pagamentos que hoje somam aproximadamente R$ 6 bilhões mensalmente, o que comprometeria muito o orçamento do estado.

Paralelo a isso tem uma proposta encabeçada pelo senador Rodrigo Pacheco tramitando no Congresso Nacional. O problema é que a proposta ainda depende de aprovação das duas casas legislativas e sanção presidencial. Só que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já sinalizou que vai propor mudanças no projeto o que deixou Pacheco irritado pois, segundo o senador, o texto foi costurado com o governo o tempo todo.

O que é o RRF?

Criado pela Lei Complementar Federal 159, de 2017, o Plano de Recuperação Fiscal exige a instituição de mecanismos para limitar o crescimento anual das despesas primárias do Estado, como a folha de pagamento do funcionalismo público, por exemplo.

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