Ai, que preguiça, Mario Sergio Cortella!

Macunaíma, Grande Otelo e as elucubrações sensacionais de Mario Sergio Cortella

13/08/2024 ÀS 19H20

- Atualizado Há 2 meses atrás

Cinquenta anos de sala de aula, iniciados ainda como estudante de filosofia. Mario Sergio Cortella celebra seu jubileu de ouro dedicado, como ele tem a honra de dizer, ao exercício do magistério. Ele se identifica como professor, orgulhosamente.

Em sua mais nova aparição em Uberlândia, Cortella falou para um público de 300 atentos espectadores, dentre os quais, eu. Embevecido por sua eloquência. O único instrumento tecnológico à mão: o microfone. Nem uma projeção sequer, nem um papelzinho com anotações. Uma hora de fala segura, precisa, com extrema autoridade sobre as mudanças velozes de nossa sociedade motivadas por cenários turbulentos.

Mario Cortella
Mario Cortella em Uberlândia – Crédito: Rogério Silva

Chega a ser curioso ver um ser de tamanho equilíbrio falar sobre turbulência. E Cortella tem envergadura para isso. E é prazeroso vê-lo invocar Clarice Lispector para seus argumentos: “Aquilo que não sei é a minha melhor parte”.

A sede por conhecimento que se retrata na figura de uma criança que corre ao seu encontro no saguão de um aeroporto, agarra suas pernas e diz: “Eu gosto de você porque me fala coisas que eu não sei”, conta a todos nós com muita emoção, com um sonoro “Ohhhhhhhhhhhhhhh…” da plateia em resposta. Quase um coro!

A vida é muito curta para ser pequena

Mario Sergio Cortella saca da sua mente fantástica a frase do pensador inglês do século 19 Benjamin Disraeli: “A vida é muito curta para ser pequena”.

Com 70 anos de idade, Cortella quer algo grandioso. Não para ele. Mas para poder compartilhar dentro de seu compromisso consigo mesmo. E emenda Fernando Pessoa com sua marca registrada: “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.

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E sobre a turbulência das transformações que nos atordoa dessa contemporaneidade dinâmica, faz questão de dizer que não sabe dirigir e não tem WhatsApp. Mas atraiu a atenção do garotinho no aeroporto por conta de um vídeo que gravou, amparado por sua equipe, que atingiu 2 milhões de visualizações. Onde? No TikTok.

O autor de “Qual é a tua Obra?” teve a delicadeza de trazer ainda em suas citações o uberlandense Sebastião Prata, nosso Grande Otelo. E entre um raciocínio e outro, lembra de Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, de Mário de Andrade. O personagem do modernismo brasileiro revelou o monstro do cinema novo que demorou a falar. E quando abriu a boca disse: “Ai, que preguiça!!!”.

É escolha nossa encarar essa turbulência de cenários com mudanças velozes ou sentar no banquinho e suspirar: “Ai, que preguiça!!!”.

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