Conteúdos do universo esportivo local e nacional, além de análises de desempenho no futebol
Conteúdos do universo esportivo local e nacional, além de análises de desempenho no futebol
Falar de seleção brasileira é sempre polêmico, pois cada torcedor é uma espécie de “treinador” interno. O brasileiro gosta de palpitar do goleiro até o atacante.
No entanto, alguns temas ganharam destaques nas últimas semanas, ainda mais se fizermos um contratempo com as seleções europeias.
E sim, um raio pode cair duas vezes no mesmo lugar. Já não bastava o Endrick ser o novo talento brasileiro, agora a bola da vez é o garoto Estevão. A joia de alviverde, de apenas 17 anos, chama a atenção pela sua qualidade e pelo seu potencial.
Na ausência de Endrick que desfalcou o Palmeiras devido a sua convocação para a Copa América, Estevão, em seu primeiro ano de profissional, coleciona partidas chamando a responsabilidade para si.
O garoto protagonizou lances semelhantes aos de Neymar quando surgiu no Santos em 2008. Com muita habilidade, agilidade e ousadia, o atacante recém promovido ao profissional impressionou o treinador Abel Ferreira e a torcida palmeirense.
Além disso, seus lances chegaram no velho continente, mais precisamente em Londres. O Chelsea despertou interesse no atleta e desembolsou 60 milhões de euros (R$ 350 milhões) para garantir que a promessa vestisse a camisa londrina.
Vale lembrar que segundo a nossa legislação trabalhista, a partir dos 16 anos qualquer pessoa pode assinar um contrato de trabalho, conforme o art. 403, CLT.
É válido reforçar a Lei Pelé (Lei nº 9.615/98), específica dos atletas profissionais de futebol e de outras modalidades. No art. 29, ela expressa a seguinte normativa:
Art. 29. A entidade de prática desportiva formadora do atleta terá o direito de assinar com ele, a partir de 16 (dezesseis) anos de idade, o primeiro contrato especial de trabalho desportivo, cujo prazo não poderá ser superior a 5 (cinco) anos.
Portanto, ficou claro que com 16 anos pode-se assinar um contrato profissional, seja ele nacional ou internacional, mas apenas com 18 os atletas podem ir para o exterior.
Que o Brasil é o país do futebol todos sabemos, logo, diversos craques surgem por aqui e são vendidos antes de completarem a maioridade. Vinicius Junior e Rodrygo, ambos do Real Madrid, foram outros atletas que foram vendidos nos mesmos moldes de Estevão.
Mas você pode estar pensando “se ele é tão novo assim e já foi vendido por uma quantia milionária, por qual motivo ele não está na seleção brasileira?”
É aí que entramos no ponto principal da discussão.
Em 2010, na Copa do Mundo da África, o técnico Dunga foi bastante criticado por não ter levado Neymar e Ganso para a seleção brasileira. Ambos, bem novos, estavam jogando em alto nível no Santos.
E hoje em dia, 14 anos depois, o debate vem à tona novamente. Primeiro foi com o Endrick. O atacante do Real Madrid sobrava na época das categorias de base do Palmeiras e subiu para o profissional surpreendendo a todos. Não à toa foi vendido para o maior time do mundo.
E após jogar bem os amistosos preparatórios para a Copa América, a minutagem do garoto na seleção brasileira foi baixa na Copa América, surgindo questionamentos.
Outro ponto que está em alta é sobre introduzir Estevão no ciclo de 2026. Se pegarmos o histórico da nossa seleção, dificilmente os jogadores mais novos são convocados, pois os treinadores sempre alegam “cuidado” para não queimá-los devido a pressão.
Entretanto, se fizermos uma volta ao mundo, podemos ver grandes seleções convocando jogadores novos para fazerem parte do elenco principal:
Falando exclusivamente dentro das quatro linhas, podemos afirmar que jogar na seleção brasileira tem seu peso, pois vivemos em uma época que a geração não contribui. Os torcedores saudosistas sempre fazem comparações com o passado e isso pode pesar no mental de um jovem.
Porém, é inegável que uma das soluções seria encaixar jogadores mais novos no ciclo 2026 e prepará-los para a Copa do Mundo.
Estevão é um talento fora da curva para sua geração. Jogadores do nível dele são convocados pelas seleções europeias, logo, ele tem que ser convocado pela seleção brasileira.
Não é absurdo achar que ele entregaria mais que o Raphinha na seleção. O absurdo é ficar só imaginando suposições enquanto a seleção coleciona vexames perdendo o respeito.
Ciclos se encerram e alguns jogadores não merecem mais vestir a camisa amarela.
Bento poderia assumir a vaga do Alisson. Marquinhos poderia ser substituído pelos jovens Murillo ou Beraldo. Danilo pode ceder a vaga para Yan Couto.
E vários outros nomes surgirão durante os anos. O que não podemos aceitar são os talentos ficarem de fora para nomes que não rendem como antes.
O preço que o Brasil paga por se prender ao passado é enorme. Enquanto isso, os europeus vão se distanciando na qualidade do futebol e se aproximando da seleção brasileira pentacampeã mundial na prateleira de trodéus.