Trabalho análogo a escravidão: idosa de 76 anos é resgatada após 25 anos de exploração
Nos primeiros 20 anos, a idosa recebia meio salário mínimo por mês e, nos últimos cinco anos, não recebeu nenhum pagamento
Uma mulher de 76 anos foi resgatada em Ubá, na Zona da Mata mineira, após 25 anos de trabalho análogo a escravidão. Nos primeiros 20 anos, a idosa recebia meio salário mínimo por mês e, nos últimos cinco anos, não recebeu nenhum pagamento. A operação foi conduzida pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Minas Gerais (SRTE/MG), com apoio do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Polícia Federal (PF).

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Trabalho análogo a escravidão
A vítima exercia as funções de empregada doméstica e cuidadora de uma idosa de 74 anos desde o início de seu vínculo, em 2000. Com o agravamento do estado de saúde da empregadora, os pagamentos foram interrompidos, e os filhos da idosa deixaram de assumir qualquer responsabilidade financeira, abandonando a mãe sob os cuidados exclusivos da trabalhadora.
Ela dormia em um quarto pequeno ao lado da empregadora e estava disponível para atender às necessidades da idosa a qualquer hora, inclusive à noite. Mesmo após o falecimento da patroa, continuou cuidando da casa da família, até a intervenção da fiscalização.
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Intervenção e direitos garantidos
Após a ação de fiscalização, os auditores determinaram o encerramento imediato do vínculo e a regularização de todos os direitos trabalhistas desde o início da relação. Além disso, a idosa receberá três parcelas do seguro-desemprego, benefício garantido a vítimas de trabalho análogo à escravidão.
A fiscalização também resultou em 13 autos de infração, e os empregadores foram notificados a regularizar o FGTS e demais pendências. A Promotoria de Justiça e o Creas de Ubá acompanham o caso para garantir que a mulher tenha moradia e suporte adequados.
Aposentadoria atrasada e danos
Conforme informações do MPT, a idosa poderia ter se aposentada por idade em 2012, caso seus direitos tivessem sido respeitados. Ela perdeu 13 anos de contribuição previdenciária, além de sofrer danos físicos e emocionais decorrentes da exploração prolongada. O Ministério do Trabalho e Emprego informou que as investigações ainda estão em andamento.
Minas Gerais lidera nova Lista Suja de trabalho escravo
A mais recente atualização da Lista Suja do trabalho escravo, divulgada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), confirma Minas Gerais como o estado com o maior número de empregadores autuados por submeter trabalhadores a condições análogas à escravidão.
Segundo o levantamento, 33 dos 159 nomes incluídos em 2025 estão em Minas, representando mais de 20% do total nacional. As principais atividades envolvidas são criação de gado, cultivo de café e trabalho doméstico.
O MTE também aponta que, entre 2020 e 2025, 1.530 trabalhadores foram resgatados em ações de fiscalização, e que houve um aumento de 20% no número de empregadores na lista em relação à edição anterior.