Quem é o Careca do INSS, lobista preso em operação da PF
Empresário Antônio Carlos Camilo Antunes é apontado como operador de fraudes milionárias contra aposentados e pensionistas
A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira (12) o empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, e o também empresário Maurício Camisotti, em uma operação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ambos são suspeitos de articular um esquema de desvio de recursos que atingiu aposentados e pensionistas em todo o país, movimentando dezenas de milhões de reais em contratos fraudulentos.

Apesar do apelido, Antunes nunca fez parte do quadro do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Ele construiu sua influência como lobista, utilizando uma rede de 22 empresas, muitas delas sociedades de propósito específico, para intermediar contratos com sindicatos e associações. Segundo a PF, entre 2022 e 2024, o grupo movimentou R$ 53,58 milhões, dos quais pelo menos R$ 9,33 milhões teriam sido repassados a servidores do Instituto ou pessoas próximas a eles.
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A trajetória pessoal de Antônio Carlos permanece envolta em mistério. Pouco se sabe sobre sua origem, idade, família ou formação. O que se conhece oficialmente está nos relatórios da Polícia Federal e em documentos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, que chegou a enfrentar dificuldades para localizá-lo e intimá-lo. O lobista também tentou, sem sucesso, impedir na Justiça o uso do apelido que o tornou conhecido.
O contraste entre a renda declarada, cerca de R$ 24 mil por mês, e o patrimônio de luxo levantou suspeitas da Polícia Federal. Em maio, a polícia apreendeu veículos de alto padrão, como Porsche, BMW e Land Rover, em endereços ligados a ele. Além disso, investigadores descobriram uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, usada para blindagem patrimonial.
O empresário também manteve proximidade com figuras políticas. Em 2023, reuniu-se com o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, e chegou a registrar visitas ao Congresso Nacional, embora parte desses acessos tenha sido mantida sob sigilo pelo Senado, decisão posteriormente contestada pela CPMI.
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Já Maurício Camisotti é apontado como beneficiário das fraudes. Ele nega envolvimento e, por meio de sua defesa, classificou a prisão como arbitrária, afirmando que vai recorrer. O advogado Nelson Willians também foi alvo da operação, investigado por movimentações financeiras consideradas atípicas pelo Coaf, que somam R$ 4,3 bilhões entre 2019 e 2023.
A prisão de Antunes marca uma nova etapa na investigação que busca desarticular uma das redes mais influentes e sofisticadas de lobby e corrupção envolvendo o setor previdenciário no Brasil.