MP inclui delegada em ação sobre morte de gari e pede bloqueio de bens do casal
Empresário confessou o crime; promotoria aponta que arma usada era de propriedade da esposa, que também poderá responder na Justiça
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pediu à Justiça o bloqueio de R$ 3 milhões em bens do empresário Renê da Silva Nogueira Júnior e de sua esposa, a delegada Ana Paula Lamego Balbino. O órgão entende que ela responder solidariamente pela morte do gari Laudemir de Souza Fernandes, assassinado a tiros em Belo Horizonte no dia 11 de agosto.
O empresário confessou o crime, alegando desentendimento no trânsito, e afirmou ter usado a arma particular da delegada sem o conhecimento dela.

O pedido, apresentado nesta terça-feira (19), busca garantir eventual indenização à família da vítima. A promotoria sustenta que a pistola calibre .380 utilizada no homicídio está registrada em nome da delegada, o que justificaria sua inclusão no processo. Além disso, a acusação considera que o padrão de vida do casal e seus rendimentos comprovam capacidade de arcar com uma indenização de grande porte, e alerta para o risco de gastarem o patrimônio em excesso após a repercussão do caso.
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Morte de gari e confissão
Preso em flagrante no mesmo dia, Renê Júnior inicialmente negou participação no crime, mas mudou a versão em depoimento na segunda-feira (18), quando admitiu ter efetuado o disparo. A Polícia Civil informou que ele alegou ter atirado após uma discussão no bairro Vista Alegre. O gari foi atingido no tórax enquanto trabalhava e chegou a ser socorrido, mas não resistiu.
Testemunhas relataram que, antes de atirar, o empresário ameaçou a motorista do caminhão de lixo. Após o crime, ele saiu do local em um carro BYD cinza e foi encontrado horas depois em uma academia de luxo, no bairro Estoril, onde foi preso.
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Imagens e rotina após o disparo
Câmeras de segurança registraram o suspeito chegando à empresa em Betim logo após o crime, cumprimentando colegas e retornando mais tarde para casa. Já no prédio, ele teria guardado a arma em uma mochila e, em seguida, saído para passear com os cachorros, demonstrando aparente normalidade.
Crédito: Câmeras de segurança/Portal R7/Divulgação
Arma da delegada e investigação interna
A pistola calibre .380 usada no assassinato pertence à delegada da Polícia Civil de Minas Gerais Ana Paula Lamego Balbino e é de uso particular, sem relação com o armamento fornecido pela corporação. A Corregedoria da Polícia Civil abriu apuração para avaliar a conduta da servidora e a guarda da arma. Em depoimento, Renê Júnior declarou ter se apoderado do armamento sem o conhecimento da esposa.
Renê Júnior responde por homicídio duplamente qualificado e ameaça contra a motorista do caminhão. A Justiça avalia o pedido de bloqueio de bens solicitado pelo MPMG. A delegada Ana Paula, por sua vez, é alvo de investigação da Corregedoria e, caso a ação seja acolhida, também poderá ser responsabilizada financeiramente.