Julgamento da tragédia da família Monare começa nesta quarta-feira (24), em Araguari
Após quase sete anos de espera, ré acusada de causar o acidente que matou três pessoas será ouvida no Tribunal do Júri
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O aguardado julgamento do caso da família Monare acontece nesta terça-feira (24) no Fórum de Araguari. O processo, que se arrasta desde 2018, apura as responsabilidades pelo acidente que matou três membros da mesma família na BR-050 e deixou como único sobrevivente um menino de 6 anos, encontrado dois dias depois do acidente, deitado à beira da rodovia.
A sessão está marcada para as 10h e contará com depoimentos das testemunhas de acusação e defesa, além da própria ré, que responde ao processo em liberdade. Ela é acusada de dirigir embriagada e sem habilitação no momento do acidente, além de omitir socorro.

A magistrada responsável pelo caso indeferiu o pedido de participação da ré por videoconferência, o que significa que ela terá de comparecer presencialmente ao julgamento. A expectativa é que os jurados decidam se a conduta será enquadrada como homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar, ou como homicídio culposo, quando não há intenção.
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Relembre o caso da família Monare
No dia 7 de outubro de 2018, a viagem de volta da família Monare, que retornava de Rio Quente (GO) para Campinas (SP), terminou em uma das maiores tragédias já registradas na BR-050. O carro em que estavam Alessandro, Belkis e os dois filhos foi atingido por outro veículo, saiu da pista e caiu em uma vala de cerca de três metros de profundidade. O local era de difícil visualização e só foi descoberto quase 48 horas depois.

Segundo registros da TV Paranaíba, a cena que marcou o país foi protagonizada pelo motorista Valdécio, que localizou o filho mais novo, Benjamin, então com 6 anos, deitado de bruços às margens da rodovia, com as mãos cruzadas no peito e o corpo encharcado pela chuva. O menino estava descalço, com sinais de frio intenso, e contou que passou a noite tentando “subir a montanha”, como chamou o barranco de terra, até alcançar o acostamento para pedir ajuda.

Ainda de acordo com o relato exibido no Balanço Geral, após ser resgatado, Benjamin apontou o local onde o carro havia caído. O motorista Valdécio encontrou pedaços do veículo e, ao se aproximar, localizou os corpos dos pais e do irmão mais velho, Samuel. A cena emocionou moradores da região, que já estava mobilizada nas buscas pela família.
O caso rapidamente ganhou repercussão nacional e levantou uma série de questionamentos. Testemunhas disseram ter visto um segundo carro envolvido na batida e marcas de pneus foram encontradas na lataria do veículo, levantando a suspeita de uma batida antes da queda. O Ministério Público Federal acompanhou as investigações e chegou a apurar se houve negligência por parte da concessionária que administra a rodovia, já que familiares haviam alertado sobre o desaparecimento da família ainda no domingo.

Benjamin foi levado para o Hospital de Clínicas de Uberlândia, onde recebeu tratamento para desidratação e acompanhamento psicológico. Atualmente, ele vive com os avós maternos e se tornou símbolo de resistência para os familiares, que ainda buscam justiça para que o caso tenha um desfecho.