“Jesus da Sibéria” é condenado e irá cumprir pena em campo de prisioneiros
Sergei Torop, que dizia ser a reencarnação de Cristo, liderava um grupo religioso e foi sentenciado a 12 anos por abusos psicológicos e financeiros
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Vestido de branco, com longos cabelos e barba espessa, o ex-policial de trânsito Sergei Torop, conhecido como jesus da Sibéria, atraiu milhares de seguidores ao se declarar a reencarnação de Jesus Cristo. Fundador de uma comunidade religiosa isolada na Sibéria, ele ficou conhecido como “Vissarion” — nome que, segundo os fiéis, significa “aquele que dá nova vida”. Trinta anos após o início da criação do grupo, ele e dois auxiliares foram condenados por abusos físicos, psicológicos e extorsão de seguidores, e agora irão cumprir pena em um campo de prisioneiros de segurança máxima na Rússia.
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Torop, hoje com 64 anos, criou a chamada Igreja do Último Testamento em 1991, logo após a dissolução da União Soviética, em um momento de crise econômica, incerteza e desamparo social. Foi nesse cenário que ele emergiu com promessas de redenção espiritual e esperança, atraindo milhares de pessoas para uma vida de isolamento em um assentamento nas montanhas de Krasnoyarsk, batizado pelos membros como “Morada da Aurora” ou “Cidade do Sol”.
O grupo estabelecia regras rígidas: nada de carne, álcool, cigarro, palavrões ou dinheiro. Em documentário de 2017, Vissarion negava qualquer acusação, mas imagens revelavam uma estrutura de controle social rígida, com indícios de que meninas filhas de seguidores eram preparadas para se tornarem “noivas dignas” dentro da comunidade.

A queda do “Jesus da Sibéria” começou em 2020, quando uma operação coordenada pelo FSB, agência sucessora da KGB, prendeu Torop e seus dois principais auxiliares — Vladimir Vedernikov e Vadim Redkin. O trio foi acusado de causar graves danos físicos e psicológicos a dezenas de fiéis. Segundo o Comitê de Investigação da Rússia, pelo menos 16 vítimas sofreram dano moral, seis sofreram lesões graves e uma teve danos físicos moderados.
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Na última segunda-feira (30), o Tribunal de Novosibirsk anunciou a sentença: Torop e Vedernikov foram condenados a 12 anos de prisão, enquanto Redkin, considerado cofundador do grupo religioso, recebeu 11 anos. Todos cumprirão pena em campo de prisioneiros de segurança máxima na Rússia. Além disso, os três terão que pagar cerca de 40 milhões de rublos (cerca de R$ 2,78 milhões) em indenizações.
Apesar da condenação, os acusados negam todas as irregularidades. Mas para a Justiça russa, o líder que dizia ser Cristo usou sua influência espiritual para manipular e explorar pessoas em busca de fé.