Empresário é investigado após apreensão do segundo maior diamante do país no Triângulo

Oswaldo Borges da Costa Netto, de 53 anos, é apontado como suposto comprador da gema de 646,78 quilates, apreendido e investigado sob suspeita de furto e desvio

, em Uberlândia

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O empresário Oswaldo Borges da Costa Netto, de 53 anos, conhecido como Wado Borges, é alvo de investigação após ser apontado como suposto comprador de um diamante de 646,78 quilates, o segundo maior já registrado no Brasil. Avaliado em R$ 60 milhões, a pedra foi apreendida no fim de agosto pela Polícia Federal (PF) e pela Agência Nacional de Mineração (ANM). O caso é investigado sob suspeita de furto e desvio, conforme apurado pelo Estado de Minas.

A reportagem entrou em contato com as empresas mineiras Minasmáquinas, Forbi Holding e Serra Norte Mineracões, as quais Oswaldo Borges Netto é sócio, mas o mesmo não foi localizado em nenhuma delas.

segundo maior diamante do país
PF e ANM investigam empresário após retenção de diamante raro no Triângulo Mineiro – Crédito: Redes Sociais/Reprodução

A ação ocorreu em 27 de agosto quando a pedra receberia o Certificado do Processo Kimberley (CPK), documento exigido para exportação legal. Agentes da ANM e policiais federais retiveram o diamante, que estava em nome da Diadel Mineração. O processo administrativo que apura as irregularidades corre sob sigilo.

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Vídeos e suspeitas no mercado

Nas redes sociais circulam vídeos em que Wado Borges apareceria com a gema em situações como dentro de um avião sobrevoando Coromandel, assinando documentos e revelando a pesagem do diamante. Negociadores afirmam que parte do pagamento não teria sido concluída e que por esse motivo surgiram ameaças e insatisfações, agravadas com a apreensão da pedra.

Origem do 2º maior diamante

A principal linha de investigação é se o diamante teria sido furtado em Araguari e levado para Coromandel para “esquentar” a documentação via Diadel Mineração. Não se sabe se Wado Borges teria atuado apenas como comprador ou se estaria envolvido na etapa anterior da operação.

A família do garimpeiro responsável pela descoberta do diamante gigante em Coromandel contesta as suspeitas sobre a origem da gema. Em entrevista ao Paranaíba Mais, o filho do minerador afirma ter encontrado a pedra e disse que a denúncia teria sido motivada por uma desavença particular, e não pela procedência da peça.

“Essa denúncia foi feita para prejudicar o comprador, é um problema pessoal. Minha família sabe que estão agindo de má-fé e ele (o denunciante) vai ter que provar. Nós, que somos da família, sabemos a verdade”, afirmou.

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Negócio abaixo do valor estimado

Enquanto a venda foi especulada entre R$ 16 milhões e R$ 18 milhões, especialistas apontam que a pedra poderia alcançar até R$ 60 milhões em leilão internacional. A disparidade de valores, somada à ausência de publicidade na negociação, levantou a suspeita de que a operação buscava rapidez antes de questionamentos sobre a procedência.

Histórico dos envolvidos

A Diadel tem como sócio-administrador Carlos César Manhas, 63 anos, ligado ao mercado internacional de diamantes. Ele já foi condenado em 2002 por receptação de pedras da Reserva Indígena Roosevelt, área de garimpo ilegal.

Oswaldo Netto,  conhecido como Wado Borges, por sua vez, é filho de Osvaldo Borges da Costa Filho, o “Osvaldinho”, ex-presidente da Codemig. O empresário construiu fama como intermediador de diamantes para o exterior, mas sua exposição com a gema apreendida provocou estranheza entre negociadores.

Segundo o Estado de Minas, a Diadel tentou na Justiça acesso ao processo administrativo da ANM, mas o pedido foi negado pela 14ª Vara Federal Cível de Minas Gerais. O caso também foi remetido ao Ministério Público Federal (MPF), que poderá avaliar se houve tentativa de sonegação fiscal diante da suspeita de venda por valor abaixo do mercado.

A Polícia Federal informou que não compartilha detalhes sobre investigações em andamento. A ANM, por sua vez, afirmou que acompanha o caso com rigor e dentro dos princípios administrativos.