Casa de empresário suspeito de comprar diamante gigante é alvo da PF

Polícia Federal também fez busca e apreensão em Coromandel e Nova Ponte; investigação apura desvio do diamante, que pode ter sido extraído em Araguari

, em Uberlândia

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A Polícia Federal (PF) cumpriu um mandado de busca e apreensão na residência do empresário Oswaldo Borges da Costa Netto, de 53 anos, conhecido como Wado Borges, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ele é investigado por supostamente ter adquirido um diamante de 646,78 quilates, o segundo maior já registrado no Brasil, avaliado em cerca de R$ 60 milhões.

A apreensão da pedra preciosa ocorreu no fim de agosto, em ação conjunta da PF com a Agência Nacional de Mineração (ANM), conforme revelou o Estado de Minas. A operação na casa de Wado Borges foi realizada na manhã do último dia 24, em um condomínio de luxo. O empresário não estava no local no momento da abordagem.

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Caso do diamante gigante
Polícia Federal investiga origem do segundo maior diamante do Brasil – Crédito: Redes Sociais/Divulgação

A PF também cumpriu dois mandados de busca e apreensão nas cidades de Coromandel e Nova Ponte, no Alto Paranaíba. O alvo em Coromandel seria um homem conhecido no mercado de pedras preciosas, suspeito de ter agido como intermediário no suposto furto do diamante.

Em Nova Ponte, o endereço vasculhado pelos policiais também é residencial. A cidade é a mesma de origem de garimpeiros que trabalham na mineração de diamantes do Rio Araguari.

A origem do segundo maior diamante do Brasil

A diamante gigante de quase 647 quilates começou a circular pelas redes sociais em junho deste ano. Na ocasião, acreditava-se que a pedra tinha sido encontrada no cascalho lavado de uma extração operada pela Diadel Mineração Ltda, no Rio Douradinho. A descoberta fica atrás apenas do diamante Getúlio Vargas, de 728,8 quilates, também extraído em Coromandel.

A venda do diamante teria ocorrido em 29 de maio de 2025, quando foi registrada no Relatório de Transações Comerciais (RTC) do Cadastro Nacional de Comércio de Diamantes (CNCD).

Em 27 de agosto, a pedra foi retira pela PF e ANM sob suspeitas de furto e desvio, no dia em que iria receber o último selo do Certificado do Processo Kimberley (CPK), documento que permite a exportação. A suspeita é de que o material tenha sido encontrado em Araguari, em uma extração legal pertencente à Carbono Mineração.

Wado Borges é tido como comprador da pedra. O comerciante de diamantes apareceu em diversas imagens nas redes sociais com o material em mãos, antes da apreensão. Não se sabe se o empresário teria atuado apenas como comprador ou se estaria envolvido na etapa anterior da operação, no suposto furto e desvio.

O Paranaíba Mais entrou em contato com as empresas mineiras Minasmáquinas e Forbi Holding, as quais Oswaldo Borges Netto é sócio, mas não conseguiu contato com Wado Borges.

Família do garimpeiro contesta as suspeitas

A família do garimpeiro responsável pela descoberta do diamante gigante em Coromandel contesta as suspeitas sobre a origem da gema. Em entrevista ao Paranaíba Mais, o filho do minerador, Régis França, afirma ter encontrado a pedra e disse que a denúncia teria sido motivada por uma desavença particular, e não pela procedência da peça.

“Essa denúncia foi feita para prejudicar o comprador, é um problema pessoal. Minha família sabe que estão agindo de má-fé e ele (o denunciante) vai ter que provar. Nós, que somos da família, sabemos a verdade”, afirmou.

Histórico dos envolvidos no caso do diamante

A Diadel tem como sócio-administrador Carlos César Manhas, 63 anos, ligado ao mercado internacional de diamantes. Ele já foi condenado em 2002 por receptação de pedras da Reserva Indígena Roosevelt, área de garimpo ilegal.

Oswaldo Netto,  conhecido como Wado Borges, por sua vez, é filho de Osvaldo Borges da Costa Filho, o “Osvaldinho”, ex-presidente da Codemig. O empresário construiu fama como intermediador de diamantes para o exterior, mas sua exposição com a gema apreendida provocou estranheza entre negociadores.

Segundo o Estado de Minas, a Diadel tentou na Justiça acesso ao processo administrativo da ANM, mas o pedido foi negado pela 14ª Vara Federal Cível de Minas Gerais. O caso também foi remetido ao Ministério Público Federal (MPF), que poderá avaliar se houve tentativa de sonegação fiscal diante da suspeita de venda por valor abaixo do mercado.

A Polícia Federal informou que não compartilha detalhes sobre investigações em andamento. A ANM, por sua vez, afirmou que acompanha o caso com rigor e dentro dos princípios administrativos.