Criptomoeda desaba após postagem de Milei, e presidente apaga publicação

Publicação de Milei impulsionou moeda digital, que depois despencou; opositores pedem impeachment

, em Uberlândia

A recente polêmica envolvendo o presidente da Argentina, Javier Milei, e a criptomoeda $Libra tem movimentado os mercados e gerado repercussão política. Na última sexta-feira (14), Milei publicou em sua conta pessoal no X uma mensagem elogiando o ativo digital e afirmando que ele incentivaria o crescimento econômico do país.

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Javier Milei
Publicação de Milei impulsionou moeda digital, que depois despencou; opositores pedem impeachment – Crédito: Reprodução Instagram Javier Milei/@javiermilei

O comentário provocou uma alta de destaque na valorização da moeda, que chegou a ser cotada a US$ 5, mas, poucas horas depois, sofreu uma brusca desvalorização, despencando para menos de US$ 1.

Diante da crise, Milei apagou sua postagem e negou qualquer envolvimento com a criptomoeda. “Eu não estava ciente dos detalhes do projeto e, quando descobri, decidi não continuar conferindo publicidade a ele”, justificou o presidente. No entanto, opositores alegam que a divulgação feita por ele contribuiu para que milhares de investidores fossem prejudicados.

A suspeita principal é de que tenha ocorrido uma manobra conhecida como “rug pull” ou “puxada de tapete”, em que um ativo digital é promovido para atrair investidores, e seus criadores retiram grandes quantias de dinheiro, fazendo com que a criptomoeda perca valor rapidamente.

Impacto político e investigações

O episódio gerou uma crise política sem precedentes desde o início do mandato de Milei. Setores da oposição protocolaram ações judiciais contra o presidente e alguns parlamentares passaram a defender um pedido de impeachment. “Esse escândalo nos envergonha internacionalmente e exige uma resposta institucional”, declarou o deputado Leandro Santoro.

A primeira denúncia criminal contra Milei foi apresentada por um grupo de advogados e políticos da oposição. A juíza federal María Romilda Servini, que agora conduz o caso, avaliará se o presidente cometeu fraudes e se houve violação da legislação de Ética Pública.

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O governo argentino, por sua vez, negou qualquer envolvimento de Milei na operação e anunciou a criação de uma força-tarefa para investigar as movimentações financeiras ligadas à $Libra. O Gabinete Anticorrupção também foi acionado para averiguar se houve conduta inadequada por parte de qualquer integrante do governo, incluindo o próprio presidente.

Histórico de envolvimento com criptoativos

Não é a primeira vez que Milei se envolve em controvérsias ligadas a criptomoedas. Em 2022, ele promoveu a plataforma CoinX, que posteriormente foi denunciada como um possível esquema de pirâmide. Além disso, o presidente já havia elogiado publicamente o token Vulcano, que também perdeu todo o valor após ser promovido por ele.

A atual crise levanta questionamentos sobre o papel do chefe de Estado na divulgação de ativos financeiros e os impactos que suas declarações podem ter sobre os mercados. A investigação em curso deve esclarecer se houve dolo ou negligência por parte do presidente e seus aliados.