Bastidores da maternidade ressignificam presença de mães atípicas no meio digital

Em entrevista especial de Dia das Mães ao Paranaíba Mais, Influenciadora Iara Amaral e a psicóloga Mariana Sotero Bonnás explicam impactos positivos de exposição das mães atípicas no meio digital

, em Uberlândia

-

Mães atípicas no meio digital é o tema da entrevista especial de Dia das Mães do Paranaíba Mais, com a influenciadora Iara Amaral e a psicóloga Mariana Sotero Bonnás, de Uberlândia. Juntas, elas analisam os reflexos da exposição da maternidade nas redes sociais — entre acolhimento, visibilidade e os desafios da superexposição.

Influenciadora Iara Amaral e a psicóloga Mariana Sotero Bonnás explicam impactos positivos de exposição das mães nas redes sociais
Influenciadora Iara Amaral e a psicóloga Mariana Sotero Bonnás explicam impactos positivos de exposição das mães atípicas no meio digital. Crédito: Reprodução/ TV Paranaíba

Com mais de 3 milhões de seguidores, Iara compartilha sua rotina como mãe do Gabriel e transforma sua experiência em rede de apoio virtual. Para a psicóloga Mariana, esse movimento revela um importante avanço na escuta social: “Quando uma mãe é ouvida, ela começa a se curar”.

A ascensão das chamadas mães digitais não é casual. Em um cenário social onde a solidão materna ainda é uma realidade silenciada, as redes sociais passaram a ser um importante espaço de escuta e visibilidade. Para a psicóloga Mariana Sotero Bonnás, autora do livro “Mães atípicas – A Maternidade Que Ninguém Vê”, o papel dessas influenciadoras vai muito além da produção de conteúdo: “Quando o conteúdo é honesto, diverso e responsável, ele pode acolher, representar e até salvar uma mãe do sentimento de inadequação.”

📲 Siga o canal de notícias do Paranaíba Mais no WhatsApp

Mães atípicas no meio digital

Formada em Psicologia pela PUCPR, residente em Uberlândia e com vasta atuação no suporte a mães de crianças com doenças raras, síndromes e transtornos do desenvolvimento, Mariana vê na internet uma aliada fundamental. “As redes sociais ampliaram a escuta das mães atípicas. Por muito tempo, essas mulheres ficaram invisíveis. Hoje, começam a ser vistas — e quando uma mãe é ouvida, ela começa a se curar.”

Segundo ela, no entanto, é preciso cuidado. A romantização da resiliência materna pode ser um peso invisível: “Idealizar essas mães é desumanizá-las. Toda mãe tem o direito de fraquejar, de pedir ajuda. Exaltar a força sem oferecer suporte contribui para a perpetuação do cansaço e da solidão.”

×

Leia Mais

A influência de Iara é exemplo do impacto positivo quando há responsabilidade emocional. Além de produzir vídeos com dicas e reflexões, ela também realiza mentorias e palestras, sempre com uma mensagem central: fé, autoestima e organização. “Se Deus te deu, Ele te capacita”, repete com frequência para suas seguidoras. “E eu venho sendo capacitada há 15 anos.”

Em entrevista exclusiva ao Portal Paranaíba, Iara afirma  “Nunca romantizei o autismo. Sempre falei das dificuldades, que é desafiador, sim. Mas que é possível conciliar e administrar.”

Mãe de um adolescente autista não verbal, Iara compartilha diariamente as rotinas com o filho, abordando desde terapias até questões delicadas como relacionamentos abusivos e abandono parental. “Antes de cuidar de alguém, você precisa estar bem consigo mesma. A maternidade atípica exige muita disposição, discernimento e paciência.”, diz a influenciadora, que, com seu conteúdo real, se tornou uma referência para milhares de mulheres que enfrentam jornadas semelhantes.

O sucesso de perfis como o de Iara reflete uma mudança de comportamento nas redes. As seguidoras buscam mais do que estética e lifestyle: querem espelhos, não moldes. Querem encontrar verdades, mesmo que desconfortáveis. E nesse cenário, as influenciadoras maternas têm mostrado que maternidade é, acima de tudo, luta e afeto compartilhado.

“Validar a dor, fortalecer os recursos internos e romper com o isolamento: é esse o tripé que deve nortear o conteúdo voltado às mães atípicas. Quando feito com responsabilidade, ele transforma vidas.”, aponta a especialista Mariana Bonnás.