Saneamento básico: o impacto da falta de infraestrutura na saúde pública e no meio ambiente
A falta de saneamento básico no Brasil é um problema estrutural que afeta milhões de pessoas, comprometendo a saúde pública e degradando o meio ambiente
A ausência de saneamento básico adequado é um dos desafios mais prementes enfrentados pelo Brasil, afetando diretamente a saúde pública e causando danos significativos ao meio ambiente.
A falta de acesso a serviços essenciais, como abastecimento de água potável e tratamento de esgoto, compromete a qualidade de vida da população e impõe elevados custos socioeconômicos ao país.

A realidade do saneamento básico no Brasil
Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) revelam que, em 2019, quase 35 milhões de brasileiros não tinham acesso à água tratada, enquanto aproximadamente 100 milhões estavam sem serviços de coleta de esgoto
Além disso, apenas 49% dos esgotos gerados no país eram devidamente tratados . Essa carência estrutural expõe a população a uma série de doenças de veiculação hídrica, resultando em milhares de internações e óbitos anualmente.
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Impactos na saúde pública
A relação entre a falta de saneamento básico e a incidência de doenças é evidente.
Em 2019, foram registradas 273.403 internações por doenças relacionadas à água contaminada, um aumento de 30 mil casos em comparação ao ano anterior.
Essas enfermidades resultaram em 2.734 mortes, representando uma média de 7,4 óbitos diários. Entre as principais doenças associadas estão diarreia, dengue, leptospirose, esquistossomose e malária.

O Atlas de Saneamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que, entre 2008 e 2019, as doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado foram responsáveis por cerca de 0,9% dos óbitos no país.
Nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, esses índices foram ainda mais elevados, atingindo 42,9% e 27,1%, respectivamente.
Consequências ambientais
Além dos impactos na saúde, a falta de saneamento básico provoca sérios danos ambientais.
O despejo de esgoto sem tratamento em rios e mares compromete a qualidade da água, afetando ecossistemas aquáticos e reduzindo a biodiversidade.
A poluição hídrica também prejudica atividades econômicas, como a pesca e o turismo, e aumenta os custos de tratamento da água para consumo humano.
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Desafios e perspectivas
O Novo Marco Legal do Saneamento, instituído pela Lei nº 14.026/2020, estabelece metas ambiciosas para universalizar os serviços de saneamento até 2033, visando alcançar 99% da população com acesso à água potável e 90% com coleta e tratamento de esgoto.
No entanto, para que esses objetivos sejam atingidos, é fundamental aumentar os investimentos no setor e promover parcerias entre os setores público e privado.
Estudos indicam que a universalização do saneamento poderia gerar uma economia significativa para o país. Entre 2021 e 2040, estima-se que a melhoria das condições de saúde resultaria em uma economia total de R$ 25,1 bilhões, representando um ganho anual de R$ 1,25 bilhão.
Investir na expansão e melhoria desses serviços é essencial para promover a qualidade de vida da população, preservar os recursos naturais e fomentar o desenvolvimento sustentável do país. A implementação eficaz de políticas públicas e o cumprimento das metas estabelecidas são passos fundamentais para superar esse desafio histórico.