Vítimas? Após indiciamento, Lucas Lucco e o pai afirmam que foram enganados
Lucas Lucco e o pai foram indiciados, junto a um falso advogado, por supostamente enganar um empresário em uma negociação de carros de luxo
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O cantor Lucas Lucco e o pai dele, Paulo Roberto de Oliveira, foram indiciados pela Polícia Civil de Goiás pelos crimes de estelionato, associação criminosa e falsidade ideológica. A investigação durou quatro meses e o caso foi descoberto após um empresário do ramo automobilístico procurar a polícia afirmando que foi vítima de um golpe pela dupla e um falso advogado, durante a negociação de um carro de luxo raro.
O indiciamento foi divulgado nesta quarta-feira (16), pelo delegado responsável pelo caso, Manoel Borges de Oliveira. O Paranaíba Mais teve acesso ao depoimento do cantor e de seu pai à polícia. Entenda o que diz a Polícia Civil, Lucas Lucco e seu pai.
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As investigações
Segundo o delegado, a negociação envolvia dois carros de luxo de Lucas Lucco, duas Porshe Panamera, em troca de um automóvel também de luxo e raro, uma Porshe GT4, que estava na posse do empresário que foi lesado. Toda a ação teve intermédio do falso advogado, que é ex-funcionário do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO).
No entanto, os dois veículos do cantor eram financiados e estavam sob alienação fiduciária – que é quando o carro é financiado e a dívida ainda não foi quitada, então o veículo pertence à instituição financeira em questão até ser quitado, apesar de estar em posse do comprador do carro.
As investigações apontaram que a vítima não sabia que os carros envolvidos na troca estavam em tal situação. O falso advogado fez um contrato de permuta – quando as partes legais concordam em trocar veículos entre si, sem a necessidade de envolver dinheiro como pagamento principal – entre ele, Lucas Lucco e o pai.
O ex-funcionário do TJGO atuou como permutante na negociação, mas a Porshe GT4 já estava sob posse do empresário. Segundo o delegado, este contrato foi feito sem o conhecimento da vítima. O cantor admitiu à Polícia Civil que o contrato de permuta existia, mas afirmou que avisou o falso advogado da situação de seus dois carros.
“Eles cometeram o crime de estelionato e de associação criminosa, porque eles se uniram em conluio para dar o golpe no empresário. E, depois de tudo isso, [cometeram] falsidade documental porque este contrato de permuta é falso, material e ideologicamente falso”, comentou o delegado Manoel Borges de Oliveira à TV Record, sobre a participação do cantor e do pai dele.
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Ainda conforme o delegado, após a negociação de troca, o falso advogado ainda deu um golpe no próprio Lucas Lucco e o pai, tomando o carro de luxo do empresário para si. O cantor ficou sem os seus dois carros, as Porshe Panamera, e o que receberia na troca.
“Ficou efetivamente comprovada esta situação. Ele [o falso advogado] conseguiu alterar o foro [jurisdição do caso] de Uberlândia para Goiânia. Entrou com a reintegração de posse junto a Justiça goiana e, para tanto, utilizando de um comprovante de pagamento de custos iniciais falsos, conseguiu uma liminar, e com essa liminar foi em São Paulo e tomou posse dessa Porsche GT4”, explicou o delegado.
A Polícia Civil pediu a prisão do falso advogado que, segundo o delegado, cometeu um crime contra a própria Justiça. Manoel Borges de Oliveira explicou que, neste caso, não cabe à Polícia Civil pedir a prisão de Lucas Lucco e o pai, mas que o caso segue aguardando desfecho judicial, e que ambos podem enfrentar penas restritivas de liberdade após o julgamento. No entanto, o cantor e o pai possuem ampla defesa como alternativa futura.
O que diz Lucas Lucco e o pai
O cantor afirmou em seu depoimento que conheceu o falso advogado em uma festa de fim de ano em Balneário Camboriú e que ele se apresentou como advogado. Eles ficaram próximos e, um dia, o falso advogado propôs para Lucas Lucco trocar seus dois carros de luxo em uma Porshe GT4.
“E aí, como sempre, eu fiz o combinado todo, e passei para o meu pai. Porque sempre essas coisas de carro, esses negócios assim, é meu pai que resolve”, ele disse.
Lucco afirmou que, um tempo depois, o falso advogado envolveu o empresário na negociação, e que ele não sabia qual era a relação dos dois. No depoimento, o cantor se mostrou confuso em relação à quem realmente estava em posse da Porshe GT4, se era o falso advogado ou o empresário: “Eu não sei que trem de rolo [eles fizeram] antes de mim, antes de eu chegar. Eu não sei qual é o tipo de amizade que eles têm. Eu não sei qual é o tipo de negócio que eles fizeram”.
“O cara tem as artimanhas. Ele está sempre de terno e armado. Então, assim, o cara quer passar a credibilidade instantânea. Não tem como você duvidar, entende?”, explicou Lucas Lucco sobre o falso advogado.
No depoimento, o cantor confirmou que se vê como uma vítima das ações do falso advogado e que ele o enganou. “O que me deixou muito chateado e o que sempre me deixou muito chateado neste sentido, é da gente criar uma amizade com a pessoa, ter uma empatia com a pessoa. Abrir as portas da casa da gente para a pessoa, querer ajudar”, comentou Lucas Lucco. O cantor também afirmou que não sabe onde se encontra a Porshe GT4 e as Porshe Panameras.
“A única coisa nisso tudo, é que eu estou levando um prejuízo de R$ 1 milhão, que foi o dinheiro que eu paguei na Panamera, para a loja de Goiânia. E eu nunca mais vi a Panamera, fiquei sem a GT4 […] e acabei ficando sem as Panameras também. […] Eu me sinto 1000% na posição de vítima”, o cantor finalizou.
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Paulo Roberto de Oliveira, pai de Lucas Lucco, também afirmou em seu depoimento que a negociação foi feita em um primeiro momento com o falso advogado, e que eles não sabiam que o carro de luxo já estava na posse da vítima. Segundo Paulo, o homem se apresentava como dono do veículo, e eles só conheceram o empresário cerca de 40 dias após o início da transação.
O pai também afirmou que quando conheceu o empresário, passou a negociar com ele, e que informou que precisava de cerca de dois a três meses para regularizar as Porshe Panameras para então entregá-las. “Então, em momento nenhum nós omitimos”, afirmou. Paulo também disse que entende que ele e o filho são vítimas do falso advogado.
Em nota, a assessoria jurídica do cantor se posicionou e afirmou que Lucco contribuiu para as investigações desde o início. O comunicado também relatou que Lucas Lucco e o pai foram vítimas de um golpe arquitetado pelo falso advogado. Confira a íntegra abaixo.
Nota da assessoria do cantor
“O cantor Lucas Lucco foi surpreendido na manhã desta quarta-feira com notícias de canais da imprensa de Goiânia/GO, no sentido de que ele e seu pai Paulo Roberto de Oliveira teriam sido indiciados por estelionato, falsidade ideológica e associação criminosa, num inquérito policial da 3ª Delegacia de Polícia Civil de Goiânia/GO.
A assessoria jurídica do cantor informa que, desde o início, contribuiu com investigações, apresentando à Autoridade Policial todas as provas no sentido de que Lucas Lucco e seu pai foram VÍTIMAS de um golpe arquitetado por Eliel Levistone Silva e Souza, numa permuta de veículos Porsche.
A partir do acesso que a assessoria jurídica do cantor teve ao relatório final do inquérito policial, informa-se, desde já, que Lucas Lucco e seu pai jamais participaram dos crimes perpetrados por Eliel Levistone Silva e Souza. Em verdade, Lucas Lucco e Paulo Roberto foram vítimas de Eliel que, apresentando-se como falso advogado, engendrou um plano criminoso fraudulento, incluindo falsificação de assinatura digital do cantor, falsificação de documentos perante a Justiça do Estado de Goiás e outros artifícios.
Lucas Lucco e seu pai sofreram grande PREJUÍZO financeiro após as manobras criminosas de Eliel, visto que, no momento, não estão na posse/propriedade de veículo algum.
Vale ressaltar que o caso, além de ser investigado em inquérito policial que tramita em Goiânia/GO, está sub judice em Vara Cível da Comarca de Uberlândia/MG, de forma que, após o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa, os fatos serão esclarecidos, comprovando-se que Lucas Lucco e seu pai estão na posição de vítimas de estelionato e outros crimes.
Esse o relato até o presente momento.”