Entre palcos e lutas: a história de Preta Gil, que morreu aos 50 anos
Filha de Gilberto Gil deixou legado na música, marcou gerações com sua autenticidade e talento
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A história de Preta Gil vai muito além do diagnóstico de câncer. A cantora deixou uma trajetória marcada por ousadia e determinação, seja nos palcos, nas telas, no carnaval nas redes ou na vida pessoal. Filha de Gilberto Gil, ela construiu seu próprio caminho na música, lançou álbuns marcantes, criou um dos maiores blocos carnavalescos do país e nunca teve medo de se expor, amar, errar, recomeçar, dizer o que pensa e enfrentar o que precisava.
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Desde que revelou o diagnóstico de câncer no intestino, em janeiro de 2023, Preta Gil optou por dividir cada etapa do tratamento com seus seguidores: da quimioterapia à radioterapia, da cirurgia de retirada de tumores à adaptação à bolsa de ileostomia. Sempre com franqueza, transformou dor em acolhimento e quebrou tabus. Em agosto de 2024, no dia em que completou 50 anos, lançou sua biografia Preta Gil – Os Primeiros 50, uma celebração da própria história.
A história de Preta Gil
Natural do Rio de Janeiro, Preta Maria Gadelha Gil Moreira nasceu em 1974. Estreou como cantora em 2003 com o polêmico disco Prêt-à-Porter, cuja capa trazia a artista nua. Desde então, passou a se destacar não apenas pela música, mas também pela forma destemida com que falava sobre o corpo, sexualidade e padrões.
Seu segundo álbum, Preta (2005), foi seguido de Noite Preta (2010), que virou festa e percorreu o país por sete anos. Em 2010, ela criou o Bloco da Preta, que virou fenômeno no carnaval do Rio. Em 2017, chegou a arrastar mais de 500 mil foliões pelas ruas com uma homenagem a Chacrinha.
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Preta Gil sempre misturou ritmos, ideias e vozes. No DVD Bloco da Preta, contou com participações de nomes como Ivete Sangalo, Lulu Santos, Anitta, Israel Novaes e Thiaguinho. Seu último disco de estúdio, Todas as Cores (2017), contou com colaborações de Marília Mendonça, Gal Costa e Pabllo Vittar. Em 2021, emocionou ao lançar Meu Xodó com o filho, Francisco Gil, que ela descreveu como sua força para seguir cantando.
Na televisão, atuou em novelas como Agora é que são elas, Caminhos do Coração e Os Mutantes. Também foi apresentadora e participou de programas e séries como Vai que Cola e Ó Paí, Ó. Fora dos palcos, Preta investiu como empresária: foi sócia da agência Mynd, que gerenciava carreiras de artistas como Luísa Sonza, Pabllo Vittar e Camilla de Lucas.
A cantora teve um único filho, Francisco, fruto do casamento com o ator Otávio Müller. Ela é avó de Sol de Maria, 9 anos.
Também ficou conhecida por suas relações afetivas públicas e pela franqueza com que falava de amor e separações, como a que teve com Rodrigo Godoy, em 2023, durante o tratamento oncológico.
Até seus últimos dias, ela não deixou de se posicionar, viver e inspirar. Quando os tumores reapareceram, no segundo semestre de 2024, Preta se internou nos Estados Unidos, onde continuou seu tratamento com terapias experimentais em Washington.
Sua morte deixa um vazio para os fãs, amigos, familiares e para a música brasileira, mas também deixa uma herança de força, autenticidade e arte que seguirão ecoando por muito tempo.