Nômade digital: jovem jornalista transforma trabalho CLT em estilo de vida dos sonhos

Com um notebook na mochila e o mundo como escritório, a jovem une trabalho remoto, liberdade geográfica e realização pessoal — mas alerta: a vida de nômade digital não é só glamour

, em Uberlândia

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Com pouco mais de 20 anos, uma jovem jornalista formada pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) está realizando um antigo sonho de trabalhar viajando pelo Brasil e, quem sabe, pelo mundo. Ela é uma das brasileiras que aderiram ao estilo de vida do nômade digital, um conceito que vem ganhando força entre os profissionais da nova geração.

Empregada há cerca de três anos em uma empresa de comunicação interna com sede em Florianópolis, Santa Catarina, a jovem decidiu trocar o tradicional home office por uma experiência mais livre: conectar-se de cafeterias, pousadas e até praias, sem um endereço fixo para chamar de lar. “A flexibilidade me dá paz. Posso produzir de onde quiser e, ao mesmo tempo, viver o sonho que sempre tive desde a faculdade”, afirma.

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Sarah vive a nova rotina como nômade digital há um mês. Crédito: Camila Moreira
Sarah vive a nova rotina como nômade digital há um mês. Crédito: Camila Moreira

O termo nômade digital se refere a profissionais que trabalham remotamente com o apoio da tecnologia — notebook, internet e celular — mas que escolhem viver em constante movimento. Diferente de quem atua em home office, esse grupo não tem um “canto” fixo: leva o trabalho consigo para onde for, tornando o mundo seu escritório.

Segundo uma pesquisa da plataforma FlexJobs, 85% dos millennials prefeririam trabalhar remotamente em tempo integral. O fenômeno é tão expressivo que já desperta interesse de sociólogos e antropólogos. Para muitos, o desejo de se tornar nômade digital tem raízes emocionais e culturais: busca por autonomia, ruptura com a rotina engessada e vontade de transformar o ordinário em extraordinário.

Entre a liberdade e os desafios

Embora o estilo de vida pareça ideal, há ressalvas. A jovem destaca que nem tudo são flores: manter uma rotina produtiva em locais diferentes, adaptar-se à internet instável de alguns lugares e lidar com a solidão são alguns dos desafios do dia a dia nômade.

Especialistas também alertam para questões legais e estruturais. Quando o profissional possui vínculo CLT, como é o caso da jovem, precisa seguir horários, metas e obrigações formais, mesmo que esteja fora do escritório. “É importante entender se você é autônomo ou funcionário regido pela CLT, porque isso define os direitos e deveres com a empresa”, explica Viviane Espíndola, advogada trabalhista.

Além disso, há impactos físicos e psicológicos que não devem ser ignorados. Alimentação irregular, ausência de uma base fixa para atividades rotineiras e distanciamento de familiares e amigos são fatores que podem pesar com o tempo. “A liberdade é encantadora, mas o preço pode ser a falta de enraizamento e de estabilidade emocional”, pontua Sebastião Vianney, um antropólogo e especialista em comportamento humano.

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Planejamento é essencial para ser nômade digital

A vida de nômade digital também tem seus desafios. Crédito: Sarah Aguiar
A vida de nômade digital também tem seus desafios. Crédito: Sarah Aguiar

Para quem deseja seguir o mesmo caminho, o conselho é claro: planejamento é indispensável. Conhecer a fundo o mercado de atuação, manter uma boa rede de contatos e não romantizar a rotina são passos essenciais. “Tem muito influenciador vendendo um estilo de vida que nem sempre condiz com a realidade. Tem trabalho duro por trás das fotos bonitas nas redes sociais”, ressalta a jovem.

Mesmo com os desafios, ela diz que está vivendo seu sonho — aquele que começou a se formar ainda na faculdade, quando acreditava que o jornalismo poderia levá-la a todos os cantos. E, de certa forma, está conseguindo exatamente isso.