Mulheres em Minas recebem cerca de R$ 1 mil a menos que homens, aponta relatório
Disparidade entre salários de homens e mulheres recua 0,61% no estado, segundo relatório, porém desigualdades raciais e hierárquicas continuam
Em Minas Gerais, a defasagem salarial entre homens e mulheres apresentou uma redução, segundo o 3º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios do Governo Federal. Desde setembro de 2024, a diferença caiu de 24,88% para 24,27%. Hoje, a média salarial de mulheres no Estado é de R$ 3.203,80, enquanto os homens recebem R$ 4.230,70. O Dia Internacional da Igualdade Salarial, comemorado em 18 de setembro, representa os esforços de longa data para alcançar a igualdade.
Durante a divulgação do relatório, o Governo Federal lançou o Guia para Negociação Coletiva da Lei de Igualdade Salarial e o Movimento pela Igualdade no Trabalho. A iniciativa visa apoiar empresas e sindicatos na promoção da equidade. A ação integra a Lei nº 14.611/2023, que obriga companhias com mais de 100 funcionários a adotar medidas como transparência salarial, canais de denúncia e programas de diversidade.
No Brasil, a diferença salarial subiu para 20,87%, alta de 0,18% em relação ao último levantamento. Além disso, o fator racial muda ainda mais o cenário. Mulheres negras recebem, em média, R$ 2.864,39, contra R$ 4.661,06 das não negras, uma diferença de 38%.
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Realidade mineira para mulheres negras
Em Minas Gerais, a desigualdade também é expressiva. Mulheres negras têm rendimento médio de R$ 2.704,82, enquanto as não negras recebem R$ 3.917,12, diferença de 30,9%. Apesar do cenário, houve avanço na participação das mulheres negras no mercado de trabalho: de 3,2 milhões para 3,8 milhões no país, crescimento de 18,2%.
O relatório ainda aponta queda no número de estabelecimentos com menos de 10% de mulheres negras, passando de 21.680 em 2023 para 20.452 em 2024. Outro dado considerado é o aumento de empresas onde a diferença salarial média entre homens e mulheres não ultrapassa 5%. Mesmo assim, os rendimentos femininos seguem inferiores: entre 2015 e 2024, a massa salarial das mulheres passou de 35,7% para apenas 37,4% do total nacional.
Mulheres em cargos de liderança
A desigualdade também se reflete nos cargos ocupados. Diretoras e gerentes recebem cerca de 73,2% do salário pago a homens na mesma função. Já as profissionais de nível superior alcançam 68,5% da remuneração masculina, enquanto as trabalhadoras de serviços administrativos chegam a receber 79,8%.
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Mulheres em Minas
De acordo com uma pesquisa, realizada com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a desigualdade salarial em Minas entre homens e mulheres esteve presente durante todo o período analisado, de 2022 a 2024. Em 2022, a diferença foi de 18,6%. No ano seguinte, houve uma redução para 13,11%. No entanto, em 2024, o índice voltou a crescer.
O estudo também evidenciou que, apesar do maior nível de qualificação educacional, as mulheres continuam sub-representadas em cargos de liderança e gestão, funções tradicionalmente mais bem remuneradas. Em contrapartida, concentram-se em áreas relacionadas ao cuidado, como saúde, ensino e gestão de pessoas — atividades que, historicamente, oferecem salários mais baixos.
Plano Nacional em vigor até 2027
O tema também está no centro do Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre Mulheres e Homens, vigente até 2027. A iniciativa, que reúne onze ministérios, busca garantir a permanência e a ascensão feminina no mercado de trabalho, além de combater a discriminação de gênero e raça no ambiente profissional.