Mercado de trabalho em Uberlândia: geração de empregos cresce, mas irregularidades persistem, segundo MPT
No segundo maior polo econômico de MG, crescimento vem acompanhado de denúncias e esforços por condições mais dignas
-
Celebrado nesta quinta-feira (1º), o dia do trabalho é uma data histórica que celebra as conquistas dos trabalhadores ao longo da história, principalmente a luta por melhores condições de trabalho e direitos sociais.
No que se diz respeito ao mercado de trabalho, Uberlândia vem se destaca como um dos principais polos econômicos do interior do Brasil e o segundo mais importante de Minas Gerais.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que a movimentação do emprego formal na cidade nos últimos 12 meses teve um saldo de 2.959 empregos formais, com destaque nos setores de Comércio (1.476 vagas) e Construção (1.173).
📲 Siga o canal de notícias do Paranaíba Mais no WhatsApp

Já no que se refere ao primeiro bimestre deste ano, há um saldo de 1.368 de vagas formais, isso somente em fevereiro — sendo as mulheres protagonistas, ocupando 1.106 destes postos de trabalho.
Contudo, a informalidade, a precarização e a falta de segurança no trabalho ainda são obstáculos a superar, identificados no dia a dia de muitos trabalhadores, nos diferentes setores.
Mercado em expansão, mas com ressalvas
Uberlândia consolidou-se como a 16ª cidade brasileira em geração de empregos em 2023, com 140.227 admissões, segundo o Caged.
Em 2024, o setor de Serviços liderou, impulsionado por microempresas e MEIs, enquanto a Construção e o Comércio também se destacaram. O salário médio de admissão em janeiro de 2025 atingiu R$ 2.092, um aumento de 1,2% em relação a dezembro de 2024. Apesar disso, a alta rotatividade, com trabalhadores sendo substituídos por outros com salários menores, limita o crescimento salarial.
Paulo Gonçalves Veloso, procurador do MPT em Uberlândia, destaca os desafios trabalhistas que acompanham esse crescimento.
“Um dos problemas mais recorrentes é a falta de formalização do contrato de trabalho, com empregadores deixando de registrar os trabalhadores na Carteira de Trabalho. Isso impede o acesso a direitos como FGTS, INSS, férias e 13º salário”, explica.
A informalidade, segundo ele, é especialmente preocupante nos setores de Construção Civil e Serviços, onde a fiscalização enfrenta dificuldades para atuar de forma abrangente.
Leia Mais
As correntes fiscalizações do MPT também revelam que Uberlândia enfrenta problemas semelhantes a outras cidades de porte similar, como Juiz de Fora e Montes Claros.
“Encontramos a ausência de gestão eficaz de segurança do trabalho e a falta de treinamento adequado para atividades de risco em todas essas cidades”, afirma Veloso.
Em Uberlândia, a Construção Civil é um dos setores mais problemáticos, com riscos de quedas, choques elétricos e soterramentos devido à negligência no fornecimento e uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
A legalização da terceirização irrestrita, implementada em 2017, agravou a precarização.
“As empresas contratantes frequentemente não assumem a responsabilidade pela segurança dos trabalhadores terceirizados, o que resulta em índices elevados de acidentes de trabalho”, observa o procurador.
A ausência de Programas de Gerenciamento de Riscos (PGR) e a falta de profissionais qualificados, como engenheiros de segurança, também são irregularidades comuns.

Um dos pontos mais graves levantados por Veloso é a persistência do trabalho análogo à escravidão no Triângulo Mineiro, especialmente em áreas rurais.
“Trabalhadores migrantes, muitas vezes do Norte e Nordeste, são atraídos por falsas promessas e acabam em condições degradantes, sem água potável, alimentação ou contrato formal”, relata.
O MPT tem intensificado fiscalizações, com operações integradas junto à Polícia Federal e à Defensoria Pública, resultando em resgates, multas e inclusão de empregadores na “lista suja”. Programas de reinserção também ajudam as vítimas a se reintegrarem ao mercado.
VEJA TAMBÉM: Minas Gerais lidera lista de empregadores que praticam trabalho escravo no Brasil
Boas iniciativas e oportunidades
Apesar dos desafios, há iniciativas positivas em Uberlândia que merecem destaque. Algumas empresas têm investido em treinamentos regulares e na contratação de técnicos de segurança do trabalho para implementar medidas preventivas.
“Empresas comprometidas promovem reuniões produtivas das CIPAs e realizam palestras educativas, como as do Abril Verde, para conscientizar sobre saúde e segurança”, destaca Veloso. O diálogo com sindicatos também tem fortalecido as boas práticas, promovendo ambientes mais seguros e respeitosos.
O Sine Municipal e programas como o Ônibus Meu Ofício têm ampliado o acesso à capacitação, enquanto eventos como o Mega Feirão de Empregos conectam trabalhadores a oportunidades.
Em 2025, o Sine divulgou também a retomada do programa para Jovem Aprendiz, em parceria com a Icasu. No geral, também são divulgadas quase que diariamente oportunidades para o público no geral. Anda nesta semana, foram divulgadas cerca de 3 mil vagas de emprego, em diferentes setores.
Mariana Silva, de 24 anos, é um exemplo do significado do Sine para aqueles que buscam reingressar no mercado de trabalho.
“Estava desempregada há quase um ano, morando com meus pais e com as contas apertando. Precisei procurar o Sine, já que já tem uma lista com tudo que tem disponível no momento. Lá me auxiliaram e me inscrevi para uma vaga de auxiliar administrativa. Fui contratada em uma semana. Foi um recomeço para mim”, comemora.

Assegurando os direitos
O Ministério do Trabalho reforça a importância de os trabalhadores denunciarem irregularidades por meio de canais como o Disque 100 e o site do Ministério do Trabalho.
Como diz Veloso, “a denúncia é um ato de cidadania que fortalece o mercado e constrói relações mais justas”, finaliza.
Canais de denúncia:
- Gerência Regional do Trabalho: (34) 3227-0857 / 3227-0698
- Disque 100
- Site do Ministério do Trabalho
- Sistema IPE (trabalho escravo)