Juros baixo? Crédito do Trabalhador divide opiniões, mas movimenta R$ 40 milhões em simulações

Novo programa lançado na sexta (21) permite empréstimo juntamente da empresa privada, com desconto direto em folha de pagamento e uso do FGTS como garantia

, em Uberlândia

Lançado na sexta-feira (21) pelo governo federal, o Crédito do Trabalhador, nova modalidade de empréstimo consignado para trabalhadores com carteira assinada (CLT), já divide opiniões.  Enquanto alguns celebram a promessa de juros mais baixos para aliviar dívidas, outros temem que o programa, acessível a 47 milhões de trabalhadores formais, seja um incentivo ao endividamento.

Em apenas três dias, entre 6h de sexta e 18h de domingo (23), a Carteira de Trabalho Digital (CTPS Digital) registrou 40.180.384 simulações, 4.501.280 propostas e 11.032 contratos, segundo a Dataprev, em um volume 12 vezes acima da média semanal dos últimos três meses.

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 Trabalhadores formais já realizaram 11 mil contratos pelo Crédito do Trabalhador
Trabalhadores formais já realizaram 11 mil contratos pelo Crédito do Trabalhador – Crédito: Kauê Altrão

A Medida Provisória nº 1.292, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 12 de março, permite que trabalhadores — incluindo domésticos, rurais e empregados de MEIs — solicitem crédito com desconto em folha, limitado a 35% do salário, e usem até 10% do saldo do FGTS como garantia.

O ministro Luiz Marinho, do Trabalho e Emprego, pediu calma aos interessados: “Esperem 24 horas, analisem as propostas e escolham a de menor juro.”

A expectativa é que as taxas caiam de 103% para cerca de 40% ao ano, mas o programa, que começou com força — 29,3 milhões de simulações só no primeiro dia —, já enfrenta um debate acalorado.

VEJA TAMBÉM: Nova linha de crédito consignado para trabalhadores formais entra em vigor

Balanço inicial

Nas primeiras horas, o sistema foi testado em larga escala. Até sábado (22) às 18h, eram 29,3 milhões de simulações, número que subiu para 40,1 milhões no domingo (23), com 11 mil contratos fechados.

O acesso exclusivo pela CTPS Digital, que integra eSocial e FGTS Digital, facilitou o processo, mas a partir de 25 de abril os bancos também poderão oferecer o crédito em suas plataformas. Para especialistas, o volume reflete tanto a demanda por crédito quanto a curiosidade inicial, mas o sucesso dependerá das taxas efetivamente praticadas.

Nas redes sociais, o programa polariza. Alguns trabalhadores veem uma oportunidade de sair de dívidas caras:

Crédito: X/ Reprodução

Por outro lado, há quem critique o risco de endividamento e o uso do FGTS:

Crédito: X/ Reprodução

A divisão reflete o dilema: o consignado pode ser uma ferramenta de alívio financeiro ou uma armadilha para trabalhadores já pressionados. O governo afirma que o programa dinamiza a economia e reduz o superendividamento, mas críticos alertam que, sem educação financeira, o acesso facilitado ao crédito pode agravar a situação de quem já luta para pagar as contas.

Com sete dias para desistir e devolver o valor, o trabalhador tem uma margem de segurança, mas o impacto real só será conhecido com o tempo — e os juros praticados.