Guerra no Oriente Médio: saiba como o conflito entre Irã e Israel pode afetar o Brasil
Embora geograficamente distante, o país pode sentir rapidamente diversos impactos dessa crise, com reflexo direto nos preços dos combustíveis, transporte e alimentos
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Com a escalada do conflito entre Irã e Israel, cresce a preocupação mundial com impactos, inclusive no Brasil. A disputa tem potencial para afetar diversas áreas, como segurança internacional, diplomacia e relações exteriores. A maior ameaça no momento é o possível fechamento do Estreito de Ormuz, rota por onde passa cerca de 30% do petróleo mundial. Caso isso se concretize, pode haver desabastecimento global de petróleo e disparada nos preços dos combustíveis, afetando diretamente a economia brasileira e o bolso dos consumidores.

Desde que o Irã ameaçou fechar o Estreito de Ormuz, como resposta a uma possível intervenção dos Estados Unidos, cresce o temor de que o embate ultrapasse fronteiras e envolva outras nações. O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) acompanha com atenção os desdobramentos. O preço do petróleo tipo Brent, referência internacional, subiu quase 30% nas últimas duas semanas, chegando perto dos 80 dólares por barril, o maior valor do ano.
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Para o Brasil, essa alta repentina tem impactos diretos. O país, embora tenha produção própria de petróleo pela Petrobras, ainda depende da importação para atender a demanda interna, especialmente em derivados como gasolina e diesel.
A possibilidade de desabastecimento parcial e o aumento dos preços dos combustíveis já acendem o alerta para consumidores e setor produtivo.
Em nota oficial, o governo brasileiro condenou os ataques e expressou, “o governo brasileiro expressa firme condenação e acompanha com forte preocupação a ofensiva aérea israelense lançada na última madrugada contra o Irã, em clara violação à soberania desse país e ao direito internacional”., diz o comunicado.
Brasileiros na região
O clima de insegurança tem afetado diretamente brasileiros que vivem ou estão em viagem por Israel e países vizinhos. A Embaixada do Brasil em Tel Aviv já emitiu alertas reforçando que todos devem seguir as orientações das autoridades locais, procurar abrigos em caso de ataques e manter contato constante com a representação brasileira.
O Brasil também se manifestou sobre um problema pontual causado pelo conflito entre Israel e Irã: a presença em Israel de duas comitivas com autoridades estaduais e municipais que participavam de uma feira de tecnologia e segurança a convite do governo israelense. Os gestores publicos devem embarcar de volta ao Brasil na tarde desta sexta-feira (20).
As delegações, que incluíam o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), e de João Pessoa, Cícero Lucena (Progressistas), precisaram se abrigar em bunkers subterrâneos quando o conflito eclodiu.
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Ameaça nuclear em conflito entre Irã e Israel
Um dos fatores que mais preocupam a comunidade internacional é o risco de que o conflito escale para o uso de armas nucleares. Esses dispositivos explosivos, que funcionam por meio de reações de fissão ou fusão nuclear, destruíram completamente, no passado, cidades como Hiroshima e Nagasaki, no Japão, causando a morte de centenas de milhares de pessoas.
A tensão aumentou após o Irã anunciar a construção de uma terceira instalação para enriquecimento de urânio, em resposta à censura da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Apesar dos temores, especialistas garantem que, fisicamente, uma eventual explosão nuclear na região não afetaria diretamente o Brasil.
Isso porque uma barreira atmosférica natural impede que partículas radioativas do Hemisfério Norte cruzem para o Hemisfério Sul. No entanto, os efeitos políticos e diplomáticos seriam devastadores em escala mundial.
A principal razão da rivalidade entre os dois países é justamente a posse e o uso de material nuclear no Oriente Médio. Há mais de três décadas, Israel acusa o Irã de desenvolver armas atômicas, o que violaria o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), firmado em 1970 e ratificado por 191 nações.
Diplomacia brasileira em alerta
O conflito também desafia a diplomacia brasileira, que mantém relações com os dois lados da disputa. O Brasil historicamente defende soluções pacíficas, o diálogo e o respeito às resoluções da ONU.
“Esse tipo de conflito testa os limites da mediação internacional. Uma escalada bélica pode desestabilizar não apenas o Oriente Médio, mas criar impactos humanitários, migratórios e de segurança global”, avalia o professor de Relações Internacionais Leonardo Trevisan.
Risco de guerra ampliada
O confronto aéreo entre Israel e Irã completa sua segunda semana nesta sexta-feira (20), enquanto autoridades europeias buscam negociar o retorno do Irã ao diálogo diplomático, após o presidente Donald Trump anunciar que decidirá nas próximas duas semanas sobre a participação direta dos Estados Unidos no conflito entre as duas nações.
Autoridades internacionais tentam evitar que o conflito se transforme em uma guerra aberta que envolva não apenas Israel e Irã, mas também aliados como Estados Unidos, países da OTAN e potências regionais. O temor é que o cenário avance para ataques coordenados, bloqueios e intervenções militares que possam se espalhar para outros territórios.