Alckmin vai ao México para ampliar comércio e driblar tarifaço dos EUA
Viagem busca estreitar laços com um dos maiores mercados da América Latina; tarifa de 50% dos EUA pressiona Brasil a diversificar parceiros
O vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio Exterior, Geraldo Alckmin (PSB), embarca nesta terça-feira (27) para o México em uma missão que vai além da diplomacia de praxe. Com o objetivo de fortalecer a parceria entre as duas maiores economias da América Latina e buscar alternativas para reduzir os efeitos do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos da América (EUA) a produtos brasileiros.
Ao lado de Simone Tebet, ministra do Ministério do Planejamento e Orçamento, e de uma comitiva de empresários, Alckmin terá encontros com a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, e pretende ampliar a pauta exportadora, com foco em carne, biocombustíveis, energia e agroindústria. A visita, que vai até quarta-feira (28), também reaviva o debate sobre o potencial de Brasil e México como aliados estratégicos em meio ao protecionismo norte-americano.

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A viagem ocorre em um momento de pressão para o governo brasileiro. Desde julho, quando o governo de Donald Trump anunciou a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, setores como o de aço, carne e celulose sofreram impacto direto. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a medida pode representar uma perda de até US$ 3 bilhões em exportações até o fim de 2025.
O México desponta como uma alternativa viável para mitigar essas perdas. Hoje, é o segundo maior parceiro comercial do Brasil na América Latina, com um fluxo de exportações que ultrapassa US$ 10 bilhões anuais. Entre os produtos com maior potencial de crescimento estão as carnes bovina e de frango, etanol, biocombustíveis e tecnologia de energia limpa.
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A agenda de Alckmin inclui ainda a assinatura de memorandos de entendimento para ampliar o intercâmbio acadêmico e tecnológico e rodadas de negociações para reduzir barreiras tarifárias. A expectativa do governo é que as conversas resultem em um acordo para facilitar o acesso a mercados e aumentar a competitividade das empresas brasileiras.
Historicamente, Brasil e México mantêm relações comerciais relevantes, mas marcadas por desafios. Em 2023, os dois países retomaram negociações para ampliar o Acordo de Complementação Econômica (ACE-53), que pode abrir caminho para novos fluxos de investimento. Com o tarifaço norte-americano, esse movimento ganha urgência e reforça a necessidade de diversificar parceiros.
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Relembre o tarifaço dos EUA
- Em julho, Donald Trump anunciou a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, atingindo setores como aço, carne e celulose;
- A medida foi uma reação a atritos políticos e decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) contra plataformas digitais americanas;
- Governo Lula busca reduzir tarifas via negociação direta e abrir novos mercados para compensar perdas.