Teatro Municipal de Uberlândia: onde a arquitetura de Niemeyer abraça a encenação
Conheça a grandiosidade artística do Teatro Municipal de Uberlândia, obra de Oscar Niemeyer
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Nesta quinta-feira (27), o mundo celebra o Dia Internacional do Teatro. Em Uberlândia, a data tem um significado especial: o Teatro Municipal, desenhado pelas mãos de Oscar Niemeyer em 1989 e inaugurado em 20 de dezembro de 2012. Na Avenida Rondon Pacheco, o edifício abriga 781 poltronas, mas sua magia vai além dos assentos.
O palco é reversível, sendo possível alternar entre intimidade interna e grandiosidade ao ar livre. Na configuração externa, o espaço se expande para um anfiteatro capaz de receber até 20 mil espectadores, abraçando desde orquestras até performances circenses.

Sob o teto de concreto, a tecnologia trabalha discretamente. Luzes e sons se harmonizam em sistemas precisos, enquanto um elevador ajusta a altura da orquestra como um palco dentro do palco. A plateia, inclinada estrategicamente, e uma parede adicional garantem que cada olhar encontre o espetáculo sem obstáculos – muitas vezes, até sem a mediação de microfones.
A secretária Municipal de Cultura e Turismo, Mônica Debs, conta, em registros feitos pela prefeitura de Uberlândia, a importância do teatro. “Espaço sem regras. Espaço onde a liberdade da criação pode ganhar asas. Dentro das suas curvas, suas poltronas vermelhas e cortinas de mesmo tom, é um espaço que traz para o público de Uberlândia e região algo extremamente diferenciado”.
Mônica Debs ressalta ainda que antigamente era um sonho, hoje é uma realidade. “O nosso teatro insere Uberlândia como um dos grandes palcos do nosso interior mineiro e do Brasil. É um espaço que aflora a sensibilidade tanto de espectadores quanto de artistas, trazendo e dando oportunidade para que as pessoas conheçam e possam usufruir de espetáculos de pequeno e médio porte, tanto locais como internacionais”, disse.

O legado de Oscar Niemeyer
Oscar Niemeyer (1907-2012) não foi apenas um arquiteto. Nascido no Rio de Janeiro, ele revolucionou a arquitetura moderna ao transformar o concreto armado em curvas sensuais, desafiando a rigidez das linhas retas. Sua obra é marcada por uma busca pela beleza orgânica, inspirada nas montanhas e rios do Brasil.
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Formado na Escola Nacional de Belas Artes em 1934, Niemeyer ganhou destaque ao trabalhar com Lúcio Costa no projeto do Ministério da Educação e Saúde (1936), no Rio – considerado o primeiro arranha-céu modernista das Américas. Mas foi em Brasília, a capital planejada no coração do país, que seu gênio se consagrou. Projetos como o Congresso Nacional, a Catedral de Brasília e o Palácio da Alvorada sintetizam sua visão: edifícios que parecem flutuar, com colunas finas e estruturas que brincam com a gravidade.
Além de Brasília, seu trabalho se espalhou pelo mundo. Na França, projetou a sede do Partido Comunista Francês (1965); na Itália, a Mondadori Editorial (1968); e na Argélia, a Universidade de Constantine (1969). Mesmo após os 100 anos de idade, continuou criando – como o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (1996), uma de suas obras mais icônicas, que parece pairar sobre a Baía de Guanabara.
Niemeyer também deixou sua marca em Minas Gerais. Além do Teatro Municipal de Uberlândia, projetou o Centro Administrativo de Belo Horizonte (2010) e o Museu de Arte da Pampulha (1943), parte do conjunto que ajudou a definir o modernismo brasileiro.