‘Não é só uma boneca’; artistas mineiras explicam impactos dos bebês reborn

Artistas Silvana, de Araguari, e Maria Luiza, de Uberlândia, ajudaram a difundir a arte, que hoje viraliza nas redes sociais e conquista famosos como Nicole Bahls e Jojo Todynho

, em Uberlândia

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O impacto dos bebês reborn ultrapassa a aparência realista, eles simulam recém-nascidos e despertam emoções de um público diverso. O que era um nicho artesanal virou tendência terapêutica e cultural, ganhando força nas redes sociais e entre famosos como Nicole Bahls e Jojo Todynho. Em Minas Gerais, as artistas Silvana Soares, de Araguari, e Maria Luiza Sena Soares, de Uberlândia, ajudaram a difundir a arte, que hoje está presente em clínicas, memoriais e maternidades cenográficas.

Bonecas realistas
Bonecas realistas dominam as redes sociais e artista Silvana explica impactos dos bebês reborn. Crédito: Divulgação/ Silvana Soares

Criada nos anos 1990 nos Estados Unidos, a arte do “reborning” consiste em transformar bonecas comuns em réplicas minuciosas de bebês reais. E esse mercado não para de crescer. No Brasil, há lojas que faturam até R$ 40 mil por mês com a venda desses bonecos, que podem chegar a custar mais de R$ 5 mil dependendo do nível de detalhamento, cabelo implantado fio a fio e acessórios como chupetas magnéticas e certidões de nascimento fictícias.

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Impactos dos bebês reborn no luto e terapias

Para muitas pessoas, o reborn vai além de um brinquedo, ele representa cura. É o caso da artesã Silvana Soares de 53 anos, residente de Araguari, que entrou nesse universo em meados de 2015 após a frustração da filha com um modelo de má qualidade comprado online. Com dedicação, Silvana aprendeu a técnica e hoje mantém um berçário próprio, recebendo visitantes e clientes de várias idades — de crianças a senhoras em busca de companhia.

“Faço reborns para uso terapêutico, inclusive para pessoas com Alzheimer em estágio inicial. Eles ajudam no emocional, trazem conforto, memória afetiva”, conta.

Uma de suas histórias mais marcantes foi a entrega de um bebê reborn para Antoniette, uma criança com câncer ocular. “Ela retirou os óculos escuros para olhar a boneca e a abraçou com tanto amor… não dá pra colocar em palavras. Hoje, ela já não está entre nós, mas a mãe guarda a boneca como lembrança mais feliz”, relembra, emocionada.

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As bonecas podem ser feitas com características únicas. “Temos reborns com traços específicos, como síndrome de Down, marcas de nascença e até versões inspiradas em personagens, como Avatar. É uma arte personalizada”, explica Silvana.

bebês reborn
Bebês reborn ganham destaque nas redes e artista Silvana comenta os efeitos dos bebês reborn. Crédito: Divulgação / Silvana Soares

Sucesso na internet e preços elevados

Vídeos que simulam partos, ensaios newborn e até “consultas pediátricas” com reborns somam milhões de visualizações. A influenciadora Carol Sweet, por exemplo, viralizou ao simular um parto cenográfico de reborn com bolsa amniótica falsa e cordão umbilical, em uma performance que ultrapassou 3,6 milhões de visualizações. Jojo Todynho também brincou com a tendência, ao fingir estar “grávida” de uma dessas bonecas para pregar uma peça no namorado.

 influenciadora Carol Sweet encenando um parto cenográfico com um bebê reborn
A influenciadora Carol Sweet viralizou nas redes ao encenar um parto cenográfico com um bebê reborn. Crédito: Reprodução / Carol Sweet

A onda também impulsiona negócios físicos e encontros de fãs. Em Belo Horizonte, uma loja que simula uma maternidade vende até 30 unidades por mês, número que pode triplicar em datas como o Natal, movimentando R$ 40 mil/mês.

Maria Luiza Sena Soares, de 54 anos, diz ter sido pioneira em trazer a arte reborn para Uberlândia. “Na época, era tudo vinil. Hoje, os bebês são siliconados, super realistas, e até podem tomar banho. Mas o custo subiu tanto que precisei parar de produzir”, revela.

A produção de um único reborn pode levar de 45 a 60 dias, dependendo da complexidade. Os preços variam entre R$ 900 e R$ 5 mil — ou mais, nos modelos toddler, que simulam crianças de até 6 anos. Algumas artistas brasileiras como Silvana de Araguari, já enviaram suas obras para Portugal e Suíça.

Entre preconceitos e reconhecimento

Apesar do sucesso, quem trabalha com reborns ainda enfrenta preconceito. “Já fui chamada de doida por sair com minhas bebês. Em cidades pequenas é mais difícil, mas nas capitais há eventos e reconhecimento. O que muitos não entendem é que isso vai além da aparência: é sobre sentimentos, memória, empatia”, afirma Silvana.

Artista de Araguari e bebê reborn artístico inspirado no universo de Avatar
Artista de Araguari cria bebês reborn artísticos inspirados no universo de Avatar.Crédito: Divulgação / Silvana Soares

Ela resume com uma frase o que define o impacto dos reborns:“Eles emocionam quem faz, encantam quem recebe.”