Maternidade após 40: escolha cresce no Brasil e desafia tabus no Dia das Mães
Para entender melhor esse fenômeno, o Portal Paranaíba conversou com a ginecologista e obstetra Dra. Carla Barreto, especialista em menopausa em Uberlândia
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Na última década, o número de mulheres que decidem ser mães após os 40 anos tem crescido no Brasil e no mundo. Famosas brasileiras também estão entre as que decidiram viver a maternidade de forma mais madura. Para entender melhor esse fenômeno, o Portal Paranaíba conversou com a ginecologista e obstetra Dra. Carla Barreto, especialista em menopausa em Uberlândia.

Nos últimos anos, o Brasil tem registrado um aumento significativo no número de mulheres que se tornam mães após os 40 anos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2003 e 2022, o número de partos em mulheres com 40 anos ou mais cresceu 83%, passando de 57.983 para 106.263 nascimentos.
A mudança é visível nas salas de espera de pediatras, nas reuniões escolares e até nas redes sociais. As chamadas “mães maduras” estão ocupando espaço e abrindo caminhos para novas formas de viver a maternidade.
“As mulheres estão mais preparadas, emocionalmente e financeiramente, e a medicina está aí para apoiar quem deseja ser mãe mais tarde”, afirma a médica Carla Barrto. Segundo ela, a maternidade tardia não só é possível, como pode ser uma experiência saudável.
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Avanços da medicina e novas possibilidades
O congelamento de óvulos, a fertilização in vitro (FIV) e outras técnicas de reprodução assistida têm possibilitado que cada vez mais mulheres realizem o sonho de ser mães fora do “prazo ideal” estabelecido pela biologia.
“A idade média das pacientes que buscam tratamentos de reprodução assistida no Brasil é de 38 anos. E hoje, com planejamento e acompanhamento médico, é possível engravidar com mais de 40 com segurança”, explica Dra. Carla.
Segundo ela, apesar de haver riscos maiores — como hipertensão, diabetes gestacional e chances de parto prematuro —, tudo pode ser controlado com uma boa assistência médica. “Mais importante do que a idade é a saúde da mulher naquele momento.”
Para quem deseja adiar a maternidade, Dra. Carla recomenda o congelamento de óvulos, de preferência antes dos 35 anos. Mas reforça: “O mais importante é que essa seja uma escolha consciente, feita com apoio médico e sem culpa.”
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Estilo de vida importa na maternidade após 40
De acordo com a médica, manter uma rotina saudável é essencial: alimentação equilibrada, sono de qualidade, exercícios físicos e controle do estresse fazem toda a diferença.
“O corpo da mulher responde com muito carinho quando é bem cuidado”, resume. Além disso, hábitos como tabagismo, álcool em excesso e automedicação devem ser evitados, especialmente por quem deseja engravidar após os 35 anos, fase em que a fertilidade começa a cair com mais intensidade.
Famosas também mostram que é possível
As celebridades brasileiras têm ajudado a dar visibilidade ao tema e a quebrar preconceitos. Recentemente, a modelo Gisele Bündchen, de 44 anos, anunciou a segunda gravidez, fruto do relacionamento com Joaquim Valente. A apresentadora Sabrina Sato, aos 43, também espera seu segundo filho.
A cantora Ivete Sangalo teve as gêmeas Marina e Helena aos 45 anos, e a atriz Claudia Raia surpreendeu o país ao dar à luz Enzo aos 56 anos, por meio de fertilização in vitro.
Preconceitos enfrentado
Apesar dos avanços, o julgamento social ainda pesa. “Ainda escutamos frases como ‘esperou demais’ ou ‘vai ser avó e mãe ao mesmo tempo’. Isso machuca”, afirma a ginecologista. “Cada mulher tem seu tempo. A maternidade não tem idade certa: ela acontece quando a mulher está pronta”, conclui Dra. Carla.